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segunda-feira, 30 de novembro de 2020
As vacinas contra a Covid-19 poderiam salvar milhões de vidas -- mas há um problema.
Petição - Carta aberta por um investimento urgente em Ciência em Portugal
Professor Doutor Marcelo Rebelo de Sousa
Exmo. Sr. Presidente da Assembleia da República,
Dr. Eduardo Ferro Rodrigues
Exmo. Sr. Primeiro-Ministro,
Dr. António Costa
Exmo. Sr. Ministro da Ciência e Tecnologia e Ensino Superior,
Professor Doutor Manuel Heitor
Na abertura do encontro Ciência 2020, o Sr. Primeiro-Ministro Dr. António Costa afirmou que “Graças à Ciência, vamos conseguir vencer seguramente esta crise”, referindo-se à difícil situação pandémica que vivemos. Em Portugal, inúmeros institutos de investigação congregaram recursos técnicos e humanos no intuito de expandir a capacidade nacional de diagnóstico da COVID-19 e iniciarem projetos de investigação sobre o SARS-CoV-2 dando uma contribuição sem precedentes para a sociedade civil. Em plena pandemia os investigadores portugueses colocaram-se ao serviço da comunidade, voluntariam-se a realizar colheitas, cederam equipamento, cederam mão-de-obra e conhecimento de técnicas de biologia molecular avançadas, desenvolveram os testes fabricados em Portugal e continuam a contribuir para resolver estes e outros problemas do nosso dia-a-dia. É importante, neste contexto, reconhecer que a celeridade da resposta portuguesa é fruto de muitos anos de treino e de considerável investimento, muitas vezes com avanços quase impercetíveis na sociedade, mas que constituem um alicerce sólido para a implementação rápida de projetos de ciência aplicada nesta crise pandémica. Em 2020 a sociedade civil consciencializou-se como nunca da importância da Ciência e da Comunidade Científica.
É, no entanto, com enorme preocupação que assistimos à subvalorização grave da Ciência e da Comunidade Científica no nosso País. Enquanto em 2017 o investimento em Ciência em Portugal foi de 1,33% do PIB, Israel investiu 4,5%, a Suécia 3,4% e a Áustria 3,2% (dados OCDE). No ano passado (2019) o investimento foi de apenas 1,41% do PIB. Desde a crise do subprime em 2007 que as dificuldades financeiras da Ciência em Portugal não têm sido superadas. Na última década verificou-se um desinvestimento grave que hoje culmina no subfinanciamento crónico bem visível.
A evidência mais recente são as taxas de aprovação baixíssimas verificadas no Concurso Estímulo ao Emprego Científico Individual (CEEC) 3ª Edição e nos Projetos de Investigação Científica e Desenvolvimento Tecnológico (IC&DT) em Todos os Domínios Científicos. Os resultados destes concursos foram de tal modo insuficientes e desanimadores que a própria Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) teve necessidade de esconder as reais taxas de aprovação (situação já identificada, discutida e explicada). Objetivamente, no CEEC foram validadas pela FCT e sujeitas a avaliação pelos pares 3648 candidaturas, mas apenas 300 (8.2%) foram financiadas; nos Projetos IC&DT foram validadas e avaliadas 5847 candidaturas e destas, financiadas apenas 312 (5.3%).
Os Projetos IC&DT deveriam ser o principal motor da investigação nacional. No entanto, no último concurso realizado há 3 anos (2017) foram financiados 1618 projetos (35.2%) enquanto este ano, 2020, apenas 312 (5.3%) foram aprovados. É urgente compreender que com taxas de 95% de reprovação será impossível manter linhas de investigação plurais e diversificadas, com a asfixia de centenas de grupos de investigação. Sem este financiamento, os grupos de investigação não conseguirão concretizar os seus trabalhos, assegurar recursos humanos e contribuir para a sociedade através de publicações, inovação e transferência de conhecimento. Contextualizando com a realidade europeia, os planos nacionais de outros países europeus possuem taxas de aprovação na ordem dos 15-25% e os financiamentos europeus extremamente competitivos (ex. ERC grants) rondam os 10-12%.
O pleno emprego científico está longe de ser atingido. Se por um lado a abertura de concursos para a carreira de investigação é inexistente, o CEEC que permite a contratação de investigadores por períodos de 6 anos evidencia a falta de integração de investigadores no sistema científico e tecnológico nacional. Veja-se o número de candidatos às 3 edições deste concurso: 4065 na 1ª Edição, 3493 na 2ª Edição, 3648 3ª Edição. Estes dados antagonizam o investimento realizado nas Bolsas de Doutoramento (1350 bolsas financiadas este ano). É de louvar a formação avançada de jovens investigadores (num país ainda abaixo dos índices europeus de número de doutorados), no entanto num País sem investimento nas carreiras de investigação e sem estímulos nem tecido empresarial capaz de absorver doutorados, antevemos o defraudar das expectativas dos que agora iniciam o seu Doutoramento e o aumento enorme do desemprego científico.
