André Dias é um dos primeiros “destabilizadores” das redes sociais criando uma narrativa alternativa à COVID-19. A habitual narrativa “isto é só uma gripe banal” e todos os argumentos irrealistas a ela associada para validar a crença. Podemos mesmo considerar que foi o “formador” informal de algumas das vedetas que dão a cara pelos “Médicos pela Irresponsabilidade” e terá ajudado a lançar esse antro de desinformação.
O nosso amigo Engenheiro Informático apresenta-se como tendo tirado um doutoramento em “modelação de doenças pulmonares” quando, o que fez, na realidade, foi tirar um doutoramento na “modelação de gasto energético” em pessoas com DPOC e Fibrose Cística recorrendo a acelerómetros. Nada a ver com doenças infeciosas. Nada a ver com modelações de doenças infeciosas. Nada a ver com epidemiologia, virologia, COVID-19 nem coisa semelhante. Para que não haja dúvidas, isto é tirado diretamente do Linkedin do visado: “modelação de doenças pulmonares [DPOC e Fibrose Cística] usando informação de atividade física”. E sim, dei-me ao trabalho de ler o próprio doutoramento. Agora é ir ver a quantidade de vezes que engana as pessoas apresentando-se como “Doutorado em Modelação de Doenças Pulmonares”, como se tivesse alguma coisa a ver com a pandemia que vivemos.
Apesar disso continua a dizer constantemente que tem formação na área, a vender-se como a autoridade sobre um assunto do qual nada percebe…diz-se “o único com formação em epidemiologia” num grupo de 7.000 pessoas com centenas de médicos…o engenheiro informático que modelou gasto energético em doenças não infeciosas é o “único” iluminado sobre doenças infeciosas.
Aliás, atreve-se a dizer que há ZERO epidemiologistas em Portugal, este país de agricultores e cabras que só teve capacidade para importar um engenheiro informático “formado em epidemiologia”…
Por isso, não admira que o Messias do COVID-19 nos diga coisas deste género…A 14 de Março de 2020, o Messias referia que 70% da população da China já estava imune ao vírus. Neste momento nem sequer 5% dos chineses têm anticorpos em Wuhan, o epicentro do COVID-19. E mesmo considerando imunidade células T, nem sequer 10% no epicentro quanto mais no resto da China.
A 17 de Março de 2020, fazia a previsão de 12.000 mortes em Itália e 1000 mortes em Portugal. Em Itália vamos para as 37.000 mortes e em Portugal ultrapassamos as 2.000. E teve muita sorte, já que os números são bastante baixos graças à brutalidade de medidas de confinamento adotadas. E quando o Messias referia que a curva de Itália tinha invertido, ainda ia na fase ascendente.
Depois a desvalorização dos mortos…porque os que morrem já são velhinhos. Os que morrem já não passariam do próximo Inverno ou onda de calor. Os que morrem já iriam morrer. Espero que, quando for velho, tenham mais consideração por ele. Mas fora isso, a realidade é que o vírus leva a uma perda, em média, de 10 anos de vida. Não são meses…é uma década.
O Messias chega mesmo a dizer que a mortalidade por COVID-19 é inferior à mortalidade por gripe. Sem considerar as sequelas a longo prazo da COVID-19, que ainda desconhecemos integralmente, olhemos para os Estados Unidos onde as medidas para contenção do vírus foram as mais “ligeiras”, com os políticos a lutarem permanentemente contra as indicações de saúde pública. Considerando que as mortes por COVID-19 atingirão os 300.000 no final do ano, apenas a mais grave pandemia de que há registo, que ocorreu em 1918-19, foi mais mortal que a COVID-19. De resto, não há nenhuma época de gripe nos Estados Unidos (que mata 12.000 a 61.000 pessoas/ano), que tenha atingido esses valores. Acrescentando que vivemos num mundo com uma resposta sanitária muito superior do que há 100 anos atrás. Imaginem o COVID-19 em 1920 sem ventiladores, sem oxigénio, sem corticoides, sem perspetiva de vacina.
Mesmo perante a demonstração do óbvio, com picos de mortalidade nunca antes vistos neste milénio, o caro Messias consegue negar a realidade, tapar os ouvidos e fazer “nanananana”.
Depois de falhar redondamente as previsões para Itália, refugia-se nos “maus anos” de mortalidade pela gripe, para insistir no discurso da “gripe banal”. Mais uma vez, repito…sem medidas de contenção (que a Itália tomou de forma brutal), a mortalidade por este vírus seria 5-10x superior a uma época de gripe banal. E suponho que este Inverno vamos ter más notícias. Mas quando se está em negação, bola para a frente.
Mas porque é que os serviços em Itália colapsaram? Por aumento da procura? não…foi mesmo por medo. Os médicos têm aquela tendência chata de meter os doentes todos entubados, a oxigénio, porque têm “medo” que eles morram. E porque morrem as pessoas? Por medo…óbvio…é a pandemia do medo, todos sabemos isso. O vírus existe, sequer?
Além disso os médicos, esses malandros, internam pessoas assintomáticas! Obviamente, para manter a narrativa do histerismo Covidiano. Os médicos estão todos comprados por forças ocultas e andam a entubar doentes assintomáticos porque precisam de doentes senão vão para o desemprego. Faz sentido!
