quarta-feira, 17 de maio de 2023

Dia da Internet ou Dia Mundial da Sociedade da Informação


Pouco resta da primeira rede estática projetada para transportar alguns bytes ou enviar pequenas mensagens entre dois terminais: a internet é hoje uma realidade indissociável do dia a dia, ao ponto de haver quem lhe aponte a capacidade da omnipresença.

A atribuição de tal caraterística a roçar o divino tem razão de ser já que, das compras à educação, das relações afetivas ao ativismo, ao teletrabalho, entretenimento e até à saúde, a rede das redes está em todo o lado.

“A internet é cada vez mais indissociável da nossa vida e das nossas relações, quer humanas quer profissionais”, notou Tiago Silva Lopes, em conversa com o SAPO TEK, a propósito do Dia da Internet. Para o Diretor de Serviços e Produtos MEO, a internet é cada vez mais omnipresente, uma tendência que vai marcar cada vez mais a forma como irá evoluir.

Fazendo um retrato geral, a população em todo o mundo ultrapassou, recentemente, a marca de 8 mil milhões de pessoas em que 64,4%, ou 5,16 mil milhões, usam a internet. Impressionante (ou já nem por isso) é o tempo, em média, que cada utilizador passa por dia na internet, que de acordo com o Digital 2023 Global Overview Report, ultrapassa as seis horas e meia. Portugal contribui para subir os números, com uma média diária de sete horas e 37 minutos, em 13º num ranking liderado pela África do Sul, onde os internautas passam mais de nove horas online. O telemóvel é o dispositivo de eleição.

As horas que passamos online, no entanto, não são diretamente comparáveis com o passado, porque “em 1990 e pouco, no começo”, as pessoas tinham de ligar-se através do computador e estar “quase exclusivamente dedicadas áquilo que estavam a fazer naquele momento”, lembra Tiago Silva Lopes. “Ficamos sempre chocados quando pensamos: ‘Sete horas por dia? Não passo sete horas por dia na internet!’, mas passamos porque temos sempre o telemóvel ao lado ou porque no trabalho passamos muito do nosso tempo a trocar emails, em vídeo calls ou a pesquisar informação”.

Entre a diversidade de coisas que fazemos “na” internet a mais recorrente é realmente procurar informação (57,8%), seguida de comunicar com a família e amigos (53,7%) e ficar a par das notícias e atualidade (50,9%).

Ver vídeos e filmes online também é um hábito cada vez maior (49,7%), e isso também se nota com vários estudos recentes que apontam os serviços de streaming como responsáveis por grande parte do consumo do tráfego atual e futuro da internet.

Em março desde ano, a Statista colocava o Netflix na liderança, com 14,9% do tráfego, seguido de perto pelo YouTube, com 11,4%. Entre os serviços e plataformas que mais trafego internet consumem estavam também representadas redes sociais, em primeiro o TikTok e em segundo o Facebook.

“De uma forma mais purista, o objetivo da internet era ligar as pessoas e as coisas umas às outras e é o que continua a acontecer e que tem evoluído de forma extraordinária”, considera Tiago Silva Lopes. O gestor destaca que há cada vez mais pessoas no mundo com acesso a um equipamento conectado, e não às tecnologias do passado, “da ligação analógica a 64kbps ou da ligação 3G”, mas através de fibra ótica ou 5G.

Para o Diretor de Serviços e Produtos MEO, houve dois marcos tecnológicos importantes na evolução do acesso à internet: o 4G do lado do acesso móvel e as redes de banda larga no fixo. Praticamente todos os grandes players de internet atuais, nos conteúdos, no ecommerce, surgiram quando estas tecnologias começaram a ser disponibilizadas no mercado

Mas estamos destinados a estar sempre ligados?

Com computadores, telemóveis, tablets e smartwatches - além de todos os equipamentos que a Internet das Coisas vai ligar -, com o sem número de aplicações disponíveis, em várias áreas, estamos destinados ao “always on”? Muito provavelmente.

O gestor acredita que há algumas tendências que vão mudar, de forma substancial, a forma como interagimos com a tecnologia, nomeadamente o tema do interface voz, que vai ser cada vez mais o interface por defeito, em vez do teclado físico no computador ou do teclado digital no telemóvel. De resto, também a parte da tecnologia imersiva, “a realidade aumentada, a realidade virtual”, vai contribuir para que o mundo real e o mundo digital se fundam cada vez mais.

Temos uma internet muito diferente daquela que começámos a utilizar, “não na sua missão, na lógica da descentralização do acesso à informação para todos”, diz Tiago Silva Lopes, mas na forma como interagimos com ela “que é cada vez menos uma coisa modular, um apêndice ao qual recorremos de vez em quando, através de um computador ou de outro interface especifico para tal, e é cada vez mais uma utilização seamless, cada vez mais integrada e fazendo parte da nossa vida”.

No entanto, falta alguma literacia digital para sabermos lidar com a enorme quantidade de estímulos que temos hoje, considera o gestor, defendendo que esta devia ser uma área de maior aposta e investimento em Portugal.

Lembrando que que a internet foi criada “para nos ajudar a sermos cada vez melhores enquanto sociedade e a tirarmos cada vez mais partido da informação que existe”, considera que isso só acontece com conhecimento para lidar com as questões da privacidade e da cibersegurança ou com as fake news.

“A internet trouxe-nos a democratização do acesso à informação e idealmente ao conhecimento, mas ainda não conseguimos passar da informação ao conhecimento”, acrescenta. “É um pouco como saber ler e escrever e hoje não sabemos ler nem escrever na era digital como deveríamos e não nos dão a formação adequada para”.

E porque devemos ver sempre as coisas pela positiva, diz Tiago Silva Lopes, é um facto que a internet veio para ficar e que tem perigos, “mas quanto mais conhecimento tivermos, quanto mais soubermos usar as ferramentas que temos à nossa disposição, melhor estaremos” para responder a esses desafios. “Temos matéria prima cada vez mais extraordinária. Saibamos nós moldá-la e utilizá-la da melhor maneira”.

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