sexta-feira, 5 de dezembro de 2025

Nota de 7 euros de Ronaldo é falsa, alerta Banco de Portugal

Em causa está a emissão de uma nota, no valor de 7 euros, em homenagem ao futebolista Cristiano Ronaldo

O Banco de Portugal (BdP) alertou esta quinta-feira para publicações falsas, nas redes sociais, sobre a emissão de uma nota em homenagem ao futebolista Cristiano Ronaldo, esclarecendo que não o fez nem tem previsto emitir uma nota assim.

"O Banco de Portugal tem tomado conhecimento de publicações falsas, divulgadas nas redes sociais, relativamente à emissão, pelo Banco de Portugal, de uma nota, no valor de 7 euros, em homenagem ao futebolista Cristiano Ronaldo", lê-se no comunicado publicado esta quinta-feira.

O banco central reiterou que não emitiu nem colocou em circulação, nem tem previsto emitir ou colocar em circulação, "qualquer nota alusiva à personalidade em questão".

"Esclarece-se ainda que a emissão de notas de euro pelo Banco de Portugal é feita no quadro do Eurosistema", acrescentou o banco central.


O Eurosistema é a autoridade monetária da área do euro, composta pelo Banco Central Europeu (BCE) e pelos bancos centrais nacionais dos países da União Europeia que adotaram o euro. A sua principal função é manter a estabilidade de preços, e as suas atividades incluem a definição e implementação da política monetária, a realização de operações cambiais, a gestão das reservas cambiais e a promoção do bom funcionamento dos sistemas de pagamento. 

Composição e objetivos
Composição: O Eurosistema inclui o BCE e os bancos centrais nacionais dos Estados-Membros que adotaram o euro, como o Banco de Portugal.
Objetivo principal: Manter a estabilidade de preços na área do euro, procurando um aumento anual dos preços inferior, mas próximo, de 2%.

Outras funções:
  1. Salvaguardar a estabilidade financeira.
  2. Promover a integração financeira europeia.
  3. Emitir notas de euro.
  4. Compilar estatísticas. 
  5. Funcionamento
Tomada de decisões: As decisões de política monetária são tomadas pelo Conselho do BCE, que é composto pelos membros executivos do BCE e pelos governadores dos bancos centrais nacionais.

Implementação: A implementação dessas decisões é feita de forma descentralizada pelos bancos centrais nacionais. O Banco de Portugal, por exemplo, interage com as instituições bancárias portuguesas para executar as decisões do BCE no mercado nacional.

Instrumentos: O Eurosistema utiliza instrumentos como a fixação das taxas de juro diretoras, operações de mercado aberto, facilidades permanentes e programas de compra de ativos financeiros para influenciar a liquidez do sistema bancário. 

Drab Majesty - Long Division


“Long Division”, faixa do álbum Modern Mirror lançado em 2019, reflete a atmosfera etérea e melancólica característica do Drab Majesty, explorando temas de separação emocional e dualidade interna. O título alude à operação matemática de divisão longa, funcionando como metáfora para um afastamento que não ocorre de forma abrupta, mas lentamente, desgastando os laços entre duas pessoas ou fragmentando a própria identidade do sujeito. No contexto conceitual de Modern Mirror — um disco que aborda a dissolução das relações humanas à era digital e os reflexos distorcidos do eu — a canção aprofunda a sensação de alienação, sugerindo uma fratura inevitável, quase mecânica, entre o que se é e o que se deseja ser. Com a sua sonoridade hipnótica e ambiente dream-wave, “Long Division” traduz essa divisão emocional como um processo contínuo, frio e silencioso, que deixa o ouvinte num estado de contemplação sobre perda, distância e desintegração interior.

Todas as imagens foram retiradas do filme "The Breakfast Club" (1985), realizado por John Hughes.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

The Young Gods - Figure sans nom


“Figure sans nom” é uma faixa da banda suíça The Young Gods, lançada como single em novembro de 2018 e incluída no álbum Data Mirage Tangram de 2019. A música apresenta uma sonoridade característica do grupo, misturando elementos industriais e alternativos com uma atmosfera intensa e evocativa. A letra, poética e enigmática, descreve uma “figura sem nome” que dança e revela seu verdadeiro rosto, sugerindo a ideia de alguém emergindo do anonimato ou descobrindo a sua identidade. No contexto do álbum, que aborda temas como sobrecarga de informação, tecnologia e ilusões modernas, a faixa pode simbolizar o momento de despertar de uma pessoa ou entidade que se distingue das miragens de um mundo saturado de dados e aparências. Embora não exista uma interpretação oficial, a canção reflete o estilo maduro da banda nesta fase, combinando peso e complexidade sonora e mostrando que, mesmo décadas após a sua formação, os Young Gods continuam a reinventar sua identidade musical com coragem e originalidade.

Ministério Público – Quem guarda os guardas?


1. Um “Estado dentro do Estado”
Desde há pelo menos três décadas que alguns cidadãos, entre os quais me incluo, vêm chamando a atenção para aquilo em que consiste, e para o que representa, a progressiva, censurável e muito perigosa construção do autêntico “Estado dentro do Estado” em que o Ministério Público se foi transformando.

Recorde-se que esse processo começou em contradição com o que a própria Constituição de 1976 prevê no seu art.º 32.º, n.º 4, através da criação de uma fase pré-judicial dos processos crime chamada inquérito. Esta fase foi inicialmente aplicável apenas aos casos de crimes mais leves, como os punidos com pena de prisão até dois anos, e foi depois estendida a todos os tipos de crime. Tal fase tem por titular único o Ministério Público, o qual foi, depois e paulatinamente, conquistando o estatuto de fazer ou não fazer, no inquérito, o que, bem ou mal, entende, quando e como quer, sem ter de prestar contas a ninguém.

Tal processo paulatino passou também pela criação dos chamados DIAP, ou seja, Departamentos de Investigação e Acção Penal, criação que, sempre em nome da “eficiência”, veio determinar que, regra geral, o agente do Ministério Público que dirige o inquérito seja um e o agente do Ministério Público que participa no julgamento seja outro, não tendo aquele de dar publicamente a cara pelo que fez ou deixou de fazer na fase inicial do processo.

Seguiu-se a construção, cada vez mais reforçada (a tal ponto que o próprio Tribunal Constitucional acabou, embora erradamente, por adoptar esse entendimento), de que a competência para conhecer dos vícios e nulidades praticados durante a fase de inquérito (competência que é, claramente, jurisdicional) caberia afinal ao próprio Ministério Público e não ao juiz de instrução criminal. Deste modo, se, por exemplo, for aplicada pelo Procurador da República, de forma ilegal, uma determinada medida de coacção, ainda que a mais simples (o termo de identidade e residência), não será o juiz de instrução – a única entidade com poderes jurisdicionais, nos termos da Constituição, recorde-se – o competente para conhecer dessa matéria, mas sim o próprio Ministério Público, isto é, o autor da referida ilegalidade, nulidade ou irregularidade.

