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| Khan Younis, sul da Faixa de Gaza, 22 de novembro de 2023. Foto de Mohammed Dahman |
A esfera pública, tanto nas redes sociais quanto na diplomacia internacional, está dominada por uma novilíngua cautelosa, onde a precisão sucumbe ao medo da reação. Palavras como genocídio, racismo, xenofobia, e apartheid são substituídas por termos amenos, não porque perderam relevância, mas porque se tornaram mistificação e que ameaçam os ditadores e multinacionais.
Nas plataformas digitais, a autocensura é uma tática de sobrevivência e de submissão, à custa de desinformação massiva e de desgaste e até MEDO. Evitamos nomear o ódio e a violência com termos exatos para não sermos punidos por algoritmos ou pelo "cancelamento". O despeito pelas reivindicações dos sindicatos existe e os globocratas tudo estão a fazer (via controlo dos media, plataformas digitais, com desinformação e com posições abertamente desumanas e cheias de maldade) para os denegrir e isso é também uma ameaça à democracia. Acrescentaria arrivismo!
Essa moderação artificial impede que o público/ cidadão chame o que é sujo pelo seu nome, distorcendo a gravidade dos problemas sociais e ideológicos.
Há claramente uma lavagem do cidadão (citizen washing). A citizen washing refere-se a estratégias de empresas, governos ou organizações que usam uma retórica de cidadania, participação cívica ou empoderamento social para melhorar a sua imagem, sem realmente promoverem mudanças estruturais ou garantirem uma participação efetiva dos cidadãos. É, portanto, uma forma de “lavagem” comunicacional: aparentar compromisso democrático ou inclusivo sem o praticar de facto.
No palco global, essa mesma pressão se manifesta. O caso de Israel e o conflito em Gaza é o exemplo perfeito. A coragem da África do Sul de usar a palavra "genocídio" na Corte Internacional foi recebida com indignação por nações ocidentais, que preferiam a linguagem de "crise humanitária" ou "direito de defesa". Essa rejeição inicial serve para defender o status quo e evitar implicações políticas e jurídicas.
Estamos também mergulhados numa crise democrática com novos colonialismos: químicos (pesticidas e outros venenos) , lavagem verde, monoculturas intensivas e exóticas (eucalipto, soja, milho, etc), minerais raros, ouro, diamantes, Big Oil, Big Tech e Big Pharma. Onde vivem cá Elon Musk e os seus comparsas multibilionários, todos reconhecidamente de direita e por vezes com atitudes e compromissos da ultra-direita.
O Sul Global e a China perseguem os seus "activistas" ora ambientais ora dos direitos humanos e até os assassinam!
No fim, a novilíngua não é sobre civilidade, é sobre controle. Ao nos impedir de usar as palavras mais quentes, ela nos impede de sentir a indignação e a urgência necessárias para exigir mudanças. É uma ferramenta de moderação que prioriza a ordem da narrativa em detrimento da verdade nua e crua.
Assim como não chamamos de genocidas, quem comete crimes contra a humanidade, também não chamamos de fascistas quem defende políticas fascistas! Chamamos de extrema direita, suavizando o que são realmente. Para os Palestinianos, demorar a chamar de genocídio apenas aumenta o número de mortos.
Demorar a chamar os fascistas pelo nome, custará a nossa democracia.
Referências bibliográficas

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