quinta-feira, 13 de novembro de 2025

Central Solar Sophia - O negócio do filho de Marques Mendes


O projecto Sophia, localizado no concelho do Fundão, prevê a ocupação de 428 hectares de Reserva Ecológica Nacional, abrangendo zonas de leitos e margens de cursos de água, áreas de risco de erosão e territórios classificados pela sua sensibilidade ambiental. O empreendimento implicará o abate de cerca de 1.500 sobreiros e afectará habitats de mais de 140 espécies de aves, incluindo a Águia-imperial-ibérica, o Abutre-preto e a Cegonha-preta — todas espécies protegidas em áreas de Reservas Naturais.

O Projecto Sophia é promovido pela empresa Coloursflow Unipessoal, Lda, cujo capital social é 1 euro, foi constituída em 27 de Maio de 2021, e é gerida por Miguel Ricardo Fernandes Lobo. O único sócio desta sociedade é a Lightsource Renewable Energy, Lda, detida por João Pedro Pinto Salazar Marques Mendes, filho de Luís Marques Mendes.

Trata-se de um investimento de grande escala (600 milhões de euros), inserido num conjunto mais vasto de empreendimentos fotovoltaicos actualmente em desenvolvimento em diversas regiões do País. A localização, no interior da Beira Baixa, tem suscitado críticas de associações ambientais e das populações locais, que alertam para o impacto irreversível sobre os solos, os recursos hídricos e os ecossistemas.

Em paralelo, o nome de João Marques Mendes, advogado, surge referido nas escutas da Operação Influencer, investigação conduzida pelo Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP). Segundo o Ministério Público, o advogado, ligado à Start Campus, participou na elaboração de uma portaria do então ministro João Galamba, destinada a viabilizar o grande centro de dados de Sines — considerado o maior investimento estrangeiro em Portugal desde a Autoeuropa. As escutas telefónicas transcritas pelo DCIAP documentam contactos entre o advogado e administradores da Start Campus, considerados relevantes para o esclarecimento do processo. A investigação assinala coordenação entre agentes públicos e privados com vista à criação de condições favoráveis à aprovação do projecto.

O projecto solar Sophia enquadra-se num contexto de expansão acelerada da produção fotovoltaica, em que a dimensão e a localização dos empreendimentos levantam questões ambientais e sociais de grande alcance. Os estudos técnicos apontam para aumento da temperatura local entre 3 e 5 graus, perda de biodiversidade, alterações na drenagem natural e degradação dos solos, com repercussões directas sobre a agricultura, as comunidades rurais e o equilíbrio ecológico da região. Prevê-se também o isolamento de pequenas povoações e a transformação definitiva da paisagem, com impactos duradouros no território e na qualidade de vida das populações locais.

O processo encontra-se sujeito a avaliação ambiental e a pareceres técnicos que determinarão a sua viabilidade final. A discussão pública em torno do projecto reflecte uma preocupação crescente com a forma como os grandes investimentos energéticos estão a ser conduzidos em Portugal e com a necessidade de assegurar que a política de transição ambiental decorre de forma transparente, equilibrada e compatível com a preservação do património natural.

O projecto Sophia, localizado no concelho do Fundão, prevê a ocupação de 428 hectares de Reserva Ecológica Nacional, abrangendo zonas de leitos e margens de cursos de água, áreas de risco de erosão e territórios classificados pela sua sensibilidade ambiental. O empreendimento implicará o abate de cerca de 1.500 sobreiros e afectará habitats de mais de 140 espécies de aves, incluindo a Águia-imperial-ibérica, o Abutre-preto e a Cegonha-preta — todas espécies protegidas em áreas de Reservas Naturais.

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