A FCT tem de ser a primeira e mais acérrima defensora de uma Ciência transparente e com princípios éticos, pautar a sua ação pela excelência científica e clareza na comunicação. No entanto verifica-se a falta de critérios claros e de grelhas de avaliação nos vários concursos, que resultam em avaliações injustas, incoerentes e desmotivantes para a comunidade científica. A imprevisibilidade do sistema de financiamento implementado pela FCT, ou seja, o incumprimento de um calendário regular de concursos e a alteração frequente dos seus regulamentos é absolutamente nefasta. Apesar da FCT ter investido em áreas específicas (Modernização Digital, Go Portugal, COVID) muito desse investimento foi desproporcional. Nos EUA, a NIH (a agência equivalente a` FCT) abre concursos três vezes por ano, sempre nas mesmas datas – 5 de Fevereiro, 5 de Junho e 5 de Outubro –, independentemente do orçamento anual para a ciência. No caso das equipas mais estabelecidas que ficaram agora sem financiamento, cada uma delas captou entre 300 mil a 1,5 milhões de euros (dependendo da área) para Portugal em concursos competitivos, publicaram em média 20 artigos científicos e formaram em média 3 estudantes de doutoramento só nos últimos anos (Dados Movimento 8%), o que evidencia o enorme mérito, produtividade e retorno económico destes investigadores.
Portugal, atualmente, não oferece condições para uma carreira científica estável. Os investigadores vão concorrendo a programas variados, a prazo, que mudam de tipologia conforme os governos, e só uma pequena percentagem consegue integrar-se na carreira docente das universidades. Sem carreira estável, muitos diretores de unidades de investigação com prestígio internacional, que lecionam, que participam na formação de alunos de mestrado e doutoramento e que captam prémios e financiamento internacional, têm contratos a prazo há mais de dez anos. Neste momento, muitos deles encontram-se até sem contrato ou com o futuro muito incerto, devido à pouca regularidade e à grande morosidade dos concursos lançaados pela tutela. Também não se estranha que esta realidade seja pouco atrativa para investigadores estrangeiros. Será inevitável a perda das gerações mais bem preparadas que este País educou e em que investiu. Sem pessoal e sem projetos financiados, será expectável uma queda acentuada da produtividade e qualidade científica nacional, da geração de valor associado à investigação, uma diminuição da relevância internacional e uma queda nos rankings universitários. Este retrocesso refletir-se-á nos índices competitivos internacionais tornando a economia pouco atrativa para investimentos no sector científico-tecnológico, numa altura em que o País tanto precisa.
Posto isto, pedimos às autoridades visadas um reforço urgente do investimento na Ciência e na Comunidade Científica em Portugal sob a forma de:
1. De imediato, aumentar o pacote financeiro para os concursos que ainda se encontram a decorrer e corrigir as baixíssimas taxas de aprovação da 3ª Edição do CEEC e do concurso de Projetos de IC&DT em todos os domínios científicos.
2. A curto prazo, aplicar um Limiar Mínimo de Estabilidade da Ciência de 15% de aprovação nos concursos para contratos individuais e projetos IC&DT a abrir brevemente, correspondente ao mínimo indispensável praticado nos países da União Europeia.
3. A médio/longo prazo, estabelecer um pacto de regime para a Ciência que permita definir uma estratégia para a ciência para a próxima década com um reforço de financiamento estrutural regular do OE, complementado com financiamento europeu e empresarial, que garanta o atingimento da meta de 3% do PIB em 2030.
Por um maior investimento em Ciência.
Pelo Movimento 8%,
João Oliveira – ICVS, Universidade do Minho
Ludgero Tavares – CIBB-CNC, Universidade de Coimbra
Mafalda Laranjo – CIBB-iCBR, Faculdade de Medicina, Universidade de Coimbra
Luísa Lopes – iMM, Faculdade de Medicina, Universidade de Lisboa
Hugo Miranda – CEDOC, NOVA Medical School, Universidade Nova de Lisboa
Federico Herrera – FCUL, Universidade de Lisboa
Teresa Summavielle – i3S, Universidade do Porto
Fábio Teixeira - ICVS, Universidade do Minho
Susete Fernandes – CENIMAT, Universidade Nova de Lisboa
Diogo Trigo – iBiMED, Universidade de Aveiro
Bruno Nunes – CESAM, Universidade de Aveiro
Fabíola Moutinho – i3S, Universidade do Porto
João Ferreira - CEDOC, Universidade Nova de Lisboa
Sílvia Lourenço – MARE, Politécnico de Leiria
Carla Cruz – CICS, Universidade da Beira Interior
Mafalda Rangel – CCMAR, Universidade do Algarve
Andreia Castro - ICVS, Universidade do Minho
Sandra Vaz – iMM, Universidade de Lisboa
Francisca Cardoso – CRIA, Universidade Nova de Lisboa
Cristiana Tejo – IHA, Universidade Nova de Lisboa
Celine Gonçalves - ICVS, Universidade do Minho
Ana Carvalho – CIDEHUS, Universidade de Évora
Ana Santiago – FMUC, Universidade de Coimbra
Andreia Barateiro - iMed.ULisboa, Universidade de Lisboa
Dário Trindade – iBiMED, Universidade de Aveiro
Ana Rodrigues - ICVS, Universidade do Minho
Poema da Semana - «Antes que Seja Tarde» de Manuel da Fonseca
domingo, 29 de novembro de 2020
Música do BioTerra - Harold Budd & Robin Guthrie - An hour, a day, no more...
