segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Dia Nacional da Cultura Científica


A atribuição do Grande Prémio Nacional Ciência Viva 2025 enche-me de alegria profunda e de imensa gratidão. Recebo este reconhecimento com emoção, porque vem de uma instituição que representa a expressão viva da nossa cultura científica.

A Ciência Viva é uma das histórias mais inspiradoras e bonitas do nosso país. Conseguiu algo que parece simples, mas que é profundamente transformador: aproximar a ciência das pessoas. De todas as pessoas. 

A Ciência Viva não é apenas uma agência; é uma ideia tornada movimento. É uma arquitetura de oportunidades que, ao longo de quase três décadas, fez da ciência uma dimensão quotidiana da vida cívica, chegando a escolas, famílias, museus, autarquias, investigadores, artistas e comunidades locais — sempre com um programa coerente, exigente e, simultaneamente, inclusivo. A sua força reside precisamente na diversidade dos públicos a que chega e na capacidade de renovar continuamente as formas de diálogo entre ciência e sociedade.

Neste dia 24 de novembro, Dia Nacional da Cultura Científica, não posso deixar de evocar Rómulo de Carvalho — mestre da curiosidade, da poesia e do rigor — e recordar as palavras visionárias de Mariano Gago, que descreveu esta data como “um momento privilegiado de equilíbrio, reflexão e ação sobre o papel do conhecimento no nosso futuro”. Essa visão permanece viva na Ciência Viva: na forma como estimula o pensamento crítico, alimenta a imaginação e fortalece uma cidadania que não teme fazer perguntas.

A ciência inspira. Abre janelas. Dá linguagem às perguntas que trazemos dentro. E quando vemos crianças e jovens portugueses aproximarem-se dela com paixão, confiança e vontade de transformar, sentimos que há futuro. Um futuro que nasce do espanto, da coragem de pensar mais longe e da liberdade de imaginar.

A ciência tem este poder raro: despertar, em todas as idades, o impulso de descobrir, experimentar e compreender. Ver crianças e jovens encontrar na ciência não apenas uma paixão, mas também um propósito, é uma das maiores conquistas do nosso país democrático. É a prova de que investir na cultura científica é investir em liberdade, futuro e esperança.

Como bióloga, sinto ainda uma responsabilidade acrescida. Num tempo marcado por desafios ambientais sem precedentes, este prémio recorda-me que comunicar ciência, envolver comunidades e valorizar o conhecimento são atos essenciais de cuidado com a natureza e com o mundo vivo. A transição para uma sociedade que reconhece a sua interdependência ecológica só será possível com mais ciência, mais participação e mais cultura científica.

Por tudo isto, este prémio é, para mim, um estímulo e um compromisso renovado: continuar a contribuir para uma ciência presente, aberta, dialogante e capaz de inspirar mudança.
Muito obrigada.

Sem comentários: