segunda-feira, 26 de maio de 2025

Enfrentar a crise climática e a mortalidade humana com Eiren Caffall


Num mundo assolado por catástrofes diárias, há uma que afecta toda a gente, mas não recebe a atenção que merece. A crise climática — permeada pelo colapso ecológico, pela guerra e pela acumulação infinita de recursos alimentada pelo capitalismo — é o problema do nosso tempo. Os sinais de alerta estão lá, mas, como disse a autora Eiren Caffall ao apresentador Chris Hedges, as pessoas não conseguem lidar com os factos relacionados com a "fragilidade do nosso ecossistema e [simplesmente não têm uma grande forma de gerir o impacto emocional disso".

Caffall junta-se a Hedges neste episódio do The Chris Hedges Report para discutir o seu romance, All the Water in the World, e o seu livro de memórias, The Mourner’s Bestiary. Explica que falar sobre o clima é muitas vezes difícil de engolir porque lida com ideias de impermanência: "Acho que estamos a ter dificuldades em falar sobre a nossa dor climática, a nossa experiência com o colapso ecológico como um coletivo, como um planeta que se depara com a evidência da nossa mortalidade."

Como alguém que lidou com perdas e traumas durante toda a vida por causa da doença renal policística hereditária, uma doença genética que afeta a sua família há mais de 150 anos, Caffall emprega uma perspetiva única quando se trata de preservar as histórias e a arte da sua família.

“Esta sensação de que é vital proteger quaisquer histórias que possamos perante uma grande perda está como que enraizada na minha história, na minha infância, na minha compreensão do meu papel enquanto adulta de contar as histórias dos mortos, de preservar a cultura dessas pessoas, de garantir que há uma continuidade”, conta a Hedges.

Caffall compreende a necessidade de histórias como a sua para criar a empatia que falta num mundo que vê continuamente a violência como uma resposta para os problemas. “Simplesmente acho que, na verdade, esta vulnerabilidade e esta presença são as verdadeiras ferramentas de que precisamos para conseguirmos mover-nos cuidadosamente pelo mundo com que estamos a ser confrontados neste momento e num possível futuro mais sombrio.”

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