A par disto, foi-se impondo, cada vez mais, a teoria (e a prática…) de que os prazos judiciais só são obrigatórios para os cidadãos e respectivos advogados, sejam eles arguidos ou queixosos, e de que, designadamente para o Ministério Público, esses prazos seriam meramente “indicativos” ou “ordenadores da marcha do processo” e, portanto, a sua ultrapassagem não teria quaisquer consequências. Isto levou a que passássemos a assistir a situações em que o prazo máximo legal do inquérito é, por exemplo, de oito meses, mas o inquérito dura oito anos, ou até mais, nada rigorosamente acontecendo, a não ser o constante e arrogante repetir de que “as investigações criminais tomam o tempo que é necessário para elas avançarem” e sujeitando assim, durante anos a fio, os arguidos ao anátema da suspeita.

A verdade é que a existência da referida fase de inquérito, dirigida em exclusivo pelo Ministério Público e sem efectivo controlo jurisdicional por parte de um juiz, é, desde logo, de constitucionalidade mais do que duvidosa, nomeadamente em face do art.º 32.º, n.º 4, da Constituição, o qual estabelece, com a maior clareza, que toda a instrução é da competência de um juiz. Ainda assim, essa constitucionalidade foi sendo sustentada com o argumento de que, terminada a fase de inquérito, poderia sempre seguir-se uma outra fase, a fase de instrução, dirigida por um juiz, na qual seria então possível verificar se a decisão do Ministério Público – fosse ela de acusação ou de arquivamento – era correcta ou não.

Porém, também aqui acabou por suceder que essa fase de instrução foi sendo sucessivamente coartada, neutralizada e inutilizada, ao ponto de hoje se encontrar praticamente reduzida a uma mera formalidade. Na prática, os juízes de instrução podem indeferir todas as diligências de prova requeridas, não repetem diligências que tenham sido, ainda que mal e deficientemente, realizadas pelo Ministério Público e não verificam nem sindicam a forma como o Ministério Público investigou, ou deixou de investigar, factos criminalmente relevantes, nomeadamente não ordenando diligências com óbvio interesse para a descoberta da verdade. E assim, o inquérito passou a ser praticamente a fase do processo em que verdadeiramente se decide se houve crime, se há responsáveis por ele e se alguém vai a julgamento ou não.

Depois, passámos a assistir à utilização, cada vez mais sistemática e pretensamente normal, de um meio excepcional – as chamadas “averiguações preventivas” que, como o próprio nome indica, se destinam tão somente a prevenir a prática de crimes de alta criminalidade, como a corrupção, o branqueamento de capitais ou o financiamento do terrorismo – como um meio normal e até privilegiado, apesar de constitucionalmente inadmissível, para se investigarem factos passados, ainda por cima com a vantagem de tais averiguações poderem decorrer sem o controlo directo de um juiz de instrução.

Importa notar também que todo este processo de transformação do Ministério Público num autêntico “Estado dentro do Estado” foi acompanhado, e mesmo legitimado, por dois fenómenos que muito contribuíram para o intensificar e aprofundar, e que pouco têm sido analisados e debatidos, muito menos com o rigor que mereciam.

Por um lado, foi-se generalizando uma prática que já não consiste propriamente em simples violações ou acidentais fugas do segredo de justiça, mas antes, sobretudo a partir de certa altura, num verdadeiro e cada vez mais óbvio “sistema de vasos comunicantes” entre sectores da investigação e acusação públicas e certos órgãos e agentes da comunicação social. Isto fez – e faz – com que, com grande frequência, elementos de processos em segredo de justiça sejam passados para a esfera pública, quase sempre na versão e com o enquadramento que convêm à acusação, produzindo dessa forma autênticos e sumários julgamentos, condenações e “execuções” na praça pública, por vezes até como reacção à denúncia e à declaração das ilegalidades cometidas, e reduzindo a pó o princípio constitucional (art.º 32.º, n.º 2) da presunção de inocência de todo o arguido até ao trânsito em julgado da respectiva sentença condenatória.

Poema da Terra Inteira

"Aprendi com as ervas que nada tem pressa.
Nasce-se porque sim,
como a luz que se desprende da manhã
sem pedir licença ao dia.
Caminho pelos campos sem querer compreendê-los.
A compreensão é um peso dos homens.
A relva sabe estar,
o rio sabe seguir,
a pedra sabe durar.
E ninguém lhes ensinou nada.
Abraço um carvalho antigo
e ouço, no silêncio da casca,
a memória de tudo o que já passou por ele:
vento, pássaros, neve, populações antigas
a marca de um raio,
o calor de muitos verões.
E percebo que não sou dono de nada,
apenas hóspede de passagem.
A Natureza não precisa de mim,
mas eu preciso dela
como quem precisa de respirar fundo
para lembrar o próprio nome.
Porque viver é simples:
respirar com a paisagem,
escutar o que cresce,
e reconhecer — num gesto sereno —
que somos apenas uma voz
no grande coro da Terra."

Reflexão ecológica: transição filosófica do Antropoceno para o Ecoceno
Toda a ética ambiental começa num reconhecimento simples: a Terra não é um cenário, é uma comunidade viva da qual fazemos parte. A verdadeira sabedoria ecológica nasce quando deixamos de olhar para o mundo apenas como recurso e passamos a vê-lo como relação.
Cada forma de vida — da mais discreta à mais imponente — participa num equilíbrio que não é aconselhável controlar, pois dele dependemos profundamente.
Não há superioridade, apenas interdependência.

Cuidar do planeta não é um gesto moral isolado; é um novo paradigma.
Não desejamos mais extinção mas sim um futuro partilhado de todas as espécies, permitindo que as futuras gerações usufruam plenamente do Ecoceno.

E talvez o maior ensinamento seja este:
proteger a Terra não é salvar algo externo a nós — é preservar a continuidade da própria vida
de que somos expressão.
Joao Soares 04.12.2025

A probóscide de um mosquito pode revolucionar a bioimpressão 3D


Li recentemente na revista de divulgação científica New Scientist, uma notícia que mostra de forma extraordinária como a biodiversidade continua a surpreender-nos e a alimentar soluções tecnológicas em áreas que vão da medicina à engenharia de precisão. Não resisto a partilhar a descoberta, pelo modo como revela o papel notável da ciência e os horizontes sempre inesperados da investigação. Uma equipa de investigadores da Universidade McGill, no Canadá, descobriu que a tromba (probóscide) de um mosquito pode funcionar como um bico ultrafino para impressoras 3D, abrindo caminho para fabricar estruturas delicadas usadas na criação de tecidos e órgãos artificiais.

