Soube-se hoje, dia aziago, que Maspero morreu. Como aqui lembrava alguém, os portugueses exilados em Paris viveram com ele e com a sua livraria Joie de Lire, no Quartier Latin.
Foi para essa livraria que viajei com um grupo de amigos em 1972, não ia a Paris, ia à Joie de Lire. Era lá que estavam os livros, era lá que havia palavras e subversão. Ia fazer 16 anos anos e esperava ver aquela revolução em livros - só tinham passado quatro anos do Maio de 68 - e não me desiludi. Quem lá trabalhava fazia o contacto com os grupos revolucionários então proibidos em França, organizava as remessas de publicações para os grupos clandestinos em Portugal, ou em Espanha. Sim, havia uma revolução lá e outra cá.
E Maspero era o nome daquilo. Da livraria, das edições, de cada livro. François Maspero. Era ele, o que nos deixa agora, quarenta anos depois, já sem livraria nem edições. E que continuou sempre, umas vezes romancista, outras vezes editor, sempre do mesmo lado. Tudo começa e nada acaba, François.
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