quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Geoengenharia poderia agravar ainda mais as mudanças climáticas, diz cientista


A geoengenharia seria uma maneira de combater as mudanças climáticas com a mesma urgência que o problema exige e alguns cientistas apostam nessa ferramenta, como lançar sulfatos à atmosfera para resfriá-la — pelo menos, em teoria. No entanto, outros alertam sobre as consequências nocivas que esta mudança artificial pode acarretar a planeta.

Enquanto o mundo avança para ultrapassar o limite de 1,5 °C de aquecimento global — em relação aos níveis pré-industriais —, a geoengenharia pode se tornar a resposta mais imediata em combate a este problema, mas isso não significa que seja a melhor alternativa.

A cientista climática Kate Ricke do Scripps Institution of Oceanography, explicou que, uma vez que a geoengenharia é relativamente simples e, portanto, de fácil acesso, inevitavelmente muitos países optarão por esta saída, mas as consequências podem ser desastrosas.

Além disso, Ricke ressaltou ainda não entender como o uso da geoengenharia — também conhecida como intervenção climática — ainda não tem uma grande adesão, uma vez que em termos de economia ela é vantajosa. Mas a cientista foi taxativa: “para mim, isso significa que é realmente urgente fazer mais pesquisas”.

Geoengenharia em ação

Uma forma de geoengenharia seria injetar grande quantidade de aerossóis de alguns sulfatos na atmosfera terrestre, onde seriam espalhados por todo o globo. Em teoria, essas substâncias atuariam refletindo parte da radiação solar e, assim, resfriaram o clima da Terra.

Nuvens liberadas pelo vulcão Cumbre Vieja, em setembro deste ano, dispersando-se pela atmosfera 

Este mesmo efeito é percebido quando ocorre uma erupção vulcânica, na qual suas grande colunas de fumaça lançam grande quantidades de sulfatos à atmosfera, derrubando a temperatura em algumas partes do mundo. No entanto, trata-se de um fenmeno natural que da história do planeta.

Já a geoengenharia poderia provocar o efeito oposto e piorar as condições climáticas, que já não andam muito bem — sobretudo porque definir seu impacto ´num sistema tão complexo quanto o terrestre é uma tarefa difícil. Além de depositar a solução das mudanças climáticas em uma única ferramenta.

Por essas e outras razões, a cientista climática ressaltou a necessidade de que mais pesquisas sejam feitas na área antes que qualquer geoengenheiro tente “salvar” a Terra. “[Para] ter uma tomada de decisão coletiva em escala global, você precisa de uma ciência vista como legítima por todos”, acrescentou Ricke.

Nuvens longas e estreitas deixadas por navios acima do Pacífico (Imagem: Reprodução/NASA)

Alguns projetos já estão em andamento, como a criação de nuvens mais brancas produzidas com a água do mar para refletirem mais luz solar e, portando, resfriar o planeta. Ainda assim, a pesquisa segue tentando entender os possíveis impactos locais e globais deste geoengenharia.

Fonte: Via Futurism

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