A equipa enfrentava um problema recorrente na bioengenharia: os bicos convencionais disponíveis eram demasiado grossos para produzir detalhes microscópicos. Em busca de alternativas naturais, analisaram diversas estruturas animais até concluírem que a probóscide das fêmeas de Aedes aegypti - o mesmo mosquito que transmite dengue, zika e chikungunya - apresentava as características ideais. O apêndice, evoluído para perfurar pele humana com precisão, permitiu imprimir filamentos com apenas 20 micrómetros de espessura, cerca de um quarto da largura de um cabelo.

A técnica, batizada 3D necroprinting, distingue-se também pela simplicidade e pelo baixo custo. Um técnico treinado consegue produzir cerca de seis bicos por hora, cada um por menos de um dólar, e estes podem ser acoplados a impressoras 3D já existentes. Quando congelados, mantêm-se utilizáveis durante um ano, embora aproximadamente 30% apresentem falhas após duas semanas de uso intensivo.

Nos testes realizados, os investigadores utilizaram estes bicos naturais para imprimir estruturas com uma bio-tinta usada na construção de andaimes de tecidos biológicos, incluindo moldes de vasos sanguíneos - um passo essencial na engenharia de tecidos. Especialistas externos sublinham que este avanço ilustra algo mais vasto: a engenharia continua, muitas vezes, a tentar acompanhar a sofisticação das soluções produzidas pela evolução ao longo de milhões de anos.

Para além da curiosidade tecnológica, este trabalho reforça uma ideia fundamental para a economia e para o futuro da inovação: a biodiversidade é uma reserva viva de engenhosidade, repleta de soluções que não conseguimos prever. Cada espécie - mesmo as mais discretas ou incómodas - encerra potencial para inspirar avanços em saúde, materiais, robótica e muitas outras áreas. A probóscide de um mosquito transformada em ferramenta de impressão é apenas um exemplo entre muitos outros.

Nota final: esta descoberta sublinha também a importância de continuar a estudar a biodiversidade de forma sistemática e profunda. Só conhecemos uma fração da variedade de formas, estruturas e estratégias que a vida desenvolveu ao longo da evolução. Investir em investigação biológica não é apenas preservar conhecimento: é ampliar o leque de soluções possíveis para desafios futuros, muitos dos quais ainda nem conseguimos antecipar. Cada organismo estudado é uma nova oportunidade de aprendizagem, inovação e, potencialmente, transformação tecnológica.

Saber mais:

Habita a Terra como ela te habita


"Caminho descalço para aprender o chão.
Cada grão de pó é um irmão mais velho
que me ensina a leveza do peso
e a gravidade das minhas escolhas.
A terra respira por baixo de mim,
larga e silenciosa,
como se guardasse no húmus
uma lei sem nome:
a de não ferir o que vive.
Toco nas pedras com as mãos abertas,
procuro nelas o fogo antigo
que nunca reclamou conquistas,
apenas lugar.
E penso que também eu devia ser assim:
habitar, não possuir.
O vento atravessa o vale —
não reclama nada,
apenas desloca o mundo com a sua suavidade.
Deixa-me limpo de excessos,
como tronco depois da chuva.
Então compreendo:
a força é um animal oculto que caminha sem pegadas,
e uma semente rasga o véu do subterrâneo
como um astro minúsculo acendendo luz
no ventre intacto da noite.
E quando a luz se deita sobre o campo,
percebo que o mundo é um corpo
que me empresta abrigo.
Em troca só me pede isto:
caminha suave,
não abras feridas
onde a vida se faz inteiro."
Joao Soares 03.12.2025

Claudio Monteverdi-Sì dolce è'l tormento, com Lea Desandre and Thibault Cauvin


Eu realmente gosto da versão de Lea Desandre deste madrigal de Monteverdi. Voz e guitarra. Nada mais. Agradou-me muito a sua interpretação, que também apresenta com uma delicada emoção capaz de atravessar os séculos que nos separam do seu autor e do seu contexto. Obrigado por nos aproximar em pleno século 21 desta joia de uma canção tão antiga e ainda assim tão viva e bela.

Sì dolce è’l tormento” é uma canção (um aria) composta por Claudio Monteverdi no início do século XVII. É uma das peças mais conhecidas do compositor e pertence ao estilo do barroco inicial, marcada por grande expressividade emocional.

Sì dolce è’l tormento” expressa a ideia de que o sofrimento causado pelo amor — mesmo doloroso — é doce e desejado se for sentido pela pessoa amada. O eu lírico aceita plenamente a dor da paixão não correspondida e prefere padecer por amor do que viver sem essa ligação. Ele afirma que, mesmo que a amada seja cruel, indiferente ou distante, continuará fiel e resignado, vendo beleza no próprio tormento. Ao longo do texto, a canção desenvolve um contraste típico do barroco entre prazer e dor, esperança e desengano, mostrando que o amante encontra consolo na própria fidelidade e na intensidade do sentimento. Assim, a obra é uma meditação poética sobre o amor idealizado, devoto e incondicional — um amor que, mesmo sem reciprocidade, dá sentido à existência.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

OCDE - Portugal é dos países onde os professores mais se queixam da indisciplina


"A indisciplina reina nas salas de aula e coloca Portugal no primeiro lugar do tempo perdido para começar uma aula. Os seus professores são, na Europa, os mais desgastados e os que mais preenchem burocracia inútil. São vítimas de uma organização de trabalho que os adoece, mas são os melhores a adaptar as aulas às necessidades dos alunos." Estas conclusões têm cerca de uma década.

Ora, a mesma OCDE conclui em 2025 ("reportado por 62,1% dos professores, sendo muito mais alto, 73,6%, entre quem tem 5 ou menos anos de experiência"): "barulho e interrupções: Portugal é dos países onde os professores mais se queixam da indisciplina. A sua maior fonte de stress é o trabalho administrativo. Em nenhum país a taxa é tão alta."

E o que mais impressiona nestes 10 anos de intervalo, é o silêncio do MECI e o desprezo do mundo político. Quando muito, a direita, que inclui a extremada, finge que acompanha os protestos dos professores quando a esquerda governa e vice-versa. Logo que se passa para governo ou para suporte parlamentar, assume-se a condição de amnésico. Além disso, um manto de mutismo caracteriza as campanhas eleitorais.

