quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

Zaha Hadid: o nome mais procurado de arquitetura no Google


O arquiteto mais procurado do mundo é uma mulher árabe: Zaha Hadid. A arquiteta iraquiana naturalizada britânica apareceu em primeiro lugar nas pesquisas do Google de 84 países, 61% dos 130 países monitorados pela Money (GB). O levantamento feito pela consultoria britânica traz uma oportunidade para falar sobre o trabalho da primeira mulher a receber o Prémio Pritzer, o “Nobel da Arquitetura”. 
A arquitetura não é mais um mundo só de homens. Essa ideia de que mulheres não podem pensar em três dimensões é ridícula”, disse Zaha em um discurso ao aceitar um prêmio de liderança feminina em 2013. A frase ganhou fama por si só ao mostrar que, mesmo no século 21, a construção ainda é um meio dominado pelos homens. Tanto que Zaha só venceu o Pritzer, a maior honraria da arquitetura internacional, em 2004. Até então, nenhuma mulher havia sido premiada.  Na época, a artista tinha 56 anos. Em 2012, ela foi nomeada dama pelos seus serviços em arquitetura. E, em 2016, um mês antes de sua morte, ela se tornou a primeira mulher a receber a medalha de ouro do Royal Institute of British Architects. 

Zaha Hadid: rainha das linhas curvas
Entre os seus trabalhos mais reconhecidos estão o Centro Aquático de Londres, para as Olimpíadas de 2012; a casa de Ópera de Guanzhou, na China; e o Centro Heydar Aliyev, em Baku, no Azerbaijão. Suas obras são marcadas por um estilo contemporâneo e pós-moderno, com muitas linhas curvas e formas surpreendentes.  Sua regra principal era: “não pode ter ângulos de 90 graus. No início, tudo era diagonal”. 

A escolha por formas pouco convencionais deu a ela o apelido de “rainha da curva”. Formada em matemática no Líbano, Zaha entrou no mundo da arquitetura quando tinha 22 anos e foi estudar na prestigiada Architectural Association School of Architecture. A arquiteta inovou na forma de criar suas obras: no lugar do desenho técnico, ela pintava quadros e papéis de seus projetos. Mesmo depois dos computadores, com seus softwares de criação técnica, ela permaneceu com este hábito.

Fortemente inspirada pela arte “geométrica” dos suprematistas russos, como Malevich, e pelas vanguardas soviéticas dos anos 1920, Zaha buscou no abstrato e no design uma visão de fora para suas construções. Apesar de não seguir uma única categoria, suas obras são vistas como parte do desconstrutivismo, movimento que reinterpretou o modernismo nos anos 1980 e 1990. Alguns, no entanto, a descrevem como neo-futurista.


“Não fazemos prédios bonitos. As pessoas pensam que o prédio mais apropriado é um retângulo, porque normalmente é a melhor maneira de usar o espaço. Mas isso quer dizer que a paisagem é um desperdício do espaço? O mundo não é um retângulo. Você não vai a um parque e diz: ‘Meu Deus, não temos cantos retos aqui”, disse Zaha em entrevista ao The Guardian, em 2012.  

Ela insistia que todos os seus prédios são inteiramente práticos, construídos em torno de diferentes padrões organizacionais. “É como dizer que todo mundo tem que escrever exatamente da mesma maneira. E simplesmente não é o caso.”

Arquitetura com função 
“Eu não acho que a arquitetura é apenas para criar abrigos, não é apenas sobre criar espaços. A arquitetura deveria ser capaz de te animar, de te acalmar, de te fazer pensar”,  afirmou Zaha para a revista Newsweek, em 2011. 

A carreira de Zaha foi marcada por desenhos e obras de prédios públicos, voltados para grandes grupos de pessoas, como bibliotecas, teatros e museus.

Durante a  sua trajetória, o seu nome também esteve envolto em polémica, por trabalhar para países como a China. Em entrevista ao The Guardian, dada em 2013, ela falou sobre o caso: “Independentemente do regime, é importante construir uma instalação cívica para a população. Se alguém me pedir para fazer uma biblioteca, eu não diria que não quero fazer isso por conta de onde está. É importante se envolver com esses países porque os conecta ao resto do mundo. Se eu disser que não vou construir em certos lugares, há muitos outros lugares que eu também não iria. Eu não estaria fazendo nada em nenhum lugar. Eu simplesmente não construiria”.

Mesmo assim, Zaha viu limites para o que faria ou não: “ mas se alguém me pedir para construir uma prisão, eu não faria. Não construiria uma prisão, independentemente de onde esteja, mesmo que fosse muito luxuosa”. A arquitetura, no final das contas, tem um propósito no mundo. 

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