terça-feira, 18 de outubro de 2022

Música do BioTerra: José Afonso - "O pão que sobra à riqueza"

Tão actual: estufas de plástico no SE Alentejano, abacate por todo o lado, olival intensivo no Alentejo...
Zeca, um verdadeiro visionário e António Aleixo, que volta e meia, relembramos.


O pão que sobra à riqueza

Tira o chapéu milionário
Vai um enterro a passar
Foi a filha de um operário
Que morreu a trabalhar.

O pão que sobra à riqueza,
Distribuído pela razão,
Matava a fome à pobreza
E ainda sobrava pão.

Se eu fosse carpinteiro
Casava com uma ceifeira
Juntava a foice ao martelo;
Fazia a nossa bandeira

O padre vendeu a burra
Para não dar mais cevada
Agora vai aos enterros;
A cavalo na criada;

Se a morte fosse interesseira
Ai de nós o que seria
O rico comprava a morte
Só o pobre é que morria

Um pouco de História do álbum
Entre 30 de Setembro e 1 de Outubro de 1975 foi gravado o disco "República" em Roma, Itália. Este álbum foi interpretado por Zeca Afonso e Francisco Fanhais em solidariedade para com o jornal República e a Reforma Agrária em Portugal. O produto da venda dos discos destinava-se a apoiar financeiramente a Comissão de Trabalhadores do jornal que estava em luta com a administração há vários meses, tendo mesmo ocupado as suas instalações, acusando-a de tentar transformar o jornal num orgão afeto ao Partido Socialista. Este apoio, no entanto, já chegou tarde. A 26 de Janeiro de 1976, o Conselho da Revolução, por pressão do PS, devolve forçosamente o jornal aos seus proprietários que imediatamente o encerram. Nunca mais voltaria a publicar. Os fundos recolhidos foram então destinados ao Secretariado Provisório das Cooperativas Agrícolas de Alcoentre.[Mais info aqui]



Biografias:
António Aleixo
Francisco Fanhais
Zeca Afonso

Sítios:
AJA - Associação José Afonso
Fundação António Aleixo

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