sábado, 25 de janeiro de 2020

Ativista ugandesa cortada de foto oficial de Davos


“Racismo”, disse Vanessa Nakate, depois ter desaparecido de uma fotografia tirada com os outros ativistas (brancos) em Davos
“Agora compreendi na perfeição o que quer dizer racismo”, vincou Nakate, numa emocionante declaração de vídeo, apontando o dado a várias agências noticiosas – incluindo a Associated Press, dos EUA – por a terem removido da foto. 

Vanessa Nakate, de 23 anos, foi cortada de uma fotografia em que surgia com outras ativistas. Só após o seu protesto é que a imagem foi substituída.

Já a AP, que desde então retirou a imagem, assegurou que não havia quaisquer “más intenções”.  

“O fotógrafo estava a tentar tirar uma foto rapidamente, num prazo apertado, e fez o recorte por motivos de composição, porque considerar que ele achava que o prédio ao fundo era perturbador”, justificou já David Ke, diretor de fotografia da agência de notícias, assegurando que quando voltassem a adicionar mais fotos ao que disponibilizam aos meios de comunicação mundial, vão corrigir e juntar fotos com diferentes culturas”. 

Vanessa Nakate, 23 anos, participou na conferência de imprensa que decorreu em Davos, na sexta-feira, 24, ao lado dos outros ativistas pelo clima, como Greta Thunberg, Loukina Tille, Luisa Neubauer e Isabelle Axelsson. Qual não foi o seu espanto quando se deparou com a imagem divulgada pela AP, em que ela não aparecia.

“Dizem-me que devia ficar sempre ao centro quando tiro fotos de grupo para não correr este risco. Nem quero acreditar que tenha de ser assim”, escreveu a ativista nas redes sociais, antes de rematar. “Não merecemos nada disto. África é o menor emissor de carbono, e somos os mais afectados pela crise climática. Apagar a nossa voz não vai mudar nada. Apagar a nossa história não vai mudar nada.” 

Assim como Greta, Nakate também manteve-se em protesto solitário durante meses em frente ao parlamento de Uganda, e tornou-se líder do movimento Juventude pela África do Futuro – e o próprio fato da maioria não conhecer tanto o seu trabalho até o terrível incidente das fotos é também sintoma do racismo que media todas as nossas relações. “Curiosamente só os maiores emissores de gases do nosso país serão ricos o suficiente para sobreviver à crise alimentar, enquanto a maioria das pessoas que vivem em povos e comunidades rurais enfrentarão problemas para obter alimentos devido aos altos preços e ao desabastecimento” disse a ativista, em entrevista recente.  Tudo isso levará à fome e à morte de muita gente. Na minha região, a falta de chuva já significa fome e morte para os menos privilegiados”.

Fonte: Visão

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