Aliás, ser professor tornou-se, há muito, uma gestão do desgaste, da mágoa, da revolta contida e da possibilidade da baixa médica. Acima de tudo, uma sociedade adoeceu quando mais de metade dos professores relata "agressões físicas ou verbais por parte dos alunos”. Apesar de, e como já escrevi, ser injusto generalizar até pela dificuldade dos estudos empíricos: "cada aluno não é um potencial agressor, nem cada professor um provável agredido."

E o pior é o vigente cruzar de braços. Mas há soluções e sumarie-se duas ou três.
Mude-se radicalmente (e este radical é no mais sensato registo) o trágico, e populista, "estatuto" que fez do encarregado de educação um "cliente que tem sempre razão" na escola, com a habitual alegação indisciplinadora que os miúdos, as crianças-rei, percebem desde cedo: - Se a professora não se portou bem, diz que eu vou à escola.

Este clima é uma das consequências da burocracia, da autocracia desastrosa nos mega-agrupamentos, da avaliação dos professores e do que converteu em "castigo" as horas de redução por idade e tempo de serviço dos seus horários - é até degradante quando a "pena" cai nas mãos de pequenos tiranetes.

Na verdade, recorde-se que a maioria dos professores viu a idade da reforma passar dos 52 (pré-escolar e primeiro ciclo) ou 57 anos de idade (restantes ciclos), para os recentes 66 anos e 11 meses. E como nunca se criaram equipas educativas para leccionar o primeiro ciclo - o professor da turma finge que lecciona todo o currículo e não tem redução de horário com a idade -, infernizou-se os horários dos restantes ciclos - nivelando por baixo e estimulando a divisão da classe - com inutilidades destinadas aos excessos e aos dogmas na avaliação dos alunos, na interdisciplinaridade e nas articulações horizontal e vertical. Como tudo isto se tornou monstruoso sem sistemas de informação modernos e com avaliações externas inspiradas em meados do século XX, a redução transformou-se num "castigo" e num dos principais contributos para o desgaste que dificulta a liderança em ambientes de indisciplina e para a "fuga" ao exercício.

E, claro: se temos anos a fio de ciberbullying e dos algoritmos do ódio (as crianças crescem, desinformam-se e indisciplinam-se num país deslaçado, agressivo e violento), também temos uma maioria política desinteressada em limitar o acesso a redes sociais com o argumento surreal da censura às crianças e jovens.

Aliás, veja-se a indiferença da sociedade com a crescente doença silenciosa dos quadros de mérito académico ou de valor até em crianças do primeiro ciclo e pré-adolescentes (no desporto, já se fazem Campeonatos do Mundo para miúdos de 10 a 12 anos de idade). Para além da tensão relacional entre os miúdos após as primeiras publicações e da violação dos direitos fundamentais, a OMS já inclui o bournout precoce na prevenção da saúde pública (e, no mínimo, reflicta-se com Roy Baumeister ou Michael Sandel. ou pelo recente "Range" de David Epstein, (com um estudo comparado que tem, para além de outros dados, uma contraposição do percurso saudável, por especialização "tardia e generalista", do tenista Roger Federer ao dramático esgotamento emocional, por especialização precoce, do golfista Tiger Woods ou das irmãs Polgar - xadrezistas vítimas de uma "MãeTigre"; aliás, fenómeno que exigiu mudanças recentes e drásticas nas políticas de Singapura relacionadas com os resultados escolares -). E apesar desta pandemia ainda se sustentar na ditadura portuguesa, a obra fundamental "Nenhuma medalha vale a saúde de uma criança", de Jacques Personne, descreve a tragédia na União Soviética e na RDA. Os quadros e medalhas, equiparados à exploração do trabalho infantil, destinavam-se à arrepiante promoção de dirigentes, médicos, treinadores, professores e políticos, e, tantas vezes, à "sobrevivência" dos progenitores (e também ao ego).

De facto, e em síntese, a prevalecente imaturidade pedagógica, que estimula a indisciplina nas salas de aula, espelha-se em gritantes irresponsabilidades da seguinte família: publicitar informação crítica, e detalhada, sobre as formas de ciberbullying no mesmo espaço escolar onde se divulga quadros de mérito.

Nota: por falar em silêncio e mutismo, registe-se o apagão mediático quase generalizado da seguinte notícia do Público de 27 de Novembro de 2025: "Tolentino de Mendonça partilha Prémio Eduardo Lourenço com a “classe dos professores em crise". O cardeal e poeta falou da “precariedade nas condições de trabalho”, da “complexidade sempre maior dos requisitos burocráticos” e de “uma espécie de solidão social” que afectam tantos professores. Diz-se hoje que são uma classe em crise e que perdeu o prestígio social que lhe estava associada. São preocupantes, em muitas partes do mundo, os indicadores do desgaste, desmotivação e burnout entre os professores.(...)"Numa época de acelerada transformação, como a que vivemos, onde se inauguram tantas possibilidades, mas também tantas incógnitas, como o impacto da inteligência artificial, a omnipresença da tecnologia, a crescente incerteza e vulnerabilidade entre os jovens, precisamos de potenciar o papel dos professores como indispensáveis mediadores culturais e humanos.(...)O professor "não é uma profissão do passado, é uma missão indispensável ao futuro", porque é necessária a existência de "mestres e educadores, não só para encontrar respostas, mas para formular perguntas"."

Genders - Life Is but a Dream


I want you to see me everywhere
Don′t try to outsmart me, 'cos I′m already there
You will remember me if I'm the last thing you recall
Seems so promising but you'll never bother at all

Life is but a dream
When you′re next to me
It disappears so easily
You′re just a ghost to me

I am with you
I know you can feel me
From the fountain of youth
Now I'm floating free

Life is but a dream
When you′re next to me
It disappears so easily
You're just a ghost
Just a ghost

A canção “Life Is But a Dream” da banda americana Genders explora a efemeridade da vida e das relações humanas, usando a metáfora do sonho para expressar a fragilidade dos sentimentos e a passagem do tempo. A frase central, “a vida é apenas um sonho”, sugere que momentos de conexão e amor, por mais intensos que sejam, são transitórios e podem desaparecer facilmente, deixando apenas lembranças ou sensações de perda. A letra transmite um desejo profundo de ser lembrado e de marcar presença na vida do outro, mesmo diante da distância emocional, como evidenciado pela ideia de que a pessoa se tornará um “fantasma” ou apenas uma memória. Todo o conjunto de imagens — sonhos, fantasmas, memórias — cria um tom melancólico e introspectivo, refletindo sobre a dualidade entre a intensidade dos sentimentos e a fragilidade da realidade. Em suma, a canção é uma reflexão poética sobre amor, perda e a inevitável efemeridade da vida, mostrando como experiências que parecem reais podem ser tão passageiras quanto sonhos.

