Todos sabemos que a Paleontologia (do grego “palaios”, antigo, “óntos”, ser e “logos”, conhecimento, estudo) é a ciência que, através dos fósseis, estuda os seres vivos que, ao longo de centenas de milhões de anos, povoaram a Terra. Nela aprendemos que todas as espécies animais ou vegetais, em número de muitos milhares (talvez milhões), surgiram num dado momento, aqui se mantiveram por períodos menos ou mais longos e se extinguiram, umas, no decurso de grandes eventos ditos catastróficos, nas chamadas “extinções em massa”, outras, na sequência da sua condição natural de coabitação e competição no seio da biodiversidade.
Todas tiveram um fim.
E esta espécie que somos nós, baptizada Homo sapiens, não é excepção. Antes desta, outras espécies, com destaque para Homo erectus, Homo habilis e Homo neanderthalensis, sugiram, viveram e desapareceram de vez, “em cumprimento deste destino”, maneira literária de dizer, que a extinção das espécies é uma condição natural. O problema que hoje se nos coloca, e com cada vez mais premência, é:Por quanto tempo ainda cá andaremos?
Embora se queira acreditar que o génio humano, através da ciência e da tecnologia, saberá encontrar soluções que o habilitem a sair vitorioso na competição com outras espécies, e a ultrapassar dificuldades, crises ou catástrofes naturais, a verdade é que a insaciável ganância do mundo do dinheiro, próprio do capitalismo selvagem, a que estamos a assistir, está a acelerar o fim da nossa passagem por este mundo.
Ao promover a sobre-exploração dos recursos naturais não renováveis, uma realidade indesmentível, e ao poluir, a uma intensidade e a um ritmo nunca vistos, o ar, a água e os solos, a sociedade dita do desenvolvimento aproxima o terminar inglório desta “coisa” que somos nós.
E esta “coisa”, que saiba quem nunca pensou nisso, é matéria que, convenientemente estruturada (o nosso cérebro), conquistou a capacidade de se interrogar e de intervir no seu próprio destino. Carbono como o que forma o carvão e o diamante, oxigénio e azoto como os do ar que respiramos, hidrogénio igualzinho ao que se usa para encher balões que sobem no ar, fósforo e umas pitadas de outros elementos químicos combinam-se, ao longo de uma evolução de cerca de treze mil e oitocentos milhões de anos (a idade do Universo), num conjunto complexo e único com capacidade e ver, ouvir, sentir, pensar, amar, criar…
Um mundo harmonioso e belo, fruto dessa imensidade de tempo, um mundo que tem tudo o que, de essencial, precisamos para viver (o ar que respiramos, a água que bebemos, o chão que nos dá o pão e tudo o que nos permitiria ser felizes) tem vindo a ser agredido, conspurcado e já, em parte, destruído, pela dita insaciável ganância. E acresce que, a par desta triste e suja realidade, estão, bem à vista de todos, a escandalosa riqueza de uns tantos e a extrema pobreza de muitos.
Se os políticos, os empresários, as organizações não governamentais e os cidadãos dignos desse nome, souberem e quiserem intervir no sentido de inverterem (ainda estamos a tempo) esta caminhada para o abismo (a perspectiva de conflitos armados não está fora deste quadro) podermos dar aos nossos descendentes um horizonte de vida, não só mais alargado, mas mais feliz.
A imagem, cuja autoria desconheço, reflecte muito do mundo que estamos a viver.
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