“Racismo”, disse Vanessa Nakate, depois ter desaparecido de uma fotografia tirada com os outros ativistas (brancos) em Davos
“Agora compreendi na perfeição o que quer dizer racismo”, vincou Nakate, numa emocionante declaração de vídeo, apontando o dado a várias agências noticiosas – incluindo a Associated Press, dos EUA – por a terem removido da foto.
Vanessa Nakate, de 23 anos, foi cortada de uma fotografia em que surgia com outras ativistas. Só após o seu protesto é que a imagem foi substituída.
Já a AP, que desde então retirou a imagem, assegurou que não havia quaisquer “más intenções”.
“O fotógrafo estava a tentar tirar uma foto rapidamente, num prazo apertado, e fez o recorte por motivos de composição, porque considerar que ele achava que o prédio ao fundo era perturbador”, justificou já David Ke, diretor de fotografia da agência de notícias, assegurando que quando voltassem a adicionar mais fotos ao que disponibilizam aos meios de comunicação mundial, vão corrigir e juntar fotos com diferentes culturas”.
Vanessa Nakate, 23 anos, participou na conferência de imprensa que decorreu em Davos, na sexta-feira, 24, ao lado dos outros ativistas pelo clima, como Greta Thunberg, Loukina Tille, Luisa Neubauer e Isabelle Axelsson. Qual não foi o seu espanto quando se deparou com a imagem divulgada pela AP, em que ela não aparecia.
“Dizem-me que devia ficar sempre ao centro quando tiro fotos de grupo para não correr este risco. Nem quero acreditar que tenha de ser assim”, escreveu a ativista nas redes sociais, antes de rematar. “Não merecemos nada disto. África é o menor emissor de carbono, e somos os mais afectados pela crise climática. Apagar a nossa voz não vai mudar nada. Apagar a nossa história não vai mudar nada.”
Assim como Greta, Nakate também manteve-se em protesto solitário durante meses em frente ao parlamento de Uganda, e tornou-se líder do movimento Juventude pela África do Futuro – e o próprio fato da maioria não conhecer tanto o seu trabalho até o terrível incidente das fotos é também sintoma do racismo que media todas as nossas relações. “Curiosamente só os maiores emissores de gases do nosso país serão ricos o suficiente para sobreviver à crise alimentar, enquanto a maioria das pessoas que vivem em povos e comunidades rurais enfrentarão problemas para obter alimentos devido aos altos preços e ao desabastecimento” disse a ativista, em entrevista recente. Tudo isso levará à fome e à morte de muita gente. Na minha região, a falta de chuva já significa fome e morte para os menos privilegiados”.
Fonte: Visão
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