Relatório Oxfam 2025: Takers Not Makers
A organização não governamental britânica Oxfam lançou este ano um relatório, intitulado Takers Not Makers: The unjust poverty and unearned wealth of colonialism, no qual se mostra que as grandes fortunas estão a aumentar com cada vez mais maior velocidade. A data da sua apresentação coincide com o início do Fórum Económico de Davos onde se reúnem governantes, grandes patrões e seus defensores de vários pontos do mundo. E também com a tomada de posse como presidente dos Estados Unidos da América de um bilionário, Donald Trump, apoiado de perto pelo homem mais rico do mundo, Elon Musk.
De acordo com o estudo, em 2024, surgiram 204 novos bilionários, cerca de quatro por semana. Isto faz com que o total de bilionários no mundo seja de 2.769. Estes enriqueceram mais dois biliões de euros num ano, 5,5 mil milhões de euros por dia, o que é o triplo do ano anterior.
A concentração de riqueza é tal que os dez mais ricos viram crescer a fortuna em média perto de 100 milhões por dia e mesmo que perdessem 99% de sua riqueza da noite para o dia, ainda permaneceriam bilionários”. Isto implica a previsão de que dentro de dez anos haja cinco “trilionários”. Anteriormente estimava-se que nível inédito de riqueza só fosse alcançado por uma pessoa.
O documento revela ainda que a maior parte da riqueza dos multimilionários, 60%, se enquadra naquilo a que a organização chama “riqueza imerecida”, sendo proveniente de heranças (36%) ou surgindo a partir de monopólios ou de conexões com poderosos (24%).
Grande parte dos bilionários, 68%, concentram-se nos países mais desenvolvidos. Já o número de pessoas a viver na pobreza mantém-se estagnado desde 1990, segundo o Banco Mundial.
A ONG defende o aumento dos impostos sobre as grandes fortunas e a necessidade de criar uma política fiscal global para que “as pessoas e as empresas mais ricas paguem a sua parte justa”. E propõe também a abolição dos paraísos fiscais e a tributação das heranças, num mundo em que metade dos multimilionários estão sediados “em países sem imposto sobre as heranças para os descendentes diretos”.
Para além disso, luta pelo cancelamento da dívida dos países mais pobres, dado que “o 1% mais rico dos países do Norte Global, como os EUA, o Reino Unido e a França, extraiu cerca de 30 milhões de euros por hora do Sul Global através do sistema financeiro em 2023”, por “acabar com os monopólios, democratizar as regras das patentes e regular as empresas para garantir que pagam salários dignos e limitar a remuneração dos CEO”.
Sugere-se ainda “reestruturar os poderes de voto no Banco Mundial, no FMI e no Conselho de Segurança da ONU para garantir uma representação justa dos países do Sul Global” e que “as antigas potências coloniais devem enfrentar os danos duradouros causados pelo seu domínio colonial, apresentar desculpas formais e fornecer reparações às comunidades afetadas”.
O ideal, afirma-se, era que os governos se comprometessem na garantia de que “o rendimento dos 10% mais ricos não é superior ao dos 40% mais pobres”. A instituição insta ainda os executivos a “acabar com o racismo, o sexismo e as divisões que sustentam a exploração económica contínua”.
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