sábado, 1 de julho de 2017

Eucaliptais e Celulose - "Contra a mentira, contra a demagogia!", por Nuno Filipe


Claro, se as coisas forem analisadas em pormenor, percebemos que numa fase inicial as produtoras de pasta de papel incentivaram a plantação a esmo do eucalipto.

Os proprietários, os milhentos pequenos proprietários, não se aperceberam no ardil em que caíram. Numa primeira fase, ao fim de uma dúzia de anos, arranjaram uns tostões, numa segunda fase, nos vinte-cinco anos, estavam com os terrenos exauridos e com os preços do m3 a caírem a pique, pois entretanto as "celuloses" tinham comprado milhares de hectares (com destruição da oliveira, carvalho, sobreiro etc) e obtiveram assim um nível de produção de quase auto suficiência. Entretanto Portugal ficou muito mais pobre e mais feio, sem a beleza natural da paisagem das folhosas.

O desordenamento florestal, a emigração, o abandono, transformaram grande parte do país num monstruoso matagal, pronto a arder todos os anos.

Obviamente que as matas de eucaliptos, de milhares de hectares, das produtoras de pasta de papel, essas devidamente tratadas e isoladas, com pontos de água, acessos e helicopteros, não ardem, mas o povo vê tudo arder e, pior que tudo, deixam-se morrer nas labaredas infernais como aconteceu agora.

Por isso, os que defendem esta situação, por oportunismo ou ignorância, faziam bem em não se "deixarem ir"! especialmente pelos demagogos que dizem que o eucalipto é até o que arde menos, quando mesmo os mais distraídos sabem que é a árvore que maiores cargas de energia desenvolve sendo o motor principal dos incêndios.

Se viajarmos pela Europa, a começar por Espanha, verificamos que a percentagem de eucaliptais é muito reduzida e, mesmo assim, essas áreas são limitadas e devidamente enquadradas por outras espécies.

O povo português não merecia, não merece isto. A agravar a situação os políticos sem escrúpulos, mentem e enganam, agora quando há oportunidade de reverter esta desgraça nacional, com um projeto piloto para a área da catástrofe.

Caros conterrâneos, abram os olhos!

Ler ainda Ranking do Eucaliptal em Portugal e estudos académicos

2 comentários:

Petrus Monte Real disse...

Concordo.
Gostaria de divulgar esta mensagem no meu blog "a partir da lua". Solicito autorização para o efeito.
Informo ainda que, há dias, criei uma ligação para outro post "Os incêndios e a desertificação do Portugal florestal, por Jorge Paiva (escrito há 11 anos)", sem que previamente tenha solicitado a devida autorização. Por isso, desde já peço desculpa pela omissão. E, no caso de discordar, estou disponível para a imediata remoção da ligação.
Respeitosos cumprimentos e antecipadamente grato pela atenção

Celso José Cabral

João Soares disse...

Estimado Celso José Cabral,
Muito obrigado pelo seu contacto. Pode partilhar, sim. E todas as dúvidas e orientações que tenha dificuldade obter na rede ou na internet e pretenda colocar, estarei ao dispor.
Cumprimentos e bom trabalho no "A partir da Lua" que vou visitar.
João Soares