terça-feira, 21 de março de 2023

Reflexão sobre o Dia Mundial da Poesia e Dia Internacional contra a Discriminação Racial


Os professores mudam vidas, é um facto. Os professores são uns poetas. Porém, na sala de aula dos dias de hoje, a individualização é muito esgotante. Já não temos apenas alunos portugueses. Há islâmicos, há os de NEE, há os judeus, há os testemunhas de Jeová, há russos, ucranianos, africanos, os evangélicos, etc. Todos ainda à procura, com os pais, da dupla nacionalidade. A base intelectual e cultural são muito fortes, para uma avaliação justa. A educação para a cidadania é por isso muito importante. Depois, as famílias estão muito desestruturadas. A ansiedade e irritabilidade é uma constante entre os alunos. 

Encontrar um(a) aluno(a) que goste da Escola no sentido lato, é quase um milagre. E temos 5, 6 turmas. Com 20 a 25 alunos. O fastio impera, o materialismo também. Vejo alunos com melhores roupas e até já têm carros muito mais caros que a de um(a) professor(a). Finalmente, o copianço, a trapaça, a burocracia, as provas, a rejeição dos pais- o meu/minha filha é incapaz disso (!). 

A literacia dos nossos pais ainda continua muito baixa- a maioria tiraram o 9º ano, tão pouco mais do que além. Fazê-los entender a linguagem da Escola versus o poder de acesso informativo, TIC e SMS dos telemóveis é uma árdua tarefa. Os (poucos) pais licenciados são terríveis anti-escola. Não são empáticos com os docentes. Por outro lado há uma extra-escola, que é o mudo dos explicadores. 

Um telemóvel dos dias de hoje é um mini-PC. Não há recreio. Os alunos ficam nos corredores aditivos aos aplicativos dos telemóveis. O Instagram e Watssap torna-os poderosos instrumentos de racismo, gordofobia, coscuvilhice, namoricos precoces, idadismo, machismo, "tribos" e reacções psicóticas. 

Desconstruir isto tudo é sobre-humano. O educador não é um super-tudo. Tem família, é pai/mãe ou cuidador informal.

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