“A partir de hoje, o Gabinete Federal para a Proteção da Constituição (BfV) classificou a Alternativa para a Alemanha [AfD] como uma organização extremista de direita, devido ao caráter do partido, que desrespeita a dignidade humana”. A decisão foi anunciada num comunicado publicado esta sexta-feira no site oficial deste serviço de informação, que tem por base um relatório final com cerca de 1.100 páginas.
A conclusão é que a AfD é um partido racista e anti-islâmico. “O conceito de população que prevalece no partido, com base na etnia e descendência, não é compatível com a ordem básica democrática livre”, argumenta o BfV.
E acrescenta que o objetivo da AfD “é excluir certos grupos de uma participação igualitária na sociedade, expô-los a um tratamento desigual que não está em consonância com a Constituição”. “A AfD não considera os cidadãos alemães com um história de migração vinda de países muçulmanos, por exemplo, como pessoas pertencentes à Alemanha”, lê-se.
Segundo o serviço secreto alemão, é possível verificar a posição de extrema-direita que o apelido adota “no grande número de declarações anti-estrangeiros, anti-minorias, anti-islão e anti-muçulmanos que são proferidas pelos principais membros do partido”. E no uso “generalizado” de termos como “migrantes que empunham facas”. A postura adotada pelos membros deste partido, dizem as secretas, “agrava preconceitos, ressentimentos e medos em relação a determinados grupo de pessoas”.
Agora, com esta classificação oficial, a Alemanha pode levar a cabo uma maior vigilância deste partido e dos seus membros. Além disso, segundo a agência Reuters, a decisão pode pôr em risco o financiamento da AfD.
Mas afinal, como se chegou a esta conclusão? De acordo com o comunicado, foi levada a cabo uma “análise intensiva e exaustiva” ao partido durante três anos. “O BfV avaliou as ações do partido [AfD] à luz dos princípios básicos da Constituição: a dignidade humana, o princípio da democracia e o Estado de direito”.
“Para além do programa [do partido] e das declarações feitas pelo menos, foram também analisadas as declarações e outros comportamentos dos seus membros, assim como a ligação destes a grupos de extrema-direita”, lê-se no comunicado. Segundo o serviço secreto também foram analisadas “as ações da AfD na campanha eleitoral das três últimas eleições” e a “reestruturação da relação entre a AfD e a Junge Alternative [Alternativa Jovem para a Alemanha, em português, uma organização juvenil considerada de extrema-direita]”.
Em reação à decisão anunciada pelo serviço secreto alemão, a AfD disse em comunicado que se trata apenas de uma tentativa de manchar o partido e de o desacreditar. “A AfD vai continuar a tomar medidas legais contra estes ataques difamatórios que põem em perigo a democracia”, garantiram os líderes Alice Weidel e Tino Chrupalla, num comunicado citado pela agência Reuters.
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