sexta-feira, 30 de setembro de 2022

Mito: Não há necessidade de deixar as bermas das estradas com ervas e arbustos

Manhattan Waterfont

Muitas pessoas pensam assim mas as boas práticas ambientais, de acordo com estudos científicos recomendam a manutenção de corredores ecológicos a ligar as localidades entre as zonas ainda rurais e as urbanas. Esses "corredores ecológicos" são justamente as bermas floridas. Solo vivo com vegetação é uma mais valia. Infelizmente muitas ervas espontâneas da Flora Vascular de Portugal Continental já só ocorrem precisamente em bermas de estradas e há espécies animais, sobretudo insetos, que dependem delas para se abrigarem, efetuarem posturas de ovos e se alimentarem. 

É dramática a redução do número de espécies nativas de ervas espontâneas e paralelamente a expansão assustadora de espécies exóticas invasoras nas bermas dos caminhos e terrenos de Portugal (ex. Erva das Pampas, espanta-lobos, tintureiras, avoadinhas, etc). 

Um dos maiores erros é a aplicação de herbicida, que contamina o solo, o outro o corte das ervas espontâneas em flor, em plena Primavera, antes da fecundação e formação dos frutos e sementes. 

Como são plantas anuais que secam e morrem naturalmente, no fim do seu ciclo de vida, se não completarem o ciclo e não largarem as sementes no solo não se renovam no ano seguinte e vão desaparecendo, acabando por se extinguir.

Uma coisa é o controle e redução das espécies invasoras das bermas, outra coisa é o corte cego e raso. As plantas não são todas iguais.

Sugiro que consulte algumas páginas aqui no Facebook, como a do FLOWer Lab , a da rede polli.NET e Lousada Ambiente para ficar a perceber melhor e ficar a par de boas práticas no que respeita à conservação das ervas e insetos polinizadores, dos quais também depende a produção alimentar. 

Na Alemanha, por exemplo, o mel urbano já rivaliza com o mel das zonas rurais e há quem defenda ser melhor pelo facto de os seus produtores não usarem pesticidas na cidade, ao contrário do que sucede hoje em dia nas zonas rurais. 

Na Alemanha, em Munique por exemplo, o teto das paragens de autocarro e topo dos edifícios é usado para semear ervas (flores silvestres) para alimentar abelhas e outros insetos. Até a Kate, nora do Rei Carlos III contratou arquitetos paisagistas para lhe fazerem um jardim de "ervas daninhas" - flores silvestres- para que as crianças inglesas possam conhecer as espécies da flora selvagem de Inglaterra.

Nós temos uma biodiversidade incrível e damos cabo dela. Mas isto está a mudar. Já vai tarde para as plantas que desapareceram, mas mais vale tarde que nunca.

Benefícios dos Corredores Verdes e de deixar que bermas das estradas tenham ervas e arbustos

Se nos focamos nos benefícios para o meio ambiente, os mais importantes são:
  • Ao haver mais áreas verdes, aumentam a biodiversidade no contexto urbano.
  • Promovem uma mobilidade não poluente: bicicletas ou patinetes, por exemplo.
  • Reduzem a poluição atmosférica e poluição acústica da cidade.
  • Ajudam na não-formação do fenómeno "ilhas de calor", reduzindo a temperatura de forma eficaz.
  • Contribuem para uma melhor gestão das águas pluviais, ou seja, a água das chuvas.
  • Um dos aspectos mais relevantes dos corredores verdes é que, além dos benefícios para o meio ambiente já mencionados, também geram benfeitorias sociais, culturais e económicas. Por exemplo: melhoram a qualidade de vida das pessoas favorecendo a atividade física e o relaxamento mental, promovem a vida cultural ao contar com auditórios ao ar livre ou edifícios para exposições e, em vários casos, são um chamariz turístico com efeitos positivos na economia das cidades.
Saber mais:

Sem comentários: