quarta-feira, 12 de julho de 2023

Ibuprofeno e outros analgésicos são criados a partir de resíduos da indústria do papel


Quando se fala em problemas ambientais e no impacto da indústria neste assunto, raramente se considera a indústria farmacêutica. Contudo, existem estudos que indicam que será mais poluente que a produção de carros. Perante os desafios ambientais, também as farmacêuticas terão que encontrar soluções. A criação de analgésico a partir de resíduos da indústria do papel, poderá ser uma delas.

Um estudo datado de 2019 do The Conversation indica que as grandes empresas farmacêuticas produzem mais toneladas de equivalentes de dióxido de carbono por milhão de dólares do que a indústria automóvel. A indicação, na altura, seria de que o mercado farmacêutico teria uma dimensão 28% menos que o setor automóvel, contudo seria 13% mais poluente.

Portanto, no combate pelas alterações climáticas, esta indústria não pode ficar de fora.

Analgésicos criados a partir de resíduos da indústria do papel
É nesse sentido que grupo de cientistas da Universidade de Bath, no Reino Unido, está a trabalhar e pode ter encontrado uma forma da indústria se renovar. Num estudo publicado na revista ChemSusChem, a equipa descreve um processo que criou para converter o β-pineno, um componente encontrado na terebintina, em precursores farmacêuticos que usaram para sintetizar paracetamol e ibuprofeno.

Atualmente, a maioria das empresas que produzem esses analgésicos usa precursores químicos derivados do petróleo bruto. A terebintina, contudo, é um subproduto residual que a indústria de papel produz numa escala de mais de 350.000 toneladas métricas por ano. Os investigadores dizem que também usaram com sucesso a terebintina para sintetizar o 4-HAP, um precursor dos betabloqueadores, o salbutamol, medicamento para inalação de asma, e uma variedade de produtos de limpeza doméstica.

Mais sustentável, mas mais caro
Além de ser mais sustentável, o processo de "biorrefinaria" apresentado pode levar a custos de medicamentos mais consistentes para os consumidores, já que a terebintina não está sujeita às mesmas pressões geopolíticas que podem fazer disparar os preços da energia e do petróleo.

No entanto, o processo apresentado, na sua forma atual, é mais caro do que produzir os medicamentos com petróleo bruto. A equipa sugere que os consumidores podem estar dispostos a pagar preços um pouco mais altos por medicamentos mais sustentáveis, mas quando se trata de saúde, será que essas preocupações serão tidas em consideração no momento de escolher um medicamento?

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