Numa curta recapitulação fui à procura de uma cartografia dos depósitos de loess (depósitos eólicos formados após o recuo dos gelos do Würm), reconhecidos pela sua fertilidade na bibliografia agronómico-pedológica. Reparem na mancha amarela do mapa acima, que se estende da Bacia de Paris até à Rússia. Confirmem a importância da Ucrânia no sistema alimentar mundial, francamente mais relevante do que a Rússia porque usufrui de um clima menos frio e mais chuvoso do que os loess siberianos. Portugal nem aparece na gravura.
Como se não bastasse, faltam-nos grandes planícies aluviais (a verde no mapa, vd. vale do Pó), os grandes depósitos neogénicos de origem aluvial que enchem, por exemplo, a peneplanície de Castela-a-Velha, grandes extensões de rochas básicas de origem vulcânica como na planície do Lázio, onde nasceu Roma, e os depósitos marinhos que explicam a prosperidade dos Países Baixos e da Dinamarca.
É fundamental perceber que a Península Ibérica, se juntou geologicamente muito tarde à Europa e que se levantou em média 600 metros durante o Cenozoico. A partir deste levantamento ocorrido há volta de 50 milhões de anos, passamos a contar com um imenso transporte de sedimentos, pelas nossas linhas de água, em direção ao mar, deixando-nos apenas a rocha descarnada mais dura, enquanto, contrariamente, as linhas de água centro-europeias transportam sedimentos que continuam a depositar na grande planície centro-europeia. Não podemos amputar todas as responsabilidades á geografia localista, a Suíça é a exceção à regra, mas que ela tem a sua grande cota de importância no desenvolvimentos dos povos, lá isso tem. Em Miranda temos um provérbio que diz: "adonde nun lo hai, naide lo puode dar".
O maciço ibérico, com as suas formações de xisto e granito, coincide com as regiões mais pobres da península: Galiza, Trás-os-Montes, Beira Interior, Alentejo e Extremadura.
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