Aliás, mortes por COVID-19? O pessoal anda a fechar tudo por ZERO mortes! Insano…tudo uma cabala, só pode.
E o que se passou em Itália e Espanha? Nada…nadica…nickles. A “pandemia do medo”.
E claro…as medidas de contenção do vírus são perfeitamente inúteis…lavar as mãos, distanciamento físico, utilização de máscara, testagem e quarentena de infetados, lockdown…nada funciona…tudo gaussianas perfeitas…Mais uma vez recorro à evolução dos casos de COVID-19 num país que, por recusa de aceitar a ciência, seguiu as indicações do nosso Messias, parcialmente. Se não serve, têm a Cochrane sobre o assunto.
E claro….os EUA estão em queda, como também podem ver no gráfico acima…suponho que algures no tempo esta mensagem será verdadeira…não sabemos é quando.
Com o gráfico acima também podemos perceber a “teoria da semana 19”, conforme o nosso amigo André Dias escreveu no ECO, dizendo que “quase de certeza terá esse comportamento”. Completamente ao lado.
Aliás, as medidas aconselhadas são tão ineficazes que a curva entrou em fase descendente em todos os países, mais ou menos na mesma altura. Supostamente dia 15 de Abril…se 15 de Abril for quando um homem quiser.
Depois havia a preocupação (legítima), com as alterações mentais da população, relacionadas com o isolamento. Perfeitamente compreensível e assunto a ser intensamente estudado…por outro lado, o Messias extrapola ao absurdo, assemelhando-se bastante aos “promotores do medo” que tanto ataca. Pelos vistos este ano vão morrer mais pessoas de suicídio do que do vírus…tenham medo!
E os meses que andou a insistir que não ia haver segunda vaga? Bons tempos…quem me dera que ele tivesse razão, mas mais uma vez a realidade é lixada para os negacionistas do COVID-19. Neste caso uso a curva de Espanha, país que declarou estado de emergência novamente por causa de uma “gripe banal”, que causou uma segunda vaga que “não existe”. E França vai para o segundo Lockdown.
E com toda a evidência avassaladora a favor das máscaras, que levou a que eu próprio mudasse de opinião, o nosso Messias faz ciência Facebookiana, pega numa seta e pimbas…assim se destrói a utilidade das máscaras. É impossível desmentir comentário tão brilhante, com uma seta tão bem colocada. Interessam lá os estudos científicos…isto sim, meus senhores, é C.I.Ê.N.C.I.A. Aliás, pelo padrão abaixo atrevo-me a dizer que as máscaras causam pandemias. A coisa até estava controlada até introduzirem a obrigação de utilização de máscara!
E claro…tudo o que aconteceu e está a acontecer no hemisfério sul é produto da nossa imaginação. O Brasil fica no Pólo Norte, como todos sabemos. Só já vai nas 150.000 mortes, dezenas de vezes superior às “gripes banais” que costumam assolar o país.
Nestes entretantos ainda conseguiu introduzir a narrativa da “pandemia de falsos-positivos”, dizendo que os testes PCR tinha uma especificidade que num cenário de baixa prevalência levaria a que muitos casos registados fossem, na realidade, falsos-positivos. Isto é mentira, já que a especificidade do teste é praticamente 100% (1, 2, 3, 4, 5) e o problema parecem ser mesmo os falsos-negativos. Mas mais estranho é que recentemente, mesmo com uma subida brutal em toda a Europa de Internamentos e doentes nos Cuidados Intensivos, não largou o osso. Diz-nos que 50 a 90% das pessoas com teste positivo não têm a doença.
Várias vezes referiu que a mortalidade associada ao COVID-19 na zona de Bergamo e Wuhan se devia exclusivamente à má qualidade do ar, insistindo na narrativa da “gripe banal”. Refere inclusive a questão da qualidade do ar no artigo que publicou no ECO. Para depois nos vir dizer que afinal a qualidade do ar tem pouco interesse.
Conclusão
Isto é apenas uma amostra, mas permite concluir o seguinte…Temos um engenheiro informático que diz ter formação em epidemiologia, sem nunca ter mostrado efetivamente ter tido tal formação. Que dizia que não iria haver segunda vaga. Que tudo acabaria na semana 19. Que usa o paradoxo da prevenção para distorcer o problema que representa a COVID-19, comparando desonestamente os dados de mortalidade entre a gripe e a COVID-19. Que continua a dizer que isto é uma “gripe banal”. Que acha que os médicos internam doentes por medo. Que acha que os testes PCR dão 50-90% de falsos-positivos apesar do aumento brutal de internamentos e doentes nos cuidados intensivos. Que achava que a China já tinha 70% de infetados em Março. Que rejeita as evidências avassaladoras sobre a eficácia das máscaras. Que nos falava de curvas de propagação gaussianas sem qualquer impacto das medidas, tendo sido categoricamente desmentido pela realidade. Que afirma que as curvas estão a descer quando elas escalam de forma galopante. Que a culpa era da poluição e afinal já não era.
E depois temos quem segue esta vedeta cegamente. É preciso uma grande capacidade de ignorar a realidade…dou-vos os parabéns por isso e a vós, dedico esta segunda vaga.
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