sábado, 8 de novembro de 2025

Novo relatório: o mundo precisa de cortar 60% de desflorestação até 2030 - ou meta global pode fracassar


O alerta é do novo relatório da Forest Declaration Assessment, lançado nas vésperas da COP30, em Belém (PA). O relatório mostra que, só em 2024, o planeta perdeu 8,1 milhões de hectares de florestas — uma área equivalente à Áustria —, o que representa um nível 63% acima do necessário para zerar o desmatamento até o fim da década.

Além do corte raso, a degradação florestal também preocupa: atingiu 8,8 milhões de hectares, impulsionada por incêndios e eventos climáticos extremos. O impacto climático é gigantesco — as emissões associadas à destruição de florestas tropicais somaram 3,1 biliões de toneladas de CO₂ em 2024, o mesmo que 700 milhões de carros a gasolina rodando por um ano. 

As florestas tropicais úmidas, como a Amazônia, seguem como epicentros da perda florestal global. O relatório cita Brasil, Colômbia e Indonésia como países-chave tanto pelo risco quanto pelo potencial de liderar uma viragem na proteção florestal. No caso brasileiro, o desmatamento na Amazônia caiu 11% entre 2024 e 2025, alcançando o menor nível em 11 anos — mas a degradação por incêndios, secas e extração seletiva continua em alta.

Agropecuária segue como o principal motor da destruição, respondendo por nove em cada dez hectares desmatados na última década. Já a restauração de florestas, embora positiva, ainda é tímida: projetos em curso cobrem 11 milhões de hectares, número insuficiente diante da escala das perdas.

O relatório também denuncia o desequilíbrio financeiro: enquanto US$ 5,7 biliões foram investidos anualmente na proteção florestal entre 2022 e 2024, o valor representa apenas 1,4% dos US$ 409 biliões em subsídios agrícolas que favorecem o desmate. E apenas 3% das empresas analisadas têm compromissos sólidos e verificáveis contra o desmatamento.

A Forest Declaration Assessment conclui que o sistema financeiro global ainda ignora os riscos florestais e que, sem rastreabilidade, segurança fundiária e eliminação de subsídios perversos, o mundo dificilmente cumprirá a promessa de zerar o desmate até 2030.

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