Motor de desenvolvimento ou de danos irreparáveis? Parque solar planeado para Portugal abre polémica


Após a leitura deste artigo, apelo que assinem e partilhem esta petição que ainda só tem cerca de 4.200 Faça-o agora e partilhe com os vossos contactos. Precisamos de 7.500 assinaturas! As petições com mais de 7.500 assinaturas podem ser discutidas em plenário na Assembleia da República [consultar o guia]

Um novo projeto solar, que será sediado no distrito português de Castelo Branco, está a ser amplamente contestado tanto pelas associações ambientalistas como pelos próprios municípios. Chama-se Parque Solar Fotovoltaico Sophia e, segundo anunciado no site da empresa por detrás da iniciativa, a Lightsource bp, o seu objetivo passa por "conciliar a produção de energia renovável com a valorização ambiental do território e benefícios duradouros para as comunidades locais".

Tratar-se-á de um parque solar que deverá ser um dos maiores do país, com um total de 867 MWp de potência e que envolverá, de acordo com a Lightsource bp, um investimento de cerca de 590 milhões de euros. A empresa estima que o mesmo será capaz, no futuro, de "abastecer mais de 370 mil habitações e evitar a emissão de cerca de 24,5 mil toneladas de CO₂ por ano", com vista a contribuir "para as metas do Plano Nacional Energia e Clima 2030".

O projeto, que abrangerá os municípios do Fundão, Penamacor e Idanha-a-Nova, esteve em fase de consulta pública até ao passado dia 20 de novembro, durante mais de um mês, tendo angariado mais de 10 mil contribuições. Foi a consulta pública mais participada de sempre, com críticas a surgirem de várias partes, apesar de a empresa assumir, publicamente, que o projeto "integra um conjunto robusto de medidas de proteção ambiental e valorização da paisagem".

O que está, então, previsto no projeto, que impactos se espera que o parque solar tenha na região e de que modo a Lightsource bp está a encarar toda a polémica?

O que motivou a escolha do local e quando se prevê que esteja operacional
"A escolha do local de implantação de qualquer projeto de energia renovável, seja ele solar ou eólico, é a proximidade ao ponto de ligação à rede elétrica." A explicação é dada, em esclarecimento enviado à Euronews, pela própria Lightsource bp. "No caso do parque solar Sophia o ponto de ligação é a Subestação da REN do Fundão, vinculado através de um Acordo de Título de Reserva de Capacidade (TRC)", tendo a área selecionada para a sua implantação resultado de uma "análise técnica ambiental que confirmou esta opção como a de menor impacte num raio de 30 km ao redor da Subestação do Fundão".

A empresa refere ainda que, para elaborar o "Estudo Prévio que esteve em consulta pública", foi realizado "um trabalho exaustivo de recolha de informações ambientais refletindo um projeto em desenvolvimento há seis anos".

Neste momento, elabora a Lightsource bp, "o projeto Sophia está numa fase inicial de licenciamento, com entrada em operação prevista para 2030".

O que diz o Estudo de Impacte Ambiental
O documento, datado de setembro de 2025, detalha, entre tantos outros pontos, que esta central solar será "constituída por 1.365.588 módulos fotovoltaicos, que ocuparão uma área total, dividida em setores, de cerca de 390 hectares".

No Estudo de Impacte Ambiental, destaca-se ainda que o "modelo selecionado", neste caso, para a conversão da energia solar em elétrica, tem como "vantagens" uma elevada "eficiência", "fiabilidade" e "rendimento energético".

Além do mais, a análise realizada indica que a proposta "não abrange áreas da Rede Nacional de Áreas Protegidas ou Sítios da Rede Natura 2000", destinadas a garantir a proteção de zonas naturais reconhecidas e a conservação da biodiversidade, respetivamente. Ainda que "a área de implantação" da central se sobreponha "ao Geopark Naturtejo Mundial da UNESCO, reconhecido pelo Programa Internacional de Geociências e Geoparques da UNESCO".

Outra das principais conclusões prende-se com o facto de a fase de construção do parque solar constituir "o período mais crítico ao nível dos impactes negativos, nomeadamente sobre os descritores usos do solo, flora, vegetação, habitats, fauna e paisagem". Alerta-se, inclusive, que os maiores riscos estão associados "à desmatação, abertura de caminhos e à construção da subestação" da própria central.

Afirma-se, no entanto, que nessa mesma fase de construção, "as comunidades vegetais afetadas pela implementação dos projetos apresentam predominantemente reduzido valor conservacionista e/ou ecológico". Ainda que se reconheça que será necessário "abater ou afetar indivíduos de azinheiras ou de sobreiros isolados" - 1.120 e 421 de cada, respetivamente.

Já relativamente à fauna, "durante a fase de construção prevê-se a ocorrência de diversas ações que poderão conduzir a efeitos negativos para os diferentes grupos faunísticos".

Entre outros tantos pontos dignos de consideração nesta análise, recorda-se que a implantação da central "dará origem a impactes paisagísticos" num local que fica nas proximidades de "três aldeias históricas, nomeadamente, Castelo Novo, Idanha-A-Velha e Monsanto".

Salienta-se ainda, ao "nível do património", que a fase de construção "comporta um conjunto de intervenções e obras potencialmente geradoras de impactes genericamente negativos, definitivos e irreversíveis". Mas também a existência de "um impacte económico extremamente importante e significativo" por via do "arrendamento das terras" por um período de "40 anos", mas igualmente de "um investimento de cerca de 590 milhões de euros, fundamentalmente, através da captação de capitais externos".

Conclui-se também que "a conceção do projeto garantiu a não colocação de painéis fotovoltaicos em solos agrícolas integrados na RAN [Reserva Agrícola Nacional]", que, fruto das suas características, apresentam maior aptidão para a atividade agrícola. E que "para além de reuniões mantidas com os municípios e com a [rede] Aldeias Históricas, foram também tidas reuniões setoriais e de trabalho com a APA [Agência Portuguesa do Ambiente] e ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas], em fase precoce de desenvolvimento, para apresentação e discussão do projeto".

Jornalismo Florestal - Prémios PINUS distinguem reportagens da RTP e da Antena 1


O prémio pretende distinguir o trabalho jornalístico que, pela qualidade e originalidade, contribua para um maior conhecimento sobre a importância ambiental, económica e social das florestas.

Assim, o Primeiro Prémio de Reportagem Diária foi para um trabalho de Daniela Santiago, Manuel dos Santos, Fábio Siquenique e Joana Melo, sobre o valor da Floresta e o Circuito do Carbono

O Primeiro Prémio de Grande Reportagem foi para um investigação do programa A Prova dos Factos, de Emanuel Boavista, com Paulo Maio Gomes e Guilherme Terra, sobre o facto de as verbas europeias para a floresta não chegarem ao terreno.

