"A Terra é nossa casa e não o nosso shopping"
Conheça o lowsumerism, nova tendência de consumo
Antes de comprar algo, você já se perguntou se realmente precisaria daquilo ou se estava apenas em busca de autoafirmação? Ou mesmo se, ao adquirir um produto, estaria prejudicando o planeta de alguma forma? É esse tipo de questionamento que traz uma nova tendência mundial. O “lowsumerism” (low + consumerism, ou baixo consumismo em português) vem buscando estimular um consumo cada vez mais consciente e equilibrado.
A maneira como gastamos dinheiro hoje começou a ser riscada durante a Revolução Industrial. Era preciso aumentar a procurapara que a produção (e os lucros) também crescessem. A publicidade fez sua parte: entrou na vida da população de maneira agressiva, pela TV, rádio e nas publicações. A compra de determinados bens eram associados à felicidade, ao bem-estar e ao status. De maneira inconsciente, passamos, então, a comprar muito mais do que o necessário – em grande parte das vezes, sem perceber.
Todo esse consumo desenfreado tem apenas um lado realmente frágil: o planeta Terra. “O lowsumerism é um reflexo do nosso momento político e económico, mas também da percepção de que o consumo frenético é insustentável”, comenta Henrique Diaz, diretor da Box 1824, agência de pesquisa de tendências em consumo, comportamento e inovação.
Lowsumerism e a nova lógica de mercado
De acordo com a instituição Global Footprint Network, se não mudarmos nosso padrão de consumo, antes de 2050 precisaremos de dois planetas Terra para conseguir suprir todas as nossas necessidades. Isso quer dizer que, em essência, a questão não é financeira. Mas sim de preservação dos recursos naturaise de comprar o que é realmente necessário. “O lowsumerism não trata de gastar menos dinheiro ou de deixar de consumir, mas de fazer isso com sentido e consciência”, reforça Diaz.
Lançado pela Box 1824, o vídeo The Rise of Lowsumerism (O Surgimento do Lowsumerism) narra de maneira sucinta, em dez minutos, como surgiu, se desenvolveu e vem se transformando o hábito do consumo no século 21. E o mais importante: como isso vem trazendo resultados desastrosos para o planeta. De acordo com o vídeo, por exemplo, um terço dos recursos naturais da Terra foi consumido somente nas três últimas décadas.
A solução apresentada para salvar o planeta é bastante simples: reduzir drasticamente o consumo. Só assim, é possível dar tempo ao meio ambiente para se renovar sem esgotamento e ter uma menor produção de lixo.
A tendência da redução do consumo já começa a mudar até mesmo como as grandes marcas pensam a publicidade. Hoje, elas se preocupam mais em mostrar os benefícios do produto, as matérias-primas e a forma de produção. “O consumidor não quer mais o excesso, mas um produto de qualidade”, comenta Diaz. Por qualidade, entende-se também a sustentabilidade da sua produção.
Para evitar compras por impulso, o vídeo propõe que cada pessoa se questione sobre alguns pontos antes de fechar a compra. O objetivo não é fazer com que ela mude os hábitos de uma hora para a outra. Mas que se quebre a lógica de consumo, desestimulando aquisições desnecessárias e impulsivas.
- Você também pode se questionar antes de adquirir um produto:Você realmente precisa disso?
- Você pode pagar por isso?
- Você não está querendo ser incluído ou afirmar sua personalidade?
- Você sabe a origem desse produto e para onde ele vai depois de descartado?
- Você não está sendo iludido por publicidade e branding?
- O mais importante: você acha que essa compra prejudica o planeta?
- Quantas dessas compras você acha que o planeta pode suportar?
Consumindo menos
Embora ainda em proporções tímidas, o consumo reduzido vem ganhando força nas mais diversas esferas da sociedade. Ele já mostra sua força no uso de carros compartilhados, por exemplo, ou mesmo nos grupos que se organizam pelas redes sociais para comprar legumes e frutas orgânicos de maneira coletiva. Cresce também a predileção pelo faça você mesmo, por marcas que prezam o bem-estar socioambiental e por todas as iniciativas de compartilhamento (de livros, roupas, entre outros).
Sem comentários:
Enviar um comentário