Há um país no mundo que proibiu uma prática inerente ao ser humano: a música. Há um país no mundo que baniu as raparigas das escolas.
O Afeganistão mergulhou no silêncio quando os talibã chegaram ao poder no Verão de 2021. "A música é a minha vida, é tudo para mim. Quando penso em viver sem música sinto que não posso respirar " declara Sevinch Majidi. Há mais de 2 anos que a estudante Sevinch não vê a família que ficou no Afeganistão. Ela estudava no ANIM - Instituto Nacional de Música do Afeganistão em Cabul. Agora vive no norte de Portugal, frequenta o Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Braga tal como muitos outros estudantes afegãos que tiveram de fugir de Cabul. "Tranquei o meu violino numa sala em Cabul para o deixar a salvo, mas não sei o que lhe aconteceu", confessa Al Sina Hotak.
Vivem em Braga com o pensamento a voar sempre para as famílias em Cabul que enfrentam uma severa crise económica e todas as outras restrições sociais e profissionais do regime talibã. Vivem em ansiedade permanente pelo que poderá estar a acontecer com as irmãs ou os irmãos, com as mães ou os pais.
Enfrentaram as diferenças de língua, comida, hábitos sociais, religião, cultura. Mantêm o sonho de amplificar a voz da música afegã. Foram a Genebra, tocaram no Palácio das Nações Unidas quando se evocavam os Direitos Humanos. Formam uma jovem orquestra no exílio à espera de conseguirem voltar a romper o silêncio no Afeganistão.
"Longe de Cabul" é um documentário da autoria de Cândida Pinto e Daniel Mota, com imagem de David Araújo e Daniel Mota, edição de Maria Azevedo e realização de Daniel Mota.
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