quarta-feira, 25 de maio de 2022

Personalidades lançam manifesto para honrar vida e obra de Gonçalo Ribeiro Telles


O documento, subscrito por personalidades como Elísio Summavielle, Viriato Soromenho Marques, Luísa Schmidt, Helena Roseta, Isabel do Carmo, Fernando Nunes da Silva, José Sá Fernandes e Francisco Ferreira, entre outros, lançado por ocasião do centenário do nascimento de Ribeiro Telles, pretende honrar "a resistência à destruição dos espaços naturais e da sua cultura e a aposta na identidade humana com a Terra".

Explicando a motivação que deu origem a esta iniciativa, a comissão ad-hoc, que conta, entre outros, com nomes como António Eloy, coordenador do Observatório Ibérico de Energia, Aurora Carapinha e Margarida Cancela de Abreu, arquitetas paisagistas, e José Carlos Costa Marques, distinguido em 2009 com o Prémio Nacional de Ambiente Fernando Pereira, defende que se "continuar a pôr em prática" o espírito de Ribeiro Telles.

"Numa altura em que as políticas públicas se alinham em contradição com o que ele sempre defendeu, arrastando a desorganização do território, a destruição da biodiversidade, a destruição da paisagem enquanto valor cultural e identitário, e as lógicas de um desenvolvimento contra o ambiente e a sustentabilidade, apesar de embrulhadas num discurso «verde»", escrevem.

"Honramos, em Gonçalo Ribeiro Telles, no centenário do seu nascimento, o Professor, o Arquiteto Paisagista, o homem político, o defensor do mundo rural, e da cidade entendida como o enlace da sociedade e da natureza, e não como puro artifício", acrescentam.

No documento, defendem que honrar Gonçalo Ribeiro Telles "é defender o municipalismo como forma de organização cívica e de respeito pela história, em vez da artificialização e centralização administrativa constantes".

"É pugnar pela centralidade do solo, da sua proteção, conservação e regeneração. É agir sempre com base no respeito consequente pelas áreas protegidas, valores naturais, ecossistemas e biodiversidade", sublinham.

Os subscritores defendem ainda que honrar Ribeiro Telles "é defender o ar, a água e o solo como fontes primaciais da vida. É defender políticas agro-pastoris-florestais coerentes".

"É entender e atuar na paisagem enquanto sistema vivo, resultante da união íntima entre ecologia e cultura, respeitando a memória biofísica e antropológica que a configura", defendem, acrescentando: "É acreditar que a paisagem é uma realidade fundadora da qualidade de vida das comunidades".

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