quinta-feira, 11 de junho de 2009

Arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles "Em Nome da Terra"



Programa da RTP1,da autoria de Rita Saldanha 2008 postado muito recentemente no youtube pelo IDP
Vou iniciar hoje (mais) uma homenagem a Gonçalo Ribeiro Telles, um senhor simpático,irreverente, combativo, erudito, activista exemplar, figura proeminente na área da Arquitectura Paisagística e político, que muito tem dado à Investigação e ao Ambiente em Portugal.

Biografia
Gonçalo Pereira Ribeiro Telles (n. Lisboa 1922), arquitecto paisagista e dirigente político português.
Militou na Juventude Agrária e Rural Católica, acentuando a sua oposição ao regime nas sessões do Centro Nacional de Cultura. Com Francisco Sousa Tavares, em 1957, fundou o Movimento dos Monárquicos Independentes, a que se seguiu o Movimento dos Monárquicos Populares, assumindo-se claramente contra a ditadura. Em 1967, aquando das cheias de Lisboa, impôs-se, publicamente, contra a política de urbanização do Governo. Após a Revolução de Abril, fundou o Partido Popular Monárquico, cujo Directório presidiu, o Movimento Alfacinha e o Movimento Partido da Terra, de que é Presidente Honorário. Desempenhou o cargo de Ministro de Estado e da Qualidade de Vida no VIII Governo Constitucional, liderado por Francisco Pinto Balsemão. É dirigente da Convergência Monárquica, desde 1971.
Figura notável do ambientalismo em Portugal, é Professor Catedrático da Universidade Técnica de Lisboa, desde 1976. Assinou os projectos do jardim da Fundação Calouste Gulbenkian[1] (com o qual recebeu, ex aequo, o Prémio Valmor de 1975) e o Jardim Amália Rodrigues, junto ao Parque Eduardo VII. Foi ainda o fundador das Licenciaturas em Arquitectura Paisagista e Engenharia Biofísica, na Universidade de Évora, onde é Professor Catedrático Jubilado.

Posicionamentos e frases
Ecologia era uma palavra desconhecida em Portugal quando o arquitecto Gonçalo Ribeiro Telles, muito antes do 25 de Abril, se fez ouvir para defender o ordenamento do território e o desenvolvimento da sustentabilidade

Numa entrevista ao Planeta Diário, 2005:
As Câmaras Municipais fazem do sistema natural um espaço verde e do espaço verde uma decoração
Há a fazer uma nova política em que não deve existir mais consumo de solo vivo e solo ainda não urbano.
Estão a construir cidades só por construir e a criar não o vazio do espaço, mas o vazio do espaço construído. Os andares vazios em toda a Área Metropolitana de Lisboa apavoram-me. Continua-se a construir densamente noutras áreas. Umas esvaziam-se para se construir outras. É todo um processo de asneira e de especulação. A paisagem quer dizer país, região + agem, agir, ou seja, agir sobre a região. Quem age sobre a região, é o Homem. A paisagem é uma construção humana, feita, fundamentalmente, com materiais vivos. Há cerca de 50 anos, o que era contínuo na paisagem era o sistema natural. Tudo isto era uma paisagem, onde o sistema natural dominava, e era contínuo. As cidades eram pontos nessa continuidade de espaço natural, agrícola, florestal, de pastagens ou abandonado. Hoje, é exactamente o contrário, o contínuo na paisagem é o construído, e o pontual, é o que resta de agricultura, de espaço livre, que passou a ser descontínuo.

Alguma bibliografia
A Árvore em Portugal, 2007. Edição Assírio-Alvim, Lisboa
Plano Verde de Lisboa, 1997. Edições Colibri, Lisboa
Um novo conceito de cidade: A paisagem global, 1996. Contemporânea Editora, Matosinhos

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