sexta-feira, 14 de outubro de 2022

Sobre a pedofilia na Igreja Católica


A direita não percebe o que é o estado secular. Incomoda-me mais a pedofilia na Igreja Católica e a catequese. Há muito tempo que defendo a liberdade de orientação sexual dos padres católicos. Na catequese (sublinho, é opcional) ainda se imiscuí patriarcado e matriarcado (“E da costela que tinha tomado do homem, o Senhor Deus fez uma mulher, e levou-a para junto do homem”). Na catequese há ausência de uma visão transdisciplinar e inter-religiosa da "criação"/Génesis e nada fala das alterações climáticas e da crise ecológica em que vivemos. A educação sexual é uma construção cívica e de felicidade, formal e informal (pais, família e entre adolescentes/crianças), sem tabús, nem dogmas doutrinais. Tem que ter bases científicas. A educação sexual é um caso de saúde pública, nomeadamente ajuda a diminuir as gravidezes na adolescência e a prevalência de doenças sexualmente transmissíveis. 

A educação sexual esclarece e dinamiza o respeito pela orientação sexual. Aí entra a Escola e disciplinas de Biologia/ Ciências Naturais, os médicos de família e pediatras.

Em 2012, foram extintas as Áreas Curriculares não Disciplinares – Formação Cívica, Área de Projeto e Estudo Acompanhado. A extinção destas áreas constitui uma barreira significativa à implementação não só da educação sexual, mas das outras componentes do programa de educação para a saúde e ambiente.
No entanto, em muitas escolas, tem continuado a existir projetos de educação para a saúde, gabinetes de educação para a saúde e professores coordenadores de educação para a saúde. Estas atividades fazem-se, muitas vezes, de forma integrada nos horários letivos, e também através de atividades extracurriculares.

A Educação para a Cidadania vem preencher esta lacuna e trazer novamente um equilíbrio e uma formação sólida dos nossos estudantes.

Tendo por base os princípios reconhecidos nestes documentos, a Educação para a Cidadania, surge atualmente como um elemento central na formação de crianças e jovens, que serão os futuros adultos de amanhã e que se pretende que sejam cidadãos responsáveis, críticos, ativos e intervenientes na sociedade, munidos de conhecimento e informação.

A par disto, a Escola, enquanto instituição formadora repensou e redefiniu os seus âmbitos de ação, de modo a enfrentar os desafios que se lhe colocam. Alguns desses desafios são, nomeadamente: a diversidade e o multiculturalismo, os fenómenos crescentes de exclusão social, a educação, a ecologia, o ambiente e o desenvolvimento sustentável.

Fundamentando-se nisso, a Educação para a Cidadania, que começa no 1º Ciclo e termina no Secundário, pretende abordar temas como: Direitos Humanos, Igualdade de Género, Interculturalidade, Desenvolvimento Sustentável, Educação Ambiental, Saúde, Media, Instituições e Participação Democrática, Literacia Financeira e Educação para o Consumo, Sexualidade, Segurança Rodoviária, Empreendedorismo, Mundo do Trabalho, Risco, Segurança, Defesa e Paz, Bem-estar animal, Voluntariado, entre outros temas que sejam diagnosticados pela escola.

Sendo reconhecida a importância de integrar esta unidade curricular, a Europa, tem-se vindo a debater bastante sobre este tema. Há já 33 sistemas de ensino que dão orientações, incluindo material de apoio, na educação para a cidadania em pelo menos um nível de ensino. Destes, 18 têm orientações para todos os níveis. E para além do modelo tradicional de ensino, orientada pelo professor, há também pedagogias inovadoras. Portugal, Polónia, Suíça e Montenegro têm os parlamentos de jovens para o público escolar. Na Irlanda, os alunos podem planear e executar o seu próprio projeto de ação para a cidadania. O Chipre investiu na aprendizagem interativa com um guia de aprendizagem que apoia debates em temas sensíveis como, por exemplo, a eutanásia animal. Na Letónia, selecionam-se filmes sobre casos reais de discriminação para promover o debate, o pensamento crítico e a autorreflexão. Na Holanda, o voluntariado pode ser considerado parte do currículo escolar. Na França, aposta-se na formação de professores para que tenham competências na educação para a cidadania.

Também já há países europeus a apostar na formação em cidadania de diretores de escolas, com o propósito de melhorar a coexistência nas escolas, planear estratégias e definir conflitos, bem como envolver os pais e promover a cooperação entre professores.

Assim sendo, educar para a cidadania é muito mais do que simplesmente ensinar aos alunos os problemas de um país. É refletir sobre as próprias atitudes, é comunicar e ouvir, é argumentar e escutar os pontos de vista dos outros. É atuar de forma construtiva e socialmente responsável, incluindo o respeito e evocando o princípio de justiça.

É contribuir para uma sociedade mais inclusiva!

Ainda bem que a disciplina de educação para cidadania é obrigatória.

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