quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Relembrar Teófilo Braga - Presidente da República que disse não ao automóvel


O Centenário da morte de Teófilo Braga (24.2.1843 - 28.1.1924) passou despercebido. Era açoriano e foi presidente da República durante dois mandatos, entre 1910 e 1915. Recusou automóvel oficial, considerando que isso seria um símbolo de ostentação e de distanciamento do povo. Ao tomar posse, recusou o automóvel oficial que lhe foi oferecido, preferindo usar o transporte público ou andar a pé, para poder estar mais próximo das pessoas. Excerto de um discurso de Teófilo Braga, em que ele explica a sua recusa do automóvel oficial: "Não quero automóvel. Não quero automóvel porque sou pobre. Não quero automóvel porque sou um homem do povo. Não quero automóvel porque não quero que me vejam como um aristocrata ou um monarca. Quero que me vejam como um companheiro, como um amigo, como um irmão."

A obra literária de Teófilo Braga é imensa e portanto impossível de a enumerar exaustivamente num documento resumo, como este pretende ser. Não queremos é deixar de mencionar alguns exemplos, quanto mais não seja para ilustrar a diversidade das áreas sobre que se debruçou. Assim, Folhas Verdes, de 1859, Stella Matutína, de 1863, Visão dos Tempos e Tempestades Sonoras, de 1864, A Ondina do Lago, de 1866, Torrentes, em 1869, Miragens Seculares de 1884, representam incursões no campo da poesia. Ainda neste campo escreve a História da Poesia Popular Portuguesa, em 1867, abrangendo o Romanceiro Geral e Cancioneiro Popular e A Floresta de Vários Romances de 1868.

Como investigador das origens dos povos, seguiu a linha da análise dos elementos tradicionais desde os mitos, passando pelos costumes e terminando nos contos de tradição oral, que lhe permitiram escrever obras como Os Contos Tradicionais do Povo Português, de 1883, O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições, em 1885, e História da Poesia Portuguesa, que lhe levou anos a escrever, procurando as suas origens através das várias épocas e escolas.

As áreas restantes das suas 360 obras, abrangem campos tão diversos como o da História Universal, História do Direito, da Universidade de Coimbra, do Teatro Português, da influência de Gil Vicente naquela forma de manifestação artística, da Literatura Portuguesa, das Novelas Portuguesas de Cavalaria, do Romantismo em Portugal, das Ideias Republicanas em Portugal, passando pelos folhetos de polémica literária e política e ensaios biográficos, como o que respeita a Filinto Elísio.
Além desta verdadeira enxurrada literária, nem sempre abordada com o rigor exigido, o que lhe valeu várias críticas dos meios literários da época, não se pode esquecer o seu contributo para a coordenação das obras de Camões, Bocage, João de Deus e Garrett, os prefácios para tantas obras dos escritores mais representativos e um sem-número de artigos escritos para os jornais do seu tempo.

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