Fonte: O Observador |
Jonathan Balcomb, da Humane Society Institute for Science and Policy dos Estados Unidos, fundamenta a sua opinião num estudo publicado em março passado no Journal of Ethology. Na pesquisa, os investigadores filmaram raias manta gigantes a verificar os seus reflexos num grande espelho instalado no aquário onde vivem nas Bahamas.
O “teste do espelho” tem sido amplamente utilizado pela comunidade científica como forma de tentar aferir o grau de auto-consciência de animais mas apenas um número reduzido de espécies, sobretudo primatas, passaram no teste. A utilização do “teste do espelho” é amplamente discutida entre os cientistas como forma de medir a auto-consciência das espécies, já que muitos alegam que se desconhece até que ponto os animais conseguem realmente “ver” as imagens que são refletidas.
Apoiado na sua experiência como biólogo especializado em comportamento animal que tem passado os últimos quatro anos a explorar a ciência sobre a vida de peixes e somando ao resultado do “teste do espelho” das mantas, Jonathan Balcomb, considera que se está a subestimar as capacidades de diversos vertebrados marinhos.
Jonathan Balcomb conclui que as evidências acumuladas até ao momento levam à conclusão inevitável de que os peixes pensam e sentem. Uma opinião em sintonia com o debate da semana passada no parlamento sobre o reconhecimento dos animais como seres sensíveis no Código Civil e no qual os partidos discutiram e aprovaram o enquadramento legal dos animais como “seres vivos dotados de sensibilidade”.
O etologista é também autor do livro “What a Fish Knows: The Inner Lives of Our Underwater Cousins” onde escreve que os peixes são “criaturas sensíveis que vivem vidas governadas pela cognição e percepção” baseando-se na sua própria experiência de investigação com peixes e em diversos estudos científicos levados a cabo por outros investigadores.
1 comentário:
Estas conclusões científicas levam-me por vezes a pensar que nós como espécie é que pensamos pouco e sentimos ainda menos tal a dimensão da nossa indiferença relativamente às outras espécies. Deixo aqui o relato de uma pequena experiência:
Quando cá em casa concluímos que não podíamos mais ter aquários, devido à elevada proliferação de peixes, e de acharmos que vender esses peixes a lojas de animais era a sua morte certa a breve prazo, eu e a minha mulher oferecemos os animais e o nosso equipamento ao Aquário Vasco Da Gama de Lisboa. Durante a última visita para a entrega do material restante perguntei aos biólogos como estavam passando os dois bótias (Chromobotia macracanthus) disseram-me que ainda estavam de quarentena nos aquários na parte alta da sala. De onde me encontrava os peixes não eram visíveis e assim se mantiveram por longos minutos sem que eu os visse. Entretanto a minha mulher que era quem limpava o aquário e os alimentava entrou na sala e perguntou o mesmo que eu. Mal a sua voz se ouviu os dois peixes vieram para o topo do aquário junto ao vidro mais próximo de nós, tornando-se visíveis e observando como se quisessem verificar a presença da minha mulher. Sofremos um momento de espanto e revelação, pois não nos pareceu que tivesse sido um episódio fortuito.
Sim para nós foi claro que os peixes reconhecem quem os trata ou pelo menos quem os alimenta. Os peixes têm uma inteligência emocional para lá do seu campo mórfico.
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