"Eu sou, mas o que eu sou não importa a ninguém:
Dos amigos sou como memória perdida.
As minhas próprias mágoas me consomem –
Elas surgem e vão-se, multidão esquecida,
Como sombras de exaltado, reprimido amor –
E contudo eu sou e vivo, névoa impelida
Para o nada do escárnio e da gritaria,
Para o mar vivo de os sonhos despertos,
Onde não se sabe o que é a vida ou alegria
Mas onde ocorre o naufrágio de meus afetos.
Mesmo os mais queridos, os que mais prezo,
Estranhos são – mais estranhos mesmo que o resto.
Estar onde ninguém esteve, são desejos meus,
Onde mulher não chorou ou sorriu contente –
E lá poder viver com meu Criador, Deus,
Dormir como na infância dormi docemente,
Estar assim, sem perturbar nem ser perturbado,
Erva, em baixo – por cima, o céu abobadado."
John Clare
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