Jovem sueca alega que a conferência da ONU vai ser uma “oportunidade para líderes e pessoas no poder chamarem a atenção”
A jovem ativista climática sueca Greta Thunberg vai falhar a conferência climática da COP27, em novembro, no Egito.
A jovem critica o encontro das Nações Unidas e apelida-o de “lavagem verde”, alegando que servirá apenas para “os líderes mundiais chamarem a atenção, mentirem e enganarem”.
A ativista climática sublinha que a reunião vai ter lugar “num paraíso turístico que viola vários direitos humanos básicos”.
“Não vou à COP27 por muitas razões, mas o espaço para a sociedade civil este ano é extremamente limitado”, disse Greta Thunberg, numa entrevista durante o lançamento de seu último livro, em Londres.
“As COPS são usadas principalmente como uma oportunidade para líderes e pessoas no poder chamarem a atenção, usando muitos tipos diferentes de ‘lavagem verde’”, alegou.
A ativista acrescentou que estas reuniões “não são realmente destinadas a mudar todo o sistema”, mas incentivam o progresso gradual.
A 27ª conferência da ONU sobre o clima começa na cidade turística de Sharm el-Sheikh, no Mar Vermelho, a 6 de novembro. As manifestações públicas estão proibidas e há fortes limites à acreditação de ativistas para participarem no encontro.
Thunberg estava entre aqueles que na semana passada assinaram uma petição de uma coligação cívica e política de direitos humanos pedindo às autoridades egípcias que abram espaço cívico, liberdade de expressão e libertem os prisioneiros políticos.
A petição teve quase mil signatários organizacionais e individuais, incluindo 350.org, Amnistia Internacional e Climate Action Network, a maior rede climática do mundo composta por mais de 1.500 organizações da sociedade civil.
Muitos governos e ONGs acusam a organização de ajudar o regime do Egito, liderado por Abdul Fatah Al-Sisi, ao legitimar o governo através da conferência, apontando o dedo para os mais de 60 mil presos políticos no país.
Entre esses presos políticos está Alaa Abd El-Fattah, uma das principais vozes da revolução egípcia durante a Primavera Árabe de 2011, que derrubou a ditadura de Hosni Mubarak. No entanto, anos mais tarde, o Egito está de novo sob o controlo de um regime ortodoxo que reprime liberdade de expressão e liberdade de imprensa - segundo a ONG Reporters Without Borders, o Egito é dos países que mais jornalistas prende no mundo, situando-se no 168.º na lista de 180 países medidos (apenas à frente de países como a Síria, a China, Cuba, Irão ou a Coreia do Norte).
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