No mundo dos insetos, a visão é algo muito mais complexo do que podemos pensar. Muitos insetos estão equipados com genes que lhes permitem ver luz ultravioleta, uma gama do espectro eletromagnético invisível ao olho humano.
Os besouros da família Buprestidae são facilmente reconhecíveis pelas suas cores extravagantes de brilho metálico, podendo, por isso, ser chamados de ‘besouros-joia’. Tal como acontece noutros grupos taxonómicos, a cor desempenha um importante papel na comunicação, mas, para tal, é preciso que os destinatários desses sinais visuais sejam capazes de os captar.
Imagens magnificadas das carapaças coloridas de besouros da família Buprestidae.
Foto: Nathan Lord (coautor do artigo)
Uma nova investigação científica, publicada na revista ‘Molecular Biology and Evolution’, e liderada por Camilla Sharkey, da Brigham Young University, nos Estados Unidos da América, revela que esses insetos, da ordem dos coleópteros, evoluíram um aparelho ocular intricado que permite que a visão e as cores sejam elementos centrais da sua existência, seja para comunicar com outros besouros, para encontrar parceiros de acasalamento ou fontes de alimento.
Em 2017, um outro estudo indicava que os antepassados dos besouros terão perdido a capacidade para ver luz azul, há cerca de 300 milhões de anos, provavelmente por se terem tornado notívagos. No entanto, ao longo do seu percurso evolutivo, os besouros foram desenvolvendo capacidade para ver luz ultravioleta e a cor verde, através da duplicação dos genes que receberam desse antecessor.
Besouro Chrysochroa fulgidissima, uma das espécies pertencentes à família Buprestidae.
Os cientistas que participaram nesse trabalho, que também teve Sharkey como principal autora, defenderam que esses genes duplicados poderiam ter dado aos besouros atuais a capacidade para verem novas secções do espectro.
Através de técnicas de manipulação genética, os investigadores do mais recente estudo confirmaram que, de facto, os besouros modernos recuperaram a capacidade para captarem a luz azul e também a radiação cor-de-laranja.
Sharkey diz que agora o próximo passo na investigação é perceber se é possível prever a sensibilidade às cores através da análise genética e qual o papel exato da visão na vida dos insetos, “para melhor gerir pragas e insetos polinizadores e, assim, melhorar a produção agrícola”
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