O governo da França irá proibir que as alunas de escolas do país usem a abaya, túnica comum em países do Norte da África e árabes, anunciou neste domingo o ministro da Educação francês, Gabriel Attal.
“Não será mais possível usar abaya na escola”, declarou Attal em entrevista ao canal de TV TF1, na qual considerou que a vestimenta vai de encontro às normas estritas de laicidade no ensino francês.
A abaya cobre o corpo e deixa de fora rosto, mãos e pés. Seu uso por adolescentes gerou polémica na França, sobretudo devido a críticas da direita.
“Quando o aluno entra numa sala de aula, não se deve poder identificar a sua religião ao olhar para ele”, disse o ministro.
Há relatos sobre o aumento do uso de "abayas" nos estabelecimentos de ensino, bem como das tensões dentro da escola sobre a questão entre professores e pais. O debate intensificou-se desde que um refugiado checheno radicalizado decapitou o professor Samuel Paty, que tinha mostrado aos alunos caricaturas do profeta Maomé, perto da escola num subúrbio de Paris, em 2020.
O deputado Éric Ciotti, presidente do partido de oposição Republicanos (direita), saudou a decisão, enquanto a deputada de esquerda Clémentine Autain a considerou inconstitucional e criticou “a política da vestimenta”.
Embora o Conselho Francês do Culto Muçulmano (CFCM) considere que a peça não representa um símbolo islâmico, o Ministério da Educação francês divulgou, no ano passado, uma circular autorizando as escolas a proibir a abaya, bem como bandanas e saias muito longas.
“As instruções não estavam claras, agora estão, e nós as saudamos”, disse à AFP Bruno Bobkiewicz, secretário-geral do sindicato que representa os diretores de instituições de ensino.
Em 2004, a França proibiu em escolas e institutos qualquer símbolo religioso ostensivo, como o véu islâmico e quipá.
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