A RTP recebeu ainda uma Menção Honrosa para outra peça do programa A Prova dos Factos sobre o abandono do Pinhal de Leiria, também de Daniela Santiago.

A reportagem da Antena 1 sobre as Florestas Miyawaki recebeu igualmente uma Menção Honrosa. Esta distinção foi atribuída à jornalista Arlinda Brandão.

Esta é considerada "uma oportunidade para reforçar o reconhecimento do jornalismo como serviço público e celebrar a importância da floresta", segundo o promotor da iniciativa.A cerimónia da 7ª edição do Prémio Centro PINUS - Jornalismo Florestal teve lugar no Clube de Jornalistas, em Lisboa.

O Prémio Centro PINUS de Jornalismo Florestal é atribuído bianualmente e, segundo a organização, "pretende homenagear os jornalistas e as peças que aproximem a floresta do cidadão através do rigor e da informação.

Paralelamente, reconhece o papel do jornalista na sua missão de serviço público e valoriza o jornalismo livre, independente e de qualidade".

Ver as reportagens aqui


Freedom of the Press Worldwide 2025


The ongoing wave of media shutdowns
  1. According to data collected by RSF for the 2025 World Press Freedom Index, in 160 out of the 180 countries assessed, media outlets achieve financial stability “with difficulty” — or “not at all.”
  2. Worse, news outlets are shutting down due to economic hardship in nearly a third of countries globally. This is the case in the United States (57th, down 2 places) Tunisia (129th, down 11 places) and Argentina (87th, down 21 places).
  3. The situation in Palestine (163rd) is disastrous. In Gaza, the Israeli army has destroyed newsrooms, killed nearly 200 journalists and imposed a total blockade on the strip for over 18 months. In Haiti (112th, down 18 places), the lack of political stability has also plunged the media economy into chaos.
  4. Even relatively well-ranked countries such as South Africa (27th) and New Zealand (16th) are not immune to such challenges.
  5. Thirty-four countries stand out for the mass closures of their media outlets, which has led to the exile of journalists in recent years. This is especially true in Nicaragua (172nd, down 9 places), Belarus (166th), Iran (176th), Myanmar (169th), Sudan (156th), Azerbaijan (167th) and Afghanistan (175th), where economic difficulties compound the effects of political pressure.

The United States: leader of the economic depression
In the United States (57th, down 2 places), where the economic indicator has dropped by more than 14 points in two years, vast regions are turning into news deserts. Local journalism is bearing the brunt of the economic downturn: over 60 per cent of journalists and media experts surveyed by RSF in Arizona, Florida, Nevada and Pennsylvania agree that it is “difficult to earn a living wage as a journalist,” and 75 per cent believe that “the average media outlet struggles for economic viability.” The country’s 28-place drop in the social indicator reveals that the press operates in an increasingly hostile environment.

President Donald Trump’s second term has already intensified this trend as false economic pretexts are used to bring the press into line. This led to the abrupt end to funding for the US Agency for Global Media (USAGM), which affected several newsrooms — including Voice of America and Radio Free Europe/Radio Liberty — and, as a result, over 400 million citizens worldwide were suddenly deprived of access to reliable information. Similarly, the freeze on funding for the US Agency for International Development (USAID) halted US international aid, throwing hundreds of news outlets into a critical state of economic instability and forcing some to shut down — particularly in Ukraine (62nd).

Media concentration and the dominance of online platforms
These serious funding cuts are an additional blow to a media economy already weakened by the dominance that tech giants such as Google, Apple, Facebook, Amazon and Microsoft have over the dissemination of information. These largely unregulated platforms are absorbing an ever-growing share of advertising revenues that would usually support journalism. Total spending on advertising through social media reached 247.3 billion USD in 2024, a 14 per cent increase compared to 2023. These online platforms further hamper the information space by contributing to the spread of manipulated and misleading content, amplifying disinformation.

In addition to the loss of advertising revenue, which has severely disrupted and constrained the media economy, media ownership concentration is another key factor in the deterioration of the Index’s economic indicator and poses a serious threat to media plurality. Data from the Index shows that media ownership is highly concentrated in 46 countries and, in some cases, entirely controlled by the state.

This is evident in Russia (171st, down 9 places), where the press is dominated by the state or Kremlin-linked oligarchs, and in Hungary (68th), where the government stifles outlets critical of its policies through the unequal distribution of state advertising. It is also apparent in countries where “foreign influence” laws are used to repress independent journalism, such as Georgia (114th, down 11 places). In Tunisia (129th, down 11 places), Peru (130th) and Hong Kong (140th), where public subsidies are now directed toward pro-government media.

Even in highly ranked countries like Australia (29th), Canada (21st) and Czechia (10th), media concentration is cause for concern. In France (25th, down 4 places), a significant share of the national press is controlled by a few wealthy owners. This growing concentration restricts editorial diversity, increases the risk of self-censorship and raises serious concerns about newsrooms’ independence from the economic and political interests of their shareholders.

The Index’s survey shows that editorial interference is indeed compounding the problem. In over half of the countries and territories evaluated by the Index (92 out of 180), a majority of respondents reported that media owners “always” or “often” limited their outlet’s editorial independence. In Lebanon (132nd), India (151st), Armenia (34th) and Bulgaria (70th, down 11 places), many outlets owe their survival to conditional financing from individuals close to the political or business worlds. The majority of respondents in 21 countries, including Rwanda (146th), the United Arab Emirates (164th) and Vietnam (173rd), said media owners “always” interfered editorially.

Global state of press freedom is "difficult," a historical first
For over ten years, the Index’s results have warned of a worldwide decline in press freedom. In 2025, a new low point emerged: the average score of all assessed countries fell below 55 points, falling into the category of a “difficult situation.” More than six out of ten countries (112 in total) saw their overall scores decline in the Index.

For the first time in the history of the Index, the conditions for practising journalism are “difficult” or “very serious” in over half of the world’s countries and satisfactory in fewer than one in four.

An increasingly red map
In 42 countries — harbouring over half of the world’s population — the situation is classified as “very serious.” In these zones, press freedom is entirely absent and practising journalism is particularly dangerous. This is the case in Palestine (163rd), where the Israeli army has been annihilating journalism for over 18 months, killing nearly 200 media professionals — including at least 43 murdered while working — and imposing a blackout on the besieged strip. Israel (112th) continued its decline in the Index, dropping 11 places.

Three East African countries — Uganda (143rd), Ethiopia (145th), and Rwanda (146th) — entered the “very serious” category this year. Hong Kong (140th) also moved into the red zone for the first time, and is now the same colour as China (178th, down 6 places), which has joined the bottom three countries, alongside North Korea (179th) and Eritrea (180th). In Central Asia, Kyrgyzstan (144th) and Kazakhstan (141st) have darkened the region. In the Middle East, Jordan (147th) plummeted 15 places, largely due to repressive legislation used against the press.

