A caça foi uma forma ancestral de sobrevivência e a sua história está, inegavelmente, ligada ao desenvolvimento da sociedade e do ser humano.
O sector da caça deu lugar a um poderoso e influente Sector do Negócio da Caça que conta com muitas pessoas ligadas aos principais partidos políticos. Cada vez há menos caçadores, cada vez há mais matadores profissionais. Aqueles que outrora baseavam a sua prática nos valores venatórios e éticos tradicionais e que respeitavam os ciclos da natureza são cada vez em menor número. A caça, nos dias que correm, mais não passa de uma indústria de reservas e coutadas, que envolve muito dinheiro, daí as reacções violentas do sector, protagonizadas por alguns que se julgam senadores e consideram que o sector é intocável. Mas não é.
São estas pessoas, que não conseguem manter um mínimo ético nas relações humanas, que pretendem convencer a sociedade de que o conseguem fazer com os animais e com a natureza? Vamos continuar, um pouco por todo o lado, a assistir ao naufrágio de práticas que perpetuam a crueldade pela histórica reação popular contra a força bruta.
A mudança destas mentalidades e atitudes que querem eternizar a ganância, a ignorância e as vaidades pede que este sector agora industrializado aprenda a punir os prevaricadores, à semelhança do que acontece com as entidades, organizações, associações ou ordens profissionais que pugnam pela sua credibilidade. A defesa cega de más práticas que se verifica entre caçadores só continuará a descredibilizar o sector e por consequência a perturbar os ecossistemas, desrespeitando os nossos recursos naturais e a afectar a saúde pública.
Para os que afirmam que o PAN e os especialistas de várias áreas que se juntam ao movimento não percebem nada de caça ou de agricultura e querem destruir o mundo rural, "urbanitos" que somos, devolvo uma pergunta simples: Está tudo bem com o sector? Não é necessário alterar nada?
E o que dizer daqueles caçadores urbanos, que se afirmam defensores do mundo rural e das tradições ancestrais, cujas práticas "sustentáveis e saudáveis" consistem em levantarem-se nas madrugadas de domingo, percorrerem centenas de quilómetros até uma qualquer zona privada, meter chumbo em tudo o que mexe, incluindo tantas vezes animais que foram criados em cativeiro e, no final, tirar umas fotos junto da chacina e comer um almoço típico do interior rural: um arroz de marisco?
Mas alguém acredita que quem paga para abater animais (muitos de aviário) o faz com a nobreza missão de preservar a biodiversidade e as tradições do mundo rural? Assumam que gostam de se divertir desta forma. Assumam que os animais não têm valor intrínseco. Assumam que os animais só têm valor se pertencerem a uma espécie cinegética, e claro, apenas na medida em que servem para serem caçados. Sadio convívio, é também outra expressão utilizada para esta actividade.
Continuar a negar que existem caçadores que utilizam veneno quando há registos de morte por envenenamento de animais pertencentes a espécies protegidas por parte do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) é, mais uma vez, enfiar a cabeça na areia e apoiar as irregularidades que se praticam por todo o país. Assim como negar que há caça excessiva, que é preciso uma moratória às espécies exauridas.
Negar a crueldade, registada com orgulho obtuso nas redes sociais, que resulta da utilização de matilhas de cães como meio de caça é corroborar com as mesmas atitudes dos proprietários que treinam cães para serem armas mortíferas contra pessoas e outros animais. Para não falar dos inúmeros casos em que cães de matilha são maltratados, abandonados ou abatidos por aqueles que se dizem caçadores.
E porquê tanta resistência a uma maior fiscalização, como por exemplo a obrigatoriedade da presença de um inspector sanitário nos actos venatórios de caça maior, tal como já acontece em Espanha, e que pode prevenir a proliferação de enfermidades presentes em várias espécies de caça e passíveis de transmissão aos seres humanos? A Federação Nacional de Caçadores e Proprietários tem alertado para este problema.
Ontem decorreu em Santarém o 25.º Encontro Nacional de Caçadores, onde marcou presença o baronato da indústria da caça. Nesta reunião, que decorreu numa sala onde era patente a falta de renovação de ar, uma novidade: o Sr. Ministro da Agricultura, apoiante do Sector do Negócio da Caça, declarou-se também ele "contra a caça selvagem, sem ética e sem regras".
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Para os que afirmam que o PAN e os especialistas de várias áreas que se juntam ao movimento não percebem nada de caça ou de agricultura e querem destruir o mundo rural, "urbanitos" que somos, devolvo uma pergunta simples: Está tudo bem com o sector? Não é necessário alterar nada?
E o que dizer daqueles caçadores urbanos, que se afirmam defensores do mundo rural e das tradições ancestrais, cujas práticas "sustentáveis e saudáveis" consistem em levantarem-se nas madrugadas de domingo, percorrerem centenas de quilómetros até uma qualquer zona privada, meter chumbo em tudo o que mexe, incluindo tantas vezes animais que foram criados em cativeiro e, no final, tirar umas fotos junto da chacina e comer um almoço típico do interior rural: um arroz de marisco?
Mas alguém acredita que quem paga para abater animais (muitos de aviário) o faz com a nobreza missão de preservar a biodiversidade e as tradições do mundo rural? Assumam que gostam de se divertir desta forma. Assumam que os animais não têm valor intrínseco. Assumam que os animais só têm valor se pertencerem a uma espécie cinegética, e claro, apenas na medida em que servem para serem caçados. Sadio convívio, é também outra expressão utilizada para esta actividade.
Continuar a negar que existem caçadores que utilizam veneno quando há registos de morte por envenenamento de animais pertencentes a espécies protegidas por parte do Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) é, mais uma vez, enfiar a cabeça na areia e apoiar as irregularidades que se praticam por todo o país. Assim como negar que há caça excessiva, que é preciso uma moratória às espécies exauridas.
Negar a crueldade, registada com orgulho obtuso nas redes sociais, que resulta da utilização de matilhas de cães como meio de caça é corroborar com as mesmas atitudes dos proprietários que treinam cães para serem armas mortíferas contra pessoas e outros animais. Para não falar dos inúmeros casos em que cães de matilha são maltratados, abandonados ou abatidos por aqueles que se dizem caçadores.
E porquê tanta resistência a uma maior fiscalização, como por exemplo a obrigatoriedade da presença de um inspector sanitário nos actos venatórios de caça maior, tal como já acontece em Espanha, e que pode prevenir a proliferação de enfermidades presentes em várias espécies de caça e passíveis de transmissão aos seres humanos? A Federação Nacional de Caçadores e Proprietários tem alertado para este problema.
Ontem decorreu em Santarém o 25.º Encontro Nacional de Caçadores, onde marcou presença o baronato da indústria da caça. Nesta reunião, que decorreu numa sala onde era patente a falta de renovação de ar, uma novidade: o Sr. Ministro da Agricultura, apoiante do Sector do Negócio da Caça, declarou-se também ele "contra a caça selvagem, sem ética e sem regras".
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