"Nasce uma fonte
Rumorejante
Na encosta de um monte,
E, mal que do seio
Da terra brotou,
Logo o seu veio,
Transparente
E diligente,
Buscou e achou
Mais baixo lugar.
Ao brotar da dura frágua,
E uma lágrima de água…
Mas esse humilde fiozinho,
Que um destino bom impele,
Encontra pelo caminho
Um outro que é como ele…
Reúnem-se, fundem-se os dois,
Prosseguem de companhia,
E fica dupla depois
A força que os leva e guia…
Junta-se aos dois um terceiro,
Outros confluindo vão,
E o regato é já ribeiro,
E o ribeiro é rio então…
Caminha sem descansar,
Circula através do mundo…
Até à beira do mar
Omnipotente e profundo."
Augusto Gil (1873-1929)
Augusto César Ferreira Gil, de seu nome completo e portuense de nascimento, o poeta da Inesquecível “Balada da Neve”, que a minha geração recitou de cor, viveu e estudou na cidade da Guarda, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e exerceu advocacia em Lisboa.
Dizem os estudiosos da literatura portuguesa que a sua poesia se insere numa perspectiva neorromântica nacionalista, influenciada por Guerra Junqueiro e João de Deus, e pelo lirismo de António Nobre. Diz ainda quem sabe, não eu que sou apenas um interessado estudioso, que na sua poesia transparecem as influências do Parnasianismo e do Simbolismo. (Ver notas anexas)
Segundo António José Saraiva e Óscar Lopes, a poesia de Augusto Gil “não pode considerar-se um produto genuinamente popular: é antes um produto da gazetilha jornalística, da graça do teatro ligeiro, da boémia intelectual de café e noitada".
Entre as suas obras destacam-se; “Luar de Janeiro” (1909), “O canto da Cigarra” (1900). “Gente de Palmo e Meio” (1913) e “O Craveiro na Janela”.
O seu nome consta na lista de poetas colaboradores do quinzenário “A Farça” (1909-1910), da revista “As Quadras do Povo” (1909) e do periódico “O Azeitonense” (1919-1920).
A 14 de fevereiro de 1920, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
NOTAS;
Rumorejante
Na encosta de um monte,
E, mal que do seio
Da terra brotou,
Logo o seu veio,
Transparente
E diligente,
Buscou e achou
Mais baixo lugar.
Ao brotar da dura frágua,
E uma lágrima de água…
Mas esse humilde fiozinho,
Que um destino bom impele,
Encontra pelo caminho
Um outro que é como ele…
Reúnem-se, fundem-se os dois,
Prosseguem de companhia,
E fica dupla depois
A força que os leva e guia…
Junta-se aos dois um terceiro,
Outros confluindo vão,
E o regato é já ribeiro,
E o ribeiro é rio então…
Caminha sem descansar,
Circula através do mundo…
Até à beira do mar
Omnipotente e profundo."
Augusto Gil (1873-1929)
Augusto César Ferreira Gil, de seu nome completo e portuense de nascimento, o poeta da Inesquecível “Balada da Neve”, que a minha geração recitou de cor, viveu e estudou na cidade da Guarda, licenciou-se em Direito pela Universidade de Coimbra e exerceu advocacia em Lisboa.
Dizem os estudiosos da literatura portuguesa que a sua poesia se insere numa perspectiva neorromântica nacionalista, influenciada por Guerra Junqueiro e João de Deus, e pelo lirismo de António Nobre. Diz ainda quem sabe, não eu que sou apenas um interessado estudioso, que na sua poesia transparecem as influências do Parnasianismo e do Simbolismo. (Ver notas anexas)
Segundo António José Saraiva e Óscar Lopes, a poesia de Augusto Gil “não pode considerar-se um produto genuinamente popular: é antes um produto da gazetilha jornalística, da graça do teatro ligeiro, da boémia intelectual de café e noitada".
Entre as suas obras destacam-se; “Luar de Janeiro” (1909), “O canto da Cigarra” (1900). “Gente de Palmo e Meio” (1913) e “O Craveiro na Janela”.
O seu nome consta na lista de poetas colaboradores do quinzenário “A Farça” (1909-1910), da revista “As Quadras do Povo” (1909) e do periódico “O Azeitonense” (1919-1920).
A 14 de fevereiro de 1920, foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada.
NOTAS;
Parnasianismo - Movimento literário surgido em França, no século XIX, representa, na poesia, o espírito positivista e científico da época, em oposição ao Romantismo. Precedeu em algumas décadas, o Simbolismo. Caracteriza-se pela sacralidade da forma, pelo respeito às regras de versificação, pelo preciosismo rítmico e vocabular, pelas rimas raras e pela preferência por estruturas fixas, como o soneto, no respeito pelos valores estéticos da Antiguidade. O nome deste movimento vem do Monte Parnaso, a montanha que, na mitologia grega era consagrada a Apolo e às musas.
Simbolismo - Movimento literário da poesia e de outras expressões artísticas, surgido em França, no final do século XIX, como oposição ao realismo, ao naturalismo e ao positivismo da época. Movido pelos ideais românticos, teve origens na obra “As Flores do Mal”, do poeta Charles Baudelaire que, por seu turno, se inspirou na obra do norte-americano Edgar Allan Poe. Fundamenta-se, sobretudo, na subjetividade, no irracional e na análise profunda da mensagem, a partir da sinestesia, ou seja, na relação de planos sensoriais diferentes, como, por exemplo, o gosto com o cheiro, ou a visão com o tacto. O nome deste movimento deriva da palavra "símbolo" que, por seu turno, radica no grego “symbolon”, com o significado de um objeto cortado ao meio.
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