The Piazze Aperte (“Open Squares”) programme, launched in 2018 in Milan |
No conceito de «unidade de vizinhança» idealizado por Clarence Perry há cem anos, a escola era o elemento nuclear da vida do bairro. Gravitava em torno dela a atividade escolar das crianças, à qual se associavam os pais. As redes de amizades (dos filhos e dos pais) cresciam naquele lugar, assumindo um papel de centro social comunitário, para além da sua função educativa.
Com o crescimento urbano, a perda da centralidade espacial e funcional e a consequente erosão das relações de vizinhança, as escolas foram perdendo esse poder de agregação social na vida das comunidades.
A narrativa da cidade de proximidade recupera essa importância da escola na vida dos bairros. Surgem em várias cidades que protagonizam essa aposta - Paris, Barcelona e Milão, por exemplo - projetos que dão corpo a esse desígnio.
A título de exemplo, refiro os Rue aux ecoles, Samedis en Famille e Les cours oasis em Paris, o Piazze Aperte em Milão e os Protegim les escoles e Refugios Climáticos em Barcelona. Envolvem a criação de ruas e praças escolares sem trânsito automóvel, com mobiliário urbano adequado, espaços de jogo e zonas ajardinadas, a abertura das escolas ao fim de semana para atividades comunitárias e o repensar dos recreios como refúgios climáticos, envolvendo as famílias na sua transformação.
É muito importante a dimensão social da proximidade que visa cuidar das relações entre os vários elementos da comunidade e oferecer espaço e tempo para que se construam e reforcem. Mas também a ambiental e urbanística que protege a chegada à escola a pé e responde aos problemas ambientais da poluição do ar e das temperaturas elevadas.
Mais informação:
Perry, C. A., Heydecker, W. D., Goodrich, E. P., Harrison, S. M., Adams, T., Bassett, E. M., & Whitten, R. H. (1929). Neighborhood and community planning. New York: Regional plan of New York and its environs.
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