O que já está (muito) ruim nos oceanos por causa das alterações climáticas caminha para ficar ainda pior – e antes do que se esperava. O sistema da Corrente do Golfo pode entrar em colapso já em 2025, sugere um estudo publicado na Nature. O fim do sistema, que impulsiona as correntes do Atlântico e determina o clima da Europa Ocidental, pode causar impactos climáticos catastróficos em todo o mundo.
Já se sabia que a Circulação Meridional do Atlântico (AMOC, na sigla em inglês) está em seu ponto mais fraco em 1.600 anos, devido ao aquecimento global. E os pesquisadores detectaram sinais de alerta de um ponto de inflexão em 2021, segundo o Guardian.
A nova análise estima uma escala de tempo para o colapso entre 2025 e 2095, com uma estimativa central de 2050, se as emissões globais de gases de efeito estufa não forem reduzidas. Evidências de colapsos anteriores indicam mudanças de temperatura de 10°C em algumas décadas, embora tenham ocorrido nas eras glaciais.
A avaliação mais recente do IPCC concluiu que a AMOC não entraria em colapso tão rapidamente. Mas o autor do atual estudo, o professor Peter Ditlevsen, da Universidade de Copenhague, disse à BBC que outros cientistas alertaram sobre o potencial de colapso do sistema de correntes marítimas.
Alguns cientistas questionaram a nova pesquisa, afirmando que as suposições sobre como um ponto de inflexão aconteceria e as incertezas nos dados subjacentes são muito grandes para uma estimativa confiável do momento do ponto de não retorno. Mas todos concordaram que a perspectiva de um colapso da AMOC é extremamente preocupante e deveria estimular cortes rápidos nas emissões.
A AMOC é um complexo emaranhado de correntes que funciona como uma gigantesca correia transportadora global. Ele transporta água quente dos trópicos para o Atlântico Norte, onde a água esfria, torna-se mais salgada e afunda no oceano, antes de se espalhar para o sul, explica a CNN.
A Circulação Meridional do Atlântico desempenha um papel crucial, ajudando a regular os padrões climáticos globais. E além de invernos muito mais extremos e aumentos do nível do mar afetando partes da Europa e dos Estados Unidos, seu colapso mudaria as monções nos trópicos.
A antecipação do colapso da AMOC foi destaque também nos POLITICO, Axios, Financial Times, CNBC, USA Today, Newsweek e RealClimate.
Em tempo: Nem mulher, nem do Sul Global. O físico escocês James Skea foi eleito para a presidência do IPCC, derrotando em segundo turno, por 90 votos a 69, a matemática brasileira Thelma Krug, informam Folha, Correio Braziliense, g1 e OC. Também disputaram o cargo a sul-africana Debra Roberts e o belga Jean-Pascal van Ypersele. Skea é um dos mais respeitados cientistas do campo da climatologia e pessoa preocupada com o Sul Global. As eleições aconteceram na 59ª sessão do IPCC, que ocorre em Nairóbi, Quénia, até a 6ª feira (28/7/2923). Nos próximos dias, serão escolhidos os três vice-presidentes do painel e os copresidentes dos grupos de trabalho que conduzirão o próximo ciclo de avaliação do IPCC.
Sem comentários:
Enviar um comentário