quinta-feira, 23 de novembro de 2023

Ainda a Homenagem a Sara Tavares - afinal o racismo negro contra os brancos existe em Portugal


Porque é que Cristina Roldão não escreve em cabo-verdiano "bunita"?? Bela homenagem logo no título!! Diz a cronista que corriam os anos de 1993 e 1994 e que "naqueles breves minutos - quando a Sara Tavares cantou e venceu o Chuva de Estrelas e o Festival da Canção- , deixámos de ser mandadas para a “nossa terra”, porque subitamente éramos daqui; deixámos de ser as “pretas da Guiné que lavavam a cara com chulé”, as “barrote queimado”, as “macacas” que cheiravam a “catinga”. Só se for em Lisboa.
Quantos "brancos" portugueses que conheço e adoptaram menino(a)s moçambicanos, cabo-verdianos, tomeenses já antes dessa altura.... Os próprios retornados de África foram os pioneiros na adopção de crianças africanas. Não trouxeram ódio. Muitos dos seus filhos mantiveram a dupla-nacionalidade (Angola-Portugal, Moçambique-Portugal, Guiné-Bissau-Portugal, por aí fora).  Cristina Roldão mal!! Não convoquemos racismo negro. Sara Tavares não era racista!! Contudo e por falar  nos anos 80 (e 90) na faculdade onde estudei havia muitos estudantes universitários CPLP. Portugal nunca falhou o pagamento da bolsa. Já os seus países de origem demoravam a pagar. Tinham que trabalhar para concluir os estudos. Os macaenses também igual sorte. 
Outra homenagem racista leio em Joacine Katar Moreira, apelando ao orgulho preto, dizendo que morreu "uma luz para todas nós, meninas negras". Sara foi adoptada por avós brancos no Pragal. Morreu uma MULHER. Ponto. Grande voz, amor eterno à música. Lembremos a Sara Tavares, sem etnia nem côr. 
P.S. Uns tios meus "brancos" ( já falecidos ) adoptaram uma menina manca moçambicana. Isto há 40 anos atrás. Agora é uma mulher realizada, está casada com um homem "branco" e têm dois filhos mestiços. Já conversei com ela muitas vezes sobre se alguma vez sentiu em Portugal alguma discriminação por  ser "preta" e ela diz-me que não e que está-se a marimbar para o Black Lives Matters. "Isso é um fenómeno dos States", diz ela. E tem razão.

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