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O projeto fotográfico de Johnny Miller, “Cenas Desiguais”, retrata a desigualdade na distribuição de riqueza ao redor do mundo.
Quando estava a tirar um mestrado em Antropologia na Universidade da Cidade do Cabo, na África do Sul, o fotógrafo americano ficou desconcertado com a desigualdade com que aí se deparou.
“A partir do minuto em que pomos os pés na Cidade do Cabo, ficamos rodeados de barracas”, contou ao site Mother Nature Network. “As barracas de lata rodeiam o aeroporto e são precisos 10 minutos para as deixarmos para trás e chegarmos aos bairros mais prósperos, onde as pessoas mais privilegiadas (incluindo eu) vivem. Este é o statu quo na Cidade do Cabo, na África do Sul, e em muitas partes do mundo – mas esse é um statu quo com o qual não concordo.”
Com a ajuda de um drone, Johnny Miller decidiu mostrar esta realidade ao mundo e foi assim que nasceu o projeto “Unequal Scenes” (Cenas Desiguais). Depois da África do Sul, o fotógrafo continuou a explorar os contrastes e as linhas que separam os ricos dos pobres em muitos outros países, incluindo o México, a Tanzânia, a Índia e o Quénia.
“As imagens que eu considero as mais poderosas são as tiradas quando a câmara está a apontar diretamente para baixo, olhando para as fronteiras entre os ricos e os pobres”, explicou.
“Às vezes, [esta fronteira] é uma vedação, por vezes é uma estrada ou até um pântano, sendo que de um lado há pequenas barracas ou habitações pobres e do outro casas maiores ou mansões. Há qualquer coisa na composição destas fotografias que as torna extremamente intensas para as pessoas. Acho que tornam a desigualdade relevante – as pessoas podem ver-se refletidas nas imagens e é profundamente inquietante.”
A escolha das cenas envolve a investigação e identificação dos potenciais locais com base em dados de censos, mapas, reportagens e até conversas, conta Miller. O fotógrafo espera que o seu projeto desperte reações e promova debates sobre a desigualdade.
“Vi este trabalho dar início a diálogos entre todo o tipo de pessoas – com ou sem estudos, ricos ou pobres, de todas as cores e géneros. Era isto mesmo que eu queria e desejava que acontecesse – que as fotos fossem discutidas e que através dessas conversas pudéssemos começar a compreender a dimensão do problema, e que através desse entendimento pudéssemos desenvolver soluções.”
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