domingo, 26 de outubro de 2025

Ecologia, Democracia Participativa e Cultura: antídotos contra o extremismo



Sim, existe extrema-esquerda violenta na Europa, com grupos anarquistas e de esquerda radical envolvidos em ataques (principalmente sabotagem, incêndio) em vários países.

Na história recente da Europa, a maioria dos grupos terroristas, da Irlanda à Espanha, da Alemanha à Itália foram todos de extrema-esquerda. E continua viva e activa. Pelo que também têm de ser combatida com a mesma força e veemência que a extrema-direita.

Muitos ataques atribuídos à extrema-esquerda não visam necessariamente vítimas humanas ou grandes danos, mas sim alvos simbólicos (infraestruturas, empresas) — o que dificulta comparações directas com terrorismo de outra natureza. Dizem-se anti-capitalistas, anti-globalização, anti- indústria fóssil.

Os dados mais robustos sobre “crimes de ideologia” (fora da classificação de terrorismo) são menos sistematicamente agregados a nível europeu para extrema-esquerda.

No entanto, em termos de terrorismo global ou ataques massivos, nem sempre esses grupos têm a mesma escala de operação que outras ameaças extremistas (como jihadistas).

As instituições europeias (como a RAN, Europol e o Conselho da Europa) já reconhecem esse risco e trabalham para monitorá-lo e combatê-lo.

Existiram muitos grupos de extrema-esquerda radical também na América do Sul. Contudo foram extintos e alguns formaram partido democrático, como o Movimento de Participação Popular ( MPP ), que é um partido político de esquerda uruguaio , fundado por ex-guerrilheiros do Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros . O MPP faz parte da Frente Ampla , seu líder é Yamandú Orsi e, antes de sua morte, José Mujica . O MPP hoje em dia concorre às eleições com o nome Espacio 609.

Porém e centrando em Portugal, a extrema-esquerda terrorista não existe. A violência política mais grave (bombas, atentados) foi, na verdade, de origem de extrema-direita, como as FP-25 (Forças Populares 25 de Abril) nos anos 1980 — embora estas misturassem retórica de esquerda revolucionária com práticas paramilitares, e sejam frequentemente classificadas como um grupo terrorista de matriz “nacional-revolucionária”. 

Hoje, a extrema-esquerda portuguesa manifesta-se de forma pacífica e democrática, através de partidos como: Bloco de Esquerda (BE) Partido Comunista Português (PCP). Ambos participam no sistema parlamentar e rejeitam a luta armada.

Recuando aos anos quentes do PREC falemos do Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) essa sim foi uma organização terrorista de extrema-direita portuguesa ativa, cujos membros ainda estão vivos: José Miguel Júdice e Diogo Velez Mouta Pacheco de Amorim (actual vice-presidente da Assembleia da República e guru do Chega). Em 1962 Diogo Amorim centra a sua actividade política na teorização e combate em prol do integracionismo, insurgindo-se contra a política de autonomia, então protagonizada pelo ministro do Ultramar, Adriano Moreira. Distancia-se também da perspectiva adoptada por Cunha Leal. Em 1971 é um dos ferozes críticos da política assumida por Marcelo Caetano no plano das autonomias ultramarinas. A obra nesse ano editada, “Na Hora da Verdade”, ia-lhe valendo nova passagem pela prisão: em Conselho de Ministros, o então Ministro do Ultramar Silva Cunha, propôs a sua prisão. Os restantes ministros apoiaram. Opôs-se o ministro César Moreira Baptista por considerar que isso teria efeitos contraproducentes. Marcelo Caetano decidiu a favor de Moreira Batista. Fernando Amorim não desistiu e fundou o PND, populista de direita, eurocéptico e extremamente conservador.

O livro de Miguel Carvalho já em sexta edição "Quando Portugal ardeu" aborda as relações de parte da direita tradicional com o MDLP, Plano Maria da Fonte e quejandos.

Portanto, o balanço geral é que a extrema-direita é tão preocupante neste momento como a extrema-esquerda. Há os dois populismos, claro.

O avanço da extrema-direita é um sintoma de crises profundas — sociais, ecológicas e culturais. Quando as pessoas se sentem inseguras, isoladas ou sem futuro, crescem o medo e a desconfiança. É nesse terreno que o extremismo floresce.

A ecologia e a democracia oferecem caminhos opostos: cultivam empatia, interdependência e responsabilidade partilhada. Educar para o pensamento crítico, reforçar a solidariedade local e comunicar com clareza são formas de resistência cívica. Contra narrativas de extrema-direita e extrema-esquerda.

Proteger a Terra e cuidar das pessoas são faces da mesma luta. Só uma sociedade justa, informada e ambientalmente consciente poderá travar o ódio e reconstruir a confiança.

O Contexto actual
A extrema-direita em ascensão na América do Norte, na Europa, Rússia, China, em Israel e mais além encontra muito do seu apelo em histórias sobre o que está para vir. Os desejos nativistas de proteger o Ocidente do declínio cultural e da "substituição" demográfica, embora ostensivamente retrógrados, encontram a sua urgência na ansiedade de que em breve será demasiado tarde para mudar de rumo, misturada com a esperança de um confronto político. Para os verdadeiros crentes, o futuro é uma fonte de colapso iminente, que aguçará identidades, hierarquias e limites, algo para o qual se deve acelerar. A nova direita identitária de hoje está menos preocupada com o brilho caloroso do passado imaginado do que com as novas possibilidades que se reservam "no rescaldo do caos", como descreveu o activista francês da nova direita Guillaume Faye.

A direita radical e terrorista já existe. O terrorismo de direita moderno apareceu pela primeira vez na Europa Ocidental na década de 1980 após a dissolução da União Soviética. Os terroristas de direita pretendem derrubar governos e substituí-los por governos nacionalistas ou de orientação fascista. O núcleo desse movimento inclui skinheads neofascistas, hooligans de extrema-direita, e jovens simpatizantes que acreditam que o Estado deve se livrar de elementos estrangeiros para proteger os cidadãos ditos "legítimos". Senão travarmos a tempo, a cegueira destes novos extremistas de direita vai ser um luta armada para impôr o seu propósito fascista. 

O terrorismo de direita é terrorismo motivado por uma variedade de ideologias e crenças de extrema-direita, pós-apocalíptica (só a tecnologia supra-nacionalista "salvará" a humanidade) como já referi anteriormente em conluio com a os extremistas de direitas mais tradicionais como o anticomunismo, neofascismo, neonazismo, racismo, xenofobia, homofobia, transfobia, contra a "islamização" em curso e uma oposição clara à imigração. Esse tipo de terrorismo tem sido esporádico, com pouca ou nenhuma cooperação internacional. 

Contudo, em ambos movimentos o conceito de seita existe. Uma espécie de clã, de um primitivismo atroz, quase teológico. Que abala todos os nossos valores de humanismo, de ajuda mútua, valores democráticos e extinção da mesma. Realmente esta corja, com intentos irracionais e antidemocráticos, vai chegar o apelo à força, ao armamentismo. Esta mensagem está ganhar terreno desde inícios de Janeiro deste ano por fulanos como Elon Musk (o homem mais rico do mundo), que já chegou a dizer que empatia ameaça a civilização. Ele está errado. Ele é essa ameaça.

A confluência dos extremistas de direita tecno-futurista com o extremismo de direita mais tradicional são uma ameaça contemporânea mas evitável. Porém é urgente o seu combate e desejamos que voltem para as cavernas e ao seu silenciamento/cancelamento antes que seja demasiado tarde.

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