The Index by region: the gap widens between the European Union and other zones
The Middle East-North Africa region remains the most dangerous in the world for journalists, harbouring the mass destruction of journalism in Gaza by the Israeli army. Every country in the region is in a “difficult” or “very serious” press freedom situation, except Qatar (79th). The press is caught between crackdowns from authoritarian regimes and persistent economic precariousness. Tunisia (129th, down 11 places), the only North African country to fall this year, recorded the sharpest drop in the region’s economic indicator (down 7.97 points, down 30 places), due to a political crisis where independent outlets are under direct threat. Iran (176th), where journalists are gagged and all critical viewpoints are suppressed, remains near the bottom of the Index, alongside Syria (177th), which is still awaiting a profound transformation of its media landscape post-Bachar al-Assad.

Out of the 32 countries and territories in the Asia-Pacific region, 20 have seen their economic score decline in the 2025 World Press Freedom Index. The systemic media control in authoritarian regimes is often inspired by China’s propaganda model. China (178th) remains the world’s largest jail for journalists and reentered the bottom trio of the Index, coming just ahead of North Korea (179th). Meanwhile, the concentration of media ownership in the hands of influential groups linked to those in power — as seen in India (151st) — combined with growing economic pressures even in established democracies, means that press freedom in the region faces mounting repression and increasing uncertainty.

In Sub-Saharan Africa, press freedom is experiencing a worrying decline. Eritrea (180th) retained its position as the worst-ranking country in the Index. The economic score deteriorated in 80 per cent of the region’s countries. In the Democratic Republic of the Congo (133rd, down 10 places), where the economic indicator plummeted, the media landscape is hampered by persistent polarisation and repression in the east of the country. Similar patterns appeared in other conflict zones, such as Burkina Faso (105th, down 19 places), Sudan (156th, down 7 places), and Mali (199th, down 5 places). In these situations, newsrooms are forced to self-censor, close or go into exile. The hyper-concentration of media ownership in the hands of political figures or business elites without safeguards for editorial independence remains a recurring problem, as seen in Cameroon (131st), Nigeria (122nd, down 10) and Rwanda (146th). By contrast, Senegal (74th) moved up 20 places as its authorities launched economic reform initiatives, which still need to be implemented and carried out in a consultative manner.

In the Americas, the vast majority of countries (22 out of 28) have seen their economic indicators decline. In the United States (57th), Donald Trump’s second term as president has brought a troubling deterioration in press freedom. In Argentina (87th), President Javier Milei has stigmatised journalists and dismantled public media. Press freedom has been weakened in Peru (130th) and El Salvador (135th), undermined by propaganda and attacks on outlets critical of those in power. Mexico (124th), the most dangerous country for journalists in the region, has also seen a sharp decline in its economic score. Nicaragua (172nd) comes in last in the region and sits at the bottom of the Index, as the Ortega-Murillo regime has dismantled the independent media. In contrast, Brazil (63rd) has continued its recovery after the Bolsonaro era.

Europe still leads the regional rankings but is increasingly divided. 
The Eastern Europe- Central Asia (EEAC) region has experienced the steepest overall decline worldwide, while the European Union (EU)-Balkans zone has the highest overall score globally, and its gap with the rest of the world continues to grow. However, even the EU-Balkans zone is hurt by the media’s economic crisis, as seven in 10 countries (28 out of 40) have seen their economic score decline. What’s more, the implementation of the European Media Freedom Act (EMFA) — which could benefit the media economy — is still pending. The situation is worsening in Portugal (8th), Croatia (60th), and Kosovo (99th). Norway (1st) remains the only country in the world to enjoy a “good” rating across all five indicators of the Index. It held on to its top spot for the ninth consecutive year, increasing its lead over other countries. Estonia (2nd) moved up to second place, closely followed by the Netherlands (3rd), which overtook Sweden (4th) in the world’s top three.

Relatório completo aqui

Hasse: "Mea tormenta, properate!", Jakub Józef Orliński & Il pomo d'oro



A frase “Mea tormenta, properate!” é latim e significa literalmente: “Meus tormentos, apressai-vos!”
ou, num português mais natural:
“Ó meus tormentos, apressai-vos!”

Sentido poético/dramático:
É um clamor de desespero, típico de árias barrocas de afeto trágico. O sujeito invoca os próprios sofrimentos, pedindo que eles venham rapidamente — como se desejasse que a dor final ou o desfecho trágico chegasse logo, em vez de prolongar a angústia.
 
Contexto (Hasse)
Johann Adolf Hasse escreveu várias árias em latim e italiano com temas de paixão, sofrimento e abandono. Esta expressão encaixa no estilo retórico do dramma per musica, em que o personagem expressa intensamente emoções extremas.
A ária parece ser de um oratório, Sanctus Petrus et Sancta Maria Magdalena. Encontrei a data de cerca de 1735, mas o crítico da revista Gramophone, ao comentar a obra completa, afirma: "Escrita no final da década de 1750 para órfãs venezianas apresentarem durante a Semana Santa na capela do Ospedale degl'Incurabili, com o qual Hasse estava associado desde 1734". O crítico diz ainda que a "ária rápida e angustiada 'Mea tormenta, properate!' não é apenas representativa de uma ligação perdida entre o idoso Handel e o adolescente Mozart, mas igual em qualidade dramática e musical a qualquer um deles".

Tenebrae Choir - Miserere mei, Deus, de Gregorio Allegri


'Miserere Mei, Deus' de Gregorio Allegri foi escrito em 1638 no Vaticano, como parte do seu trabalho como cantor na Capela Sistina. Foi considerado tão especial que o Papa ordenou que apenas três exemplares saíssem do Vaticano: um para o Padre Martini, um para o Rei de Portugal e um para o Sacro Imperador Romano. Atirá-lo para outros lugares é punível com excomunhão.
Assim, Mozart, ao visitar Roma, ouviu esta obra-prima, foi para casa e transcreveu a peça de memória durante 15 minutos inteiros.
Na altura, Mozart tinha 14 anos.
A voz da soprano salienta-se do ensemble. É tudo extraordinário.
Biografia de Gregorio Allegri

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Hinos de Pólen

Hinos de Pólen

"No coração do mundo, onde o vento aprende a falar,
erguem-se antigos guardiões em dança silenciosa:
abelhas douradas, aves de fogo e canto,
morcegos tecelões da noite,
borboletas que carregam o arco-íris nas asas.

Cada um, um verso vivo na respiração da Terra.

