Chamamos lagarto, sensu latu, a um grupo de répteis pertencentes aos Squamata, geralmente quadrúpede, que inclui mais de 7.000 espécies, incluindo espécies tão emblemáticas como os camaleões ou os dragões de Komodo e outras tão próximas do nosso dia-a-dia como são as inúmeras espécies de lagartixas ou osgas.
Estas podem ser encontradas um pouco por todo o mundo, exceto em locais onde se registam temperaturas extremamente frias (como a Antártida) e algumas ilhas.
No entanto, é importante notar que “lagarto” não é um termo com validade taxonómica. Isto porque, da maneira que o termo é normalmente utilizado, designa um grupo parafilético, ou seja, deixa de fora animais (nomeadamente as cobras e anfisbaenas) que são parentes mais directos de alguns dos seus membros do que os restantes.
Neste Dia Mundial do Lagarto, debrucemo-nos sobre alguns factos interessantes sobre este grupo tão diverso e tão próximo de nós:
1. Os lagartos têm tamanhos muito variáveis
As espécies actuais de lagartos apresentam uma enorme diversidade de tamanhos, indo do recém-descoberto madagascarenho nano-camaleão (Brokeesia nana), que não só é o mais pequeno lagarto conhecido, mas provavelmente o mais pequeno de todos os répteis, com pouco mais de dois centímetros da ponta do nariz à ponta da cauda, até ao enorme dragão-de-Komodo (Varanus komodoensis), um lagarto monitor endémico de algumas ilhas do Sul da Indonésia, que pode chegar aos três metros de comprimento e mais de 70 quilogramas de peso. Mas mesmo este último não alcança o tamanho do seu parente extinto, o Megalania prisca da Austrália, que poderá ter alcançado mais de cinco metros! Em Portugal, as espécies nativas têm tamanhos bem mais modestos: o nosso maior lagarto, o sardão (Timon lepidus) atinge, no máximo, um metro e meio de comprimento, sendo dois terços deste referentes à cauda.
2. Alguns lagartos são venenosos
Já há muito tempo que se sabe que os lagartos do género Holoderma, que inclui o famoso monstro-de-Gila (Holoderma suspectum), possuem não só veneno, como um sistema de aplicação do mesmo único entre os vertebrados. Este é injectado vindo de glândulas na mandíbula inferior (e não na superior, como nas cobras) na base dos dentes e se espalha nestes por fenómenos de capilaridade, sendo depois aplicado na presa por mastigação. Embora em geral não seja mortal para os humanos, este veneno provoca edemas e baixas súbitas na tensão arterial e é considerado talvez o mais doloroso produzido por um vertebrado. No entanto, só mais recentemente foi descoberto que os Varanidae (o grupo a que pertence, por exemplo, o dragão-de-Komodo) também possuem glândulas que produzem veneno, e que o usam corriqueiramente na obtenção de presas. No entanto, estes não possuem sistemas de aplicação do mesmo tão sofisticados como os Holoderma, tendo talvez por isso passado despercebidos durante mais tempo. Em Portugal, não temos espécies venenosas.
3. Portugal tem uma espécie de lagarto endémica
Embora o país tenha várias espécies de lagartos (e, graças a análises genéticas, o número destas tenha aumentado nos últimos anos), quase todas as espécies nativas existem também nativamente noutros países, principalmente na vizinha Espanha. No entanto, há uma espécie de lagarto que só ocorre nativamente em Portugal: a lagartixa-da-Madeira (Teira dugesii). Embora este réptil apareça também nos arquipélagos dos Açores e das Canárias e tenha duas populações estabelecidas em Portugal Continental, estas devem-se a introduções acidentais pelo homem, provavelmente através da carga de navios, sendo esta espécie apenas nativa da Madeira e das Selvagens.
Lagartixa da Madeira (Teira dugesii) |
4. A reprodução dos lagartos é extremamente variável
A maior parte dos lagartos é, como a generalidade dos répteis, ovípara, ou seja, reproduzem-se pondo ovos. No entanto, existem espécies que desenvolveram outras estratégias, como a ovoviparidade (existem ovos, mas estes são incubados dentro do corpo da progenitora) ou mesmo, no caso de uma espécie em específico, Zootoca vivipara, a viviparidade (ou seja, a fêmea dá à luz juvenis já formados, sem terem passado um período dentro de um ovo). Esta última espécie é particularmente interessante, visto que apresenta populações ovíparas e vivíparas, por vezes vivendo lado a lado.
Adicionalmente os lagartos apresentam um número assinalável de espécies totalmente partenogénicas (sendo que algumas outras demonstram capacidade partenogénica facultativa). Isto significa que as espécies em que não ocorre fecundação são constituídas totalmente por fêmeas. No entanto, nenhuma destas espécies ocorre no nosso país.
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