Entrevistas, apontamentos de trabalho, pareceres e comunicações a congressos e artigos de opinião, são alguns dos textos muito diversos, que estão reunidos neste livro, escritos por Gonçalo Ribeiro Telles ao longo de décadas de atividade profissional e de luta empenhada por causas.
Hoje documentos de referência, estes Textos Escolhidos conduzem-nos pelas ideias e pensamento que Ribeiro Telles desenvolveu na sua intervenção cultural, cívica e profissional, nos vários domínios em que se destacou: a defesa do ambiente, o ordenamento do território, a humanização do habitat, a conservação da natureza e a preservação da paisagem, entre outros.
30 textos que se constituem como doutrina, que são instrumentos de consagração de conceitos e que representam um incontornável legado de experiência e sabedoria.
Textos que se evidenciam tanto como questões de princípio, como atitude didática, pedagógica e ação esclarecida e esclarecedora.
Nesta segunda edição há também novidades, como a entrevista que Gonçalo Ribeiro Telles deu à Liberne, publicação da Liga para a Proteção da Natureza, que, segundo Fernando Pessoa, «parece que foi feita hoje, tendo em conta os incêndios florestais, as cheias, e tudo o que tem sido desperdiçado e não se tem aplicado como deve ser».
Nesta entrevista à RTP, a 05.06.1974 posso concluir que, à excepção de progressos no saneamento básico, recuperação das aldeias históricas, habitações com melhorias a nível de eficiência energética (mas é mais a nível de vidros/caixilharia dupla) e melhorias na digitalização, no entanto, passados 48 anos, Portugal não escutou o visionário Gonçalo Ribeiro Telles. Insistimos na agricultura com pesticidas, continuamos com uma iliteracia grave em relação aos avisos do IPMA/PROCIV, o Banco Nacional de Terras não funcionou (mais eucaliptos, mais campos de golfe, mais hotéis e menos floresta biodiversa e autóctone), entubamos os rios e ribeiros das cidades. Temos um território com uma enorme fragmentação dos habitats, que eram nichos de biodiversidade. 30 anos de atraso na ferrovia. Uma má novidade que é o crescimento e o aparecimento das centrais de biomassa. Um aeroporto internacional dentro da cidade - caso raríssimo dentro da Europa. Um SIRESP que custou rios de dinheiro e não funciona nos piroverões. Temos uma falta de cultura de aplicação das coimas ambientais. Surgiu a crise global das alterações climáticas. Para fechar e em conclusão: sucessivos governos sem ecologia política (a pasta do Ambiente é sempre o parente pobre).
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