Há quem chame “apocalipse do plástico” ou “Idade do Plástico” à era em que vivemos atualmente. Mas como era Portugal antes do plástico?
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São mais de 8,8 milhões de toneladas de plástico que acabam por parar nos oceanos.
Só na União Europeia, são consumidos mais de 46 mil milhões de garrafas de plástico, 16 mil milhões de copos, 2,5 mil milhões de embalagens descartáveis e 36,4 mil milhões de palhinhas, representando cerca de 51% do lixo encontrado nas praias dos países europeus.
Portugal estará num bom caminho? O nosso país contribui anualmente, no seu quotidiano, com 721 milhões de garrafas, 259 milhões de copos de café descartáveis e 1000 milhões de palhinhas de plástico. Isto representa números astronómicos de consumo de plástico e de produção de resíduos por pessoa: cada português produz uma média diária de 1,32kg de resíduos.
Como era Portugal antes do plástico?
O plástico foi inventado no final do século XIX e a sua produção começou por volta da década de ‘50. Vamos recuar 70 anos no tempo, onde de plástico pouco se falava.
Começando pelo comércio, uma das indústrias que mais contribui para a propagação de plástico pelos oceanos, imagina ir às compras sem recorrer ao uso de plástico? Em 1950 não necessitava de sacos de plástico para comprar o que quer que fosse.
Nas mercearias antigas, o sal, a farinha, o arroz, o feijão, o café, pão e tantos outros tipos de alimentos e condimentos eram entregues aos “fregueses” em cartuxos de papel ou em sacos de pano ou algodão levados pelos próprios. Chamavam-se compras a granel e, para além de utilizarem zero plástico, evitavam a compra excessiva e a acumulação de produtos alimentares durante longos períodos de tempo em casa. Assim, conseguiam ter sempre alimentos frescos!
E os enlatados? Os enlatados, como sardinhas, atum ou salsichas, eram levados em caixas de fósforos grandes! Já o bacalhau, era embrulhado em papel de jornal, e o fiambre e o queijo em papel manteigueiro, mais conhecido por papel vegetal.
No que dizia respeito aos líquidos, como o azeite, o óleo e o vinho, que normalmente estavam em bidões dispostos pelas lojas, os merceeiros passavam os mesmos para garrafas ou garrafões de vidro que os clientes levavam de casa. O mesmo acontecia com os doces – compotas, mel – e até detergentes!
Para levar todas as compras para casa, os clientes recorriam a sacos reutilizáveis, de pano ou de serapilheira. Mais uma vez, sem recorrer ao plástico!
O setor da restauração também não utilizava a quantidade de plástico de que hoje é responsável. Foi em 1888 que surgiram as primeiras palhinhas, criadas e patenteadas por Marvin Stone. Contudo, estas palhinhas eram feitas de papel, não de plástico.
Em 1960, as palhinhas de plástico, assim como muitos outros produtos descartáveis – copos, pratos e talheres –, invadem o mercado. Os custos eram mais reduzidos e a duração era maior, quando comparados com os produtos de papel. Nesse tempo, ninguém imaginava o impacto que hoje o planeta viria a sentir.
No campo da higiene pessoal, o plástico também não era necessário. Até 1895, ou seja, até ao aparecimento das primeiras lâminas de barbear descartáveis, os homens faziam a barba com navalha e com tratamentos de toalhas quentes.
Se é possível vivermos sem plástico? A resposta é sim. Nesta época foi possível viver desta forma, porque não seria agora, que temos mais e melhorados recursos e tecnologia de ponta? Acima de tudo, a mudança começa com pequenos gestos, que por mais exíguos que sejam, vão sempre ter um impacto positivo no ambiente.
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