Poesia da Semana - "Os rios acodem", de Pablo Neruda
Os rios acodem
"Amada dos rios, combatidapor água azul e gotas transparentes,uma árvore de veias é teu espectrode deusa escura que morde maçãs:então ao acordares despidaeras tatuada pelos rios,e nas alturas molhadas a tua cabeçaenchia o mundo de novos orvalhos.A água te estremecia na cintura.Eras de mananciais construídae lagos te brilhavam na fronte.
De tua floresta mãe recolhiasa água como lágrimas vitais,e arrastavas as torrentes às areias- através da noite planetária,cruzando ásperas pedras dilatadas,quebrando no caminhotodo o sal da geologia,cortando bosques de compactos muros,separando os músculos do quartzo."
Pablo Neruda, in "Canto Geral" (1950)
Foto: Um dos rios de Qimper (Bretanha- França)
Tese de Mestrado: "Memória e literatura no canto geral de Pablo Neruda: reinvenção do outro e de si mesmo" de Rahissa Oliveira de Lima
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