Os comboios estão totalmente parados porque o Governo negociou com os sindicatos e dois dias depois disse que não ia cumprir nada do que negociou. Mais transparente não há. Montenegro conseguiu o pleno, juntar todos os sindicatos, todas as profissões da ferrovia porque andou a gozar com quem trabalha. O Governo diz que a culpa é de estar em gestão, mas os governos podem legislar em gestão e este legislou. Montenegro aprovou, já em gestão, investimento em milhões, nomeadamente no Plano Nacional Ferroviário, nomeou novos dirigentes, anunciou a deportação - palavra impronunciável - de trabalhadores. Os trabalhadores da ferrovia não aceitaram a imposição de um aumento inferior ao salário mínimo, depois houve nova negociação, chegaram a um acordo, e dois dias depois o Governo diz que não aceita o que tinha assinado. A greve geral da ferrovia foi a resposta, mostrando quem é essencial ao país - quem trabalha. Um dos escribas do status quo, João Miguel Tavares, deixou uma ideia no Público, da Sonae, proibir a greve no sector público. Este é o calibre democrático deste projecto político - ganhem mal, mentimos, e logo a seguir proibimos que se manifestem. Eis o projecto político das classes dirigentes portuguesas.
A ferrovia em Portugal foi preterida às PPPs nas auto-estradas, o comboio - o meio mais seguro, confortável e ecológico - é desprezado, a CP abre concursos e não consegue ter trabalhadores, até o anúncio da alta velocidade é uma incógnita para financiar a Banca porque o PRR só dá uma ínfima parte - e é com dívida; nem de Lisboa a Caldas da Rainha se consegue ir em menos de 2 horas; os trabalhadores fazem turnos atrás de turnos, adoecem a trabalhar e trazem para casa pouco mais do que o salário mínimo.
Disseram e bem que não aceitam aumentos inferiores ao salário mínimo. Todo o jogo deste e dos Governos desde a Troika é aumentar o salário mínimo e não aumentar o médio, de tal forma que dentro de pouco tempo - se não se seguir o exemplo destas greves sérias - todos estaremos a ganhar o salário mínimo. Por isso, estes trabalhadores hoje representam-nos a todos. Contra viver com o mínimo, por uma ferrovia decente, que nos transporte com conforto. Um país que pensa nas pessoas.
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