terça-feira, 1 de agosto de 2023

Manifesto - Urge Mitigar as Alterações Climáticas Antropogénicas


Todos os dias, neste Verão quente que estamos a viver, a comunicação social enche o seu espaço noticioso com as altas temperaturas registadas por todo lado. Seria bom que, por arraste, trouxesse à ribalta, com a mesma intensidade e frequência, os cientistas que sabem falar sobre este assunto, visando uma política de educação sobre estas matérias, dirigida a uma população cientificamente inculta (e não só) e desinteressada dessas culturas, a que a Escola, em geral, tem dado e continua a dar diplomas, mas não deu nem continua a dar conhecimento. Há excepções, claro.
Sem menosprezar os efeitos da sociedade poluente que, lamentavelmente, nos caracteriza, vale a pena lembrar as alterações climáticas naturais que os geólogos, de há muito, puseram em evidência. Este é um dado do problema. Outro é a evidência de que já temos de estarmos a destruir, não o Planeta (esse tem vida assegurada por mais 5 mil milhões de anos), mas uma boa parte da biodiversidade e nessa parte está a humanidade.
O ritmo das alterações climáticas naturais, como se pode ver no quadro abaixo, tem sido da ordem dos milhares de anos e tudo leva crer que assim se manterá. A este ritmo, a sociedade humana sustentável, num equilíbrio possível com a natureza teria uma longevidade nessa ordem de grandeza. Acontece que a sociedade ultra consumista, que estamos a viver, está a diminuir drasticamente a duração deste ritmo, o que, posso admitir, irá criar graves dificuldades aos nossos netos. Já aqui o escrevi, a este ritmo, em associação com toda sobreexploração e poluição que estamos a causar, um dia virá em que um copo de água vale mais do que um diamante.
A bem dos nossos descendentes é, pois, preciso que os “donos do mundo” e a comunicação social (que tem aqui um papel importantíssimo) se disponham a pôr travão a este caminhar para o abismo a que estamos a assistir. Também é preciso que voltem a surgir, por todo o mundo, mais Gretas Thunberg, a menina tão mal tratada que foi por parte de inconfessáveis interesses.
Durante o Quaternário, ocorreram fortes oscilações climáticas, à escala do planeta, traduzidas em fases glaciárias que alternaram com fases interglaciárias, de que resultaram quatro glaciações: Gunz, Mindel, Riss e Würm. Diga-se que estas foram antecedidas, no Pliocénico, pelas glaciações Biber e Donau.
Nome e idade em mil anos                                                      
Pós-Glaciário 10 - presente                               
Glaciação Würm 10 - 80                                                                 
Interglaciário Riss-Würm,  80 - 140                     
Glaciação Riss 140 - 200                                                                   
Interglaciário Mindel-Riss 200 - 450                 
Glaciação Mindel 450 - 580                                                                
Interglaciário Günz-Mindel 580 - 750                   
Glaciação de Günz 750 - 1.100                                          
Estamos. pois, não o esqueçamos, desde há 10 mil anos, num período Pós-glaciário, de aquecimento global, portanto, que continuará a aquecer, até voltar a arrefecer se as condições naturais assim o determinarem. Repito dizendo que o que estamos, estupidamente, a fazer é a acelerar o ritmo natural com evidentes danos para os nossos netos.

No pico da última glaciação, a Würm, a calote escandinava avançou em território europeu até latitudes próximas dos 50º, cobrindo-se também de neves permanentes as zonas montanhosas.
Em Portugal, os gelos cobriram permanentemente os cumes das serras da Estrela, Peneda e Gerês. Na actualidade podemos encontrar evidentes registos da acção erosiva glaciária na Serra da Estrela, fortemente afectada por esta glaciação e que teve o seu pico nesta zona do País há cerca de 80 a 20 mil anos.

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