Presenciamos um novo cenário mundial. Um novo contexto político, económico e social com inúmeras oportunidades e desafios através da 4ª Revolução Industrial, ou Indústria 4.0, como também é chamada.
O conceito de Quarta Revolução Industrial foi dado em 2016 por Klaus Schwab, fundador do Fórum Econômico Mundial, no seu livro homónimo. Portanto, nada melhor do que ir às suas páginas para encontrar uma definição: "A Quarta Revolução Industrial gera um mundo no que os sistemas de fabricação virtuais e físicos cooperam entre si de uma maneira flexível a nível global". Porém, não consiste somente em sistemas inteligentes e conectados. "Seu alcance é mais amplo e vai desde o sequenciamento genético até a nanotecnologia, e das energias renováveis à computação quântica. É a fusão destas tecnologias e sua interação por meio dos domínios físicos, digitais e biológicos que fazem com que a Quarta Revolução Industrial seja diferente das anteriores".
Não são meros avanços incrementais, estas tecnologias emergentes surgiram com propostas e possibilidades disruptivas, subvertendo formas já existentes de sentir, calcular, organizar, relacionar, expressar e tomar decisões.
Antes de entrarmos no requisito de prosperidade ou ameaça, é importante conhecer as fases de cada revolução industrial.
A Primeira Revolução Industrial aconteceu através da força do vapor. A Segunda Revolução Industrial teve como objeto a energia elétrica. Já a Terceira Revolução Industrial surgiu com a eletrónica e TI. A 4ª Revolução Industrial chega quebrando paradigmas, através da convergência entre o mundos físico, digital e biológico (in Klaus Schwab, 2016- 4ª Revolução Industrial). Todos integrados em prol das novas necessidades e hábitos da sociedade.
É um novo Mindset que está a moldar o futuro - que já é o agora - e o caminho da humanidade. Tudo está acontecendo numa velocidade tão grande que ainda não conseguimos ter a percepção das oportunidades e ameaças que temos pela frente. A grande questão é como iremos lidar com os desafios.
Não se trata apenas de tecnologia, pelo contrário, como o próprio Ricardo Cappra citou na sua apresentação durante o Festival Patch 2018:
"Na inovação a tecnologia não é a protagonista, ela é o meio. Os protagonistas continuam sendo as pessoas, que quando exploram esse recurso da melhor forma possível, potencializam seus negócios e decisões".
Está cheio de futurólogos prevendo os robôs a dominar o mundo num futuro próximo. Caso isto aconteça (o que é muito difícil), a 4ª Revolução Industrial será um fracasso e extremamente tóxica para a sociedade.
Claro que em trabalho e processos repetitivos os robôs irão dominar. A automação vem evoluindo desde a década de 70, com o avanço da robótica este seria um caminho natural.
Se focarmos em tecnologias de forma isolada, como simples ferramentas, todo o potencial positivo da 4ª Revolução Industrial irá flopar. Elas precisam fazer sentido e diferença na vida das pessoas, princípio básico da inovação.
Tecnologias emergentes como IA, IoT, Automação, Robótica, Blockchain, Machine Learning, RA, RV, etc, são sensacionais e capazes de transformar - para o bem ou para o mal - a sociedade e o mundo.
Klaus Schwab cita 3 importantes desafios para que a Industria 4.0 prospere:
- Nos certificar dos benefícios desta nova onda para que sejam distribuídos de forma justa e igual. Precisa ser inclusiva e sustentável, caso contrário, a desigualdade e soberania das grandes potências mundiais irá reverberar.
- Controlar as externalidades no que diz respeito aos possíveis riscos e danos. A computação quântica por exemplo poderia causar riscos significativos de segurança e privacidade. Armas de destruição em massa de fácil acesso e, assédio online também devem ser gerenciados.
- Que seja feita por humanos e para humanos. Não podemos perder a nossa essência e valores, a 4ª Revolução Industrial precisa ser centrada na humanidade. É como o pensamento sistêmico do Design Thinking, pessoas como os principais agentes na transformação. Empoderamento e oportunidades.
Precisamos rever também os atuais modelos de Governança, com mais agilidade e compatibilidade, incluindo os setores privado, governos e instituições regulatórias.
Os regulamentos e normas estão a ser estruturados por esta poderosa gama de oportunidades das tecnologias emergentes. Cabe a nós, trabalharmos em defesa de uma sociedade mais evolutiva, a fim de moldarmos a 4ª Revolução Industrial pela prosperidade.
Inovação não acontece num passe de mágica, é um processo centrado nas pessoas, não em tecnologias.
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