Abelhas — monjas do néctar —
trabalham com a precisão de quem sabe
que cada flor aberta é um pacto ancestral.
O seu zumbido é sutra e oração,
um lembrete de que o futuro se molda
no gesto minúsculo de tocar um estame.

As aves, mensageiras do céu,
bordam caminhos entre pétalas e horizontes,
levando consigo a memória dos ventos antigos.
No seu voo reside a ética de cuidado,
pois cada semente que dispersam
é promessa de continuidade.

Morcegos, arquitetos da noite,
pairam onde a luz não chega,
polinizando sombras com fidelidade cega,
recordando-nos de que até o invisível
sustenta a casa comum.

E as borboletas, frágeis na aparência,
mas titânicas na missão,
tocam o mundo com a suavidade
de quem compreende a delicadeza
da teia que nos une.

Todos eles, em co-evolução profunda,
esculpiram com as plantas um pacto milenar:
dar e receber, florir e nutrir,
reinventar a vida a cada estação.

Que saibamos aprender com estes mestres:
que a ética ambiental não é lei escrita,
mas um modo de respirar com o planeta;
que a ecologia profunda não é teoria,
mas pertença — radical e humilde —
ao grande tecido de relações
que nos sustém e ultrapassa.

Honremos os polinizadores,
tecelões de mundos,
pois neles a Terra encontra voz
e o futuro encontra raiz."

João Soares, 02.12.2025

Morreu Constança Cunha e Sá, figura singular do jornalismo português


Bem que andávamos desassossegados com o silêncio de Constança e Sá, sobretudo na rede X. Jornalista corajosa e frontal.
 
Ouvir os seus argumentos nos tempos da Troika era um bálsamo numa época bem negra que o País atravessou. Tinha a acutilância e a inteligência como algumas das características mais marcantes.

Outra característica marcante: no debate público em geral, representou sempre um compromisso com a verdade e com a independência editorial.

A primeira visibilidade foi na redação do Independente, do qual foi diretora-adjunta e diretora, tendo ainda sido redatora principal no Diário Económico. Porém ficou ainda mais famosa e conhecemos a sua personalidade na Televisão.

Durante muitos anos, integrou então a redação da TVI, em que foi editora de Política, mas abandonou esta estação de televisão em 2020 quando a Cofina estava em vias de entrar na Media Capital. "Saí da TVI, que durante muitos anos foi a minha casa, por uma questão de dignidade, saúde mental e higiene. Nunca acabaria a minha vida profissional a trabalhar para a Cofina. Lamento", justificou então.

Era assim, uma mulher de valores.

Um ano depois, acabaria por voltar à TVI para fazer comentário político.

Amante de livros e música erudita, fumadora assumida, na vida pessoal foi uma mulher de paixões e prazeres. Constança Cunha e Sá nunca se deixou encantar por carros. Até hoje, não tirou a carta de condução. "Nunca me inscrevi para tirar a carta e já não o vou fazer. Odeio burocracias e papelada", assumiu, sem medo das palavras.

Sentidos pêsames à família e amigos. Sentida vénia, Constança, que nunca se vergou ao sistema plutocrático.

Portugal descarta 17 milhões de peças de roupa infantil anualmente



Novas investigações da Epson revelam que Portugal envia 17 milhões de peças de roupa infantil para o aterro sanitário anualmente – o equivalente a 19 vezes a altura do Monte Evereste empilhadas numa única pilha.

Enquanto um em dois portugueses (56%) consideram ativamente roupas mais sustentáveis para si próprios, quase um em três [31%] admitem que se livram das roupas dos filhos da forma mais rápida e fácil possível. O estudo concluiu que os portugueses deitam fora 11 peças de roupa por criança todos os anos. Em comparação, os espanhóis descartam 14.

Para mostrar como a inovação pode ajudar a combater este crescente problema de desperdícios, a Epson colaborou com a estilista e pioneira da sustentabilidade Priya Ahluwalia para criar Fashion Play – uma coleção de moda de tamanho de boneca, impressa com a tecnologia digital de impressão têxtil Monna Lisa da Epson e feita a partir de resíduos têxteis com a pioneira Dry Fiber Technology da Epson, que transforma têxteis antigos em novas fibras sem água nem químicos agressivos.

De acordo com os resultados, as crianças em Portugal compram 63 peças de roupa todos os anos – totalizando 99 milhões em todo o país. Quase um em cada dois portugueses (41%) diz que os seus filhos têm peças não usadas com etiquetas ainda presas guardadas nos roupeiros, enquanto 52% deitaram fora ou reutilizaram roupas que NUNCA foram usadas.

Maria Eagling, Diretora de Marketing da Epson Europe, explica que “a moda oferece a todas as idades uma via criativa para a autoexpressão, mas todos temos um papel a desempenhar em fazer melhores escolhas no que toca ao que compramos e como nos livramos disso quando terminamos. Embora existam ações simples que os consumidores podem tomar – desde reduzir a quantidade que compram até dar prioridade ao usado – quisemos mostrar como inovações como a Dry Fiber Technology também podem ajudar a reduzir a quantidade de roupa que vai para o aterro”.

“A coleção Fashion Play é uma homenagem divertida ao nosso amor por nos vestirmos – que começa quando somos crianças – mas usar métodos e materiais como estes pode provocar uma mudança sísmica na indústria da moda e no planeta. Estamos muito entusiasmados por trabalhar com a Priya Ahluwalia, uma designer que admiramos imenso pelo seu esforço de upcycling e pelo seu compromisso em criar peças bonitas que não prejudicam o planeta”, acrescenta.

Fashion Play inspira-se na coleção Ahluwalia AW25. Para além da Dry Fiber Technology, outros métodos de produção usados para criar os conjuntos incluem a impressora digital têxtil de próxima geração da Epson, a Monna Lisa, que pode reduzir o consumo de água na fase de impressão a cores da produção de vestuário em até 97%.

Sobre a coleção Priya Ahluwalia sublinha que “ao viajar para a Índia e Nigéria, testemunhei a verdadeira dimensão do desperdício têxtil resultante da indústria ocidental de vestuário em segunda mão. Essa experiência ficou comigo, e desde então tenho-me esforçado por trabalhar de uma forma melhor para as pessoas e para o planeta, especialmente no sul global”.

“Esta colaboração com a Epson vai além da moda. Trata-se de iniciar conversas sobre sustentabilidade em múltiplos níveis, desde a forma como nos vestimos até ao que escolhemos para aqueles que amamos. Através desta coleção de miniaturas feita com a tecnologia Dry Fiber, esperamos mostrar que a inovação e a imaginação podem remodelar o futuro da moda”, adianta.

Para mais informação aceda ao relatório aqui