sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Contributos para o ambientalismo Português: José de Almeida Fernandes

José de Almeida Fernandes: Entre o sonho e o cepticismo 
2010-07-28

A história do Ambiente em Portugal entrelaça-se com a vida de José de Almeida Fernandes, embora o professor jubilado passe muitas vezes despercebido como figura pública. A poucos dias de fazer 80 anos, Almeida Fernandes recebeu o Prémio Carreira Fernando Pereira 2009/2010, pelo trabalho ambiental de uma vida, que o levou a perder muitos dos sonhos em prol do cepticismo.
A postura é defensiva. Denomina-se como «ambientalista céptico» nas páginas no livro que publicou, em 2002, com o título «Do Ambiente Propriamente Dito – Considerações pouco canónicas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento Humano». E é a partir do cognome com que se auto-proclamou que analisa as sucessivas falhas na protecção da Natureza, em Portugal. O papel do Instituto de Conservação da Natureza, a Lei-Quadro de Conservação da Natureza ou a Estratégia Nacional neste domínio são dissecados ao longo do livro, numa prosa que não se verga ao politicamente correcto.
Porque Almeida Fernandes sabe do que fala. Se no período prévio ao 25 de Abril a sua carreira passou essencialmente pela investigação e docência, na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, a Revolução dos Cravos muda completamente o quadro político, permitindo que o professor passe para funções de decisor na área do Ambiente. Desde técnico da Comissão Nacional do Ambiente, dirigindo a Estratégia Europeia de Conservação da Natureza, até fundador e presidente do INAmb, Instituto Nacional do Ambiente, passando pelo cargo de presidente do Serviço Nacional de Parques e Reservas Naturais. Os cargos sucedem-se fazendo jus ao carácter de ambientalista convicto com que sempre pautou o seu caminho.
A educação ambiental é uma das grandes prioridades do professor, mas foi a Arrábida o seu primeiro amor. “A Serra da Arrábida: seu interesse botânico perante o turismo” foi o primeiro trabalho publicado, no distante ano de 1954, no Boletim da Sociedade Portuguesa de Ciências Sociais. A partir de então seguiu a área da entomologia e chegou a ser o naturalista responsável pela supervisão do Museu Bocage (secção de Zoologia e Entomologia do Museu Nacional de História Natural).
A sua voz ecoou na rádio, através do programa “O Homem e o Ambiente” para a Emissora Nacional , e as suas palavras estão espalhadas em mais de 30 artigos científicos. Hoje recebe o Prémio Carreira Fernando Pereira, num reconhecimento pelos seus anos de carreira em prol do Ambiente. O sócio número 127 da Liga Portuguesa para a Natureza (LPN), onde é actualmente membro do Conselho Técnico, continua tão crítico da política ambiental como o foi em 2002. Mas o sonho ambientalista não o abandonou, de certeza. «Como seria o nosso mundo humano se não existissem sonhadores e seguidores dos sonhos?», questiona, no seu livro “Do Ambiente Propriamente Dito”.

Livro
Um Futuro Para O Nosso Ambiente

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