sábado, 28 de novembro de 2020
Covid-19: efeitos de vacina só devem sentir-se no fim de 2021
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| Fonte: aqui |
Ghent
200 anos de Engels: Sobre as contribuições e limites do “Segundo Violino”
sexta-feira, 27 de novembro de 2020
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
Microfósseis com 570 milhões de anos podem ajudar a entender origem dos animais
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| Fonte: aqui |
Uma equipa de investigadores encontrou, na Gronelândia, microfósseis semelhantes a embriões com até 570 milhões de anos. Esta descoberta revela que organismos deste tipo estavam dispersos pelo mundo inteiro.
A Vida Não é Útil - Ideias para Salvar a Humanidade
Documentário da Semana - Vida como uma "Mulher de Conforto": História de Kim Bok-Dong
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres
Documentos
Resolução 52/134 da AG da ONU que institui o Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres | ONU [en] DESCARREGAR
Stop violence against women | Comissão Europeia e Alto Representante para a Política Externa e de Segurança Comum DESCARREGAR
Plano de Ação em Matéria de Igualdade de Género | Comissão Europeia DESCARREGAR
Let’s put an end to Violence against Women Factsheet | Comissão Europeia DESCARREGAR
International Day for the Elimination of Violence against Women | United Nations
Orange the World Campaign | UNESCO
Empowering women and girls | Comissão Europeia
Campanha #EUSOBREVIVI | Comissão para a Igualdade de Género
COVID - 19 | Violência Doméstica | Conselhos de Segurança | Comissão para a Igualdade de Género
E se o Interior explodir?

terça-feira, 24 de novembro de 2020
Incêndios causam 200 milhões de euros de prejuízos anuais
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| Fonte: aqui |
Dia Mundial da Ciência

Neste dia realizam-se várias atividades, sobretudo nas escolas, onde se tenta despertar o interesse na ciência nos alunos, com a realização de experiências, a exibição de filmes sobre cientistas famosos, a realização de trabalhos de grupo, etc.
Em novembro celebra-se ainda o Dia Mundial da Ciência pela Paz e pelo Desenvolvimento promovida pela UNESCO.
“Existe uma coisa que uma longa existência me ensinou: toda a nossa ciência, comparada à realidade, é primitiva e inocente; e, portanto, é o que temos de mais valioso." Albert Einstein
“O fim da ciência não é abrir a porta ao saber eterno, mas sim colocar limites ao erro eterno”. Galileu
“A ciência explica a natureza e cria novos mundos que não percebemos com nossos sentidos”. Marcelo Gleiser
A Vingança do Carro Elétrico - 2011
Depois de Who Killed the Electric Car? (2006), o realizador Chris Paine regressa com A Vingança do Carro Elétrico, um documentário que mostra a reviravolta da indústria automóvel. Entre 2005 e 2010, o carro elétrico renasce das cinzas, impulsionado por uma nova geração de visionários e pela urgência da transição energética.
O filme acompanha quatro figuras centrais:
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Elon Musk, fundador da Tesla, aposta num desportivo elétrico de alta performance.
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Bob Lutz, da General Motors, tenta redimir a marca após o fiasco do EV1.
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Carlos Ghosn, da Nissan, lança o Leaf, o primeiro carro elétrico de produção em massa.
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E Greg Abbott, mecânico independente, transforma carros a gasolina em elétricos na sua garagem.
Mais do que um retrato tecnológico, o documentário é uma história de persistência, inovação e mudança cultural. Mostra como o carro elétrico deixou de ser uma curiosidade ecológica para se tornar símbolo da mobilidade sustentável e da resistência às lógicas fósseis do passado.
Em tempos de crise climática, A Vingança do Carro Elétrico lembra-nos que a verdadeira revolução verde nasce quando ousamos contrariar o status quo.










