“Eternity Road”, dos Lowlife, é geralmente entendida como uma canção sobre tempo, perda e a sensação de caminhar indefinidamente sem resolução, usando a estrada como metáfora existencial. A “estrada da eternidade” não aponta para um destino concreto, mas para um percurso contínuo, quase imóvel, em que o sujeito avança sem chegar verdadeiramente a lado nenhum.
A letra e a atmosfera sugerem estagnação emocional, luto prolongado ou um estado depressivo em que o passado pesa mais do que o futuro. A ideia de eternidade não é reconfortante; é antes opressiva, associada à repetição, ao vazio e à impossibilidade de encerramento. Caminhar por essa estrada implica aceitar uma duração infinita da dor, da memória ou da ausência.
Musicalmente, a canção reforça esse sentido simbólico: o andamento lento, o baixo hipnótico e a voz distante criam uma sensação de suspensão temporal, típica do post-punk e da cold wave. Não há catarse nem clímax evidente, o que sublinha a ideia de um percurso emocional contínuo e sem redenção.
Assim, “Eternity Road” pode ser lida como uma reflexão melancólica sobre a condição humana, em particular sobre a experiência de viver preso a sentimentos que não se resolvem — um tema recorrente na obra dos Lowlife, marcada pela introspeção, alienação e consciência da passagem do tempo.
“Eternity Road”, dos Lowlife, foi lançada em 1986. A canção integra o álbum Permanent Sleep, editado pela 4AD, que é considerado o trabalho mais marcante da banda.
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