quinta-feira, 28 de outubro de 2021

Áustria prepara-se (e prepara a população) para risco de apagão


“A questão não é se haverá um grande apagão, mas quando”, disse a ministra da Defesa. Além de uma campanha com conselhos sobre o que fazer para se estar prevenido, o país vai fazer investimentos adicionais em áreas como o contraterrorismo e defesa cibernética. Cem quartéis deverão ser autossuficientes em matéria de abastecimento de água, comida e energia até 2021


A Áustria está preocupada com a possibilidade de um ‘apagão’ num futuro próximo e, por isso, empenhada em preparar-se para essa eventualidade. Por um lado, as autoridades lançaram uma campanha para o público, ensinando o que fazer para fazer frente a uma falha de energia por tempo indeterminado; por outro, a ministra da Defesa, Klaudia Tanner, anunciou uma série de investimentos, com vista, nomeadamente, à “ecologização” militar.

Tanner já o tinha dito em abril: “A questão não é se haverá um grande apagão, mas quando”, um risco que considera subestimado. Foi agora mais longe, ao criticar a União Europeia (UE), sublinhando ser uma ilusão que os Estados-nação ainda tenham a capacidade de enfrentar ameaças como esta por conta própria.

“Uma falácia fatal”, frisou, para acrescentar que essa falta de capacidade não é válida apenas para a Áustria, mas para todos os países da UE.
“Quero dizer com toda a clareza: a UE tem que parar de falar apenas sobre Política Comum de Segurança e Defesa e começar a entregar essa segurança à sua população”, afirmou Klaudia Tanner.

O país está a dar passos nesse sentido. No início de outubro foi lançada a campanha informativa, divulgada nos media e em ‘outdoors’, para explicar “o que fazer quando tudo parar”. Os conselhos são muito práticos: ter reservas de água e comida para vários dias, combustível, fogão portátil a gás, algum dinheiro, velas, pilhas e outros artigos essenciais à mão. A referência dada pelo Exército austríaco é preparar um armazenamento como se estivesse em causa uma estadia de duas semanas num acampamento.

Num cenário sem semáforos, computadores, caixas multibanco, internet ou telemóveis, também é recomendado antecipar um esquema de colaboração com familiares e vizinhos, forma de garantir que, em caso de necessidade, ninguém fica sem assistência.

QUARTÉIS AUTOSSUFICIENTES

Quanto à preparação do país, a ministra da Defesa anunciou investimentos adicionais em contraterrorismo, defesa cibernética e controle de acidentes, com a Áustria a planear investir até 800 milhões de euros na chamada “ecologização” do sector de defesa.

A meta está traçada. A partir de 2025, cem dos principais quartéis austríacos serão o mais autossuficientes possível em termos de produção de energia e abastecimento de alimentos, água potável e combustível.
De acordo com o que explicou um tenente-coronel à agência Efe, a partir daí, em caso de apagão, o passo seguinte é apoiar bombeiros e médicos, seja com energia elétrica ou ajuda em termos de coordenação. As Forças Armadas já ensaiaram cenários de catástrofe.

Para o ministro do Interior, Karl Nehammer, um apagão é “uma das maiores ameaças para um Estado moderno”, e pode ter várias origens. A acontecer, as suas potenciais consequências não se ficam pelos problemas de abastecimento, podendo gerar ondas de saques e instabilidade social que coloquem em perigo as infraestruturas mais sensíveis, outra área a exigir a intervenção